A ponte do VLT

Fonte:

A ponte de 224 metros sobre o rio Cuiabá, construída para receber o VLT, foi o local escolhido pelos comerciantes de Cuiabá e Várzea Grande para fazer o protesto contra o governo do Estado de Mato Grosso pelo descaso na tomada de decisão do Veículo Leve sobre Trilhos.

A ponte foi concebida para estabelecer a comunicação entre as duas maiores cidades do Estado, por meio dos trilhos. Um sonho de várzea-grandenses e cuiabanos. O povo escolheu a ponte porque ela representa união, vínculo, conexão.

Os manifestantes realizaram um ato público de alto nível, respeitando a limitação de pessoas por causa da pandemia. Estiveram presentes comerciantes, lideranças empresariais e de entidades, trabalhadores, candidatos a vereador de vários partidos. Todos unidos por uma causa, VLT já! Uma manifestação cívica que ficou para a história. Pessoas se confraternizando, abraçadas, negros e brancos, com camisas de todas as cores. Isso é o que chamamos de “Boa Política”. Uma festa da democracia!

Para o aguerrido líder do Movimento Cidadania Pró VLT de Várzea Grande, comerciante Valdemar Ferreira Borges, “o VLT, além de importante, tem o sacrifício da sociedade que acreditou no poder público, investiu, apoiou, porque precisa do VLT, quer o VLT. Não podemos perder esse meio de transporte que irá resolver o problema do transporte público das duas maiores cidades do Estado”.

Outra liderança que se manifestou de forma vibrante foi João Batista da Rocha, Diretor-Executivo da ACDHAM (Associação Comunitária de Habitação do Estado de Mato Grosso): “Hoje, domingo, nesse calor de 40 graus, após várias audiências públicas durante anos participando dessa luta pela necessidade desse Veículo Leve sobre Trilhos em benefício dos trabalhadores, viemos aqui para cobrar do governador a conclusão imediata dessa obra. O povo quer VLT já”.

De acordo com o especialista em VLT, engenheiro José Pícolli, “na época da construção, em 2012, foram gastos R$ 14 milhões com essa ponte, que está pronta para receber o VLT. Atualizando pelo INPC, que é o índice do contrato em 54,9%, o resultado para hoje seria de R$ 21, 8 milhões”. Esse dinheiro não pode ser jogado no lixo.

Essa é a indignação do povo cuiabano e várzea-grandense. O governo do Estado está pagando R$ 4 milhões por mês de juros pelo VLT até 2047 para nada, mesmo o VLT não funcionando. Sendo que o governo do Estado tem depositado na conta R$ 193 milhões, dinheiro suficiente para terminar a primeira etapa, do Aeroporto – Porto – Centro. Com a retomada dessa obra, serão gerados 1.200 empregos diretos e 4.000 indiretos. Em tempos de pandemia, com forte desemprego, o governo pratica um crime doloso. Uma irresponsabilidade com o erário.

A cada dia que passa os prejuízos para a sociedade só aumentam. O povo é que está sendo penalizado com o péssimo atendimento nas paradas de ônibus, com a demora, desconforto sem ar-condicionado, atraso, estresse e o calor massacrante de 40 graus, que só tende a aumentar com a emissão dos gases tóxicos dos veículos movidos a combustível fóssil.

Não há nada o que justifique o descaso e o desrespeito.

VICENTE VUOLO É ECONOMISTA, CIENTISTA POLÍTICO E COORDENADOR DO MOVIMENTO PRÓ VLT