O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, foi afastado do cargo pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) sob a acusação de organização criminosa. Ele é investigado por suspeita de envolvimento em esquemas de desvio na Secretaria Municipal de Saúde, apontou o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), nesta segunda-feira (4).
A TV Centro América entrou em contato com a assessoria do prefeito, que informou que não foi notificada da decisão até o momento.
A decisão foi tomada a partir de um pedido do Ministério Público. A decisão foi do desembargador Luiz Ferreira da Silva.
De acordo com o TJ, o prefeito pode ingressar com Agravo Interno na Turma de Câmaras Criminais Reunidas. Ele tem prazo de 15 dias para interpor recurso após ser intimado.
“Cuja finalidade específica é a sangria dos cofres públicos, através da obtenção de benefícios ilícitos, com atuação sistêmica e duradoura dentro do Poder Executivo Municipal, causando danos imensuráveis ao erário”, diz trecho do documento.
Ainda conforme o documento, as investigações começaram no dia 15 de fevereiro, quando foi identificado que os agentes públicos repetiram ações da Operação Capistrum – organização criminosa deflagrada em 2021.
As práticas criminosas foram confirmadas a partir de “inúmeras e reiteradas infrações penais que foram objeto de várias operações que recaíram no âmbito da Secretaria de Saúde de Cuiabá”, diz trecho do documento.
O relatório da decisão destaca, também, as várias operações de investigação conduzidas na Secretaria de Saúde, que revelaram indícios de fraude no sistema financeiro municipal. Confira abaixo:
- Operação Sangria – em que foi identificado um rombo de aproximadamente R$ 2 milhões;
- Operação Curare – com um prejuízo de cerca de R$ 100 milhões;
- Operação Capistrum – apresentou um desvio de R$ 16.500.650,00;
- Operação Palcoscenico – também apontou fraude em torno de R$ 730.954,43;
- Operação Hypnos – foram R$ 3.200.00,00 desviados;
- Operação Smartdog – identificou o desvio de R$ 5.160.708,45;
- Operação Overpay – o prejuízo foi de R$ 25.923.600,00;A decisão confirmou que a maioria dos desvios teria ocorrido através da contratação de empresas para prestação de serviços sem licitação. Um exemplo disso foi o ‘Caso Family’, que investigou a contratação da empresa de propriedade de Milton Corrêa, no valor de R$ 5,1 milhões.
De acordo com o registro judicial, também foi revelado um caso de superfaturamento na contratação de serviços de tecnologia, no valor de R$ 52 milhões. Além disso, houve prejuízos de aproximadamente R$ 800 milhões na contratação de uma empresa para informatizar as unidades de saúde.
Segundo o relatório, os desvios totalizam cerca de R$ 1,2 bilhão, conforme confirmado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
A Justiça determinou que o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, deve manter-se afastado do cargo por 180 dias. Durante esse período, ele não pode manter contato, de forma direta ou indireta, com servidores e agentes públicos municipais, especialmente Célio Rodrigues, Milton Corrêa e Gilmar Cardoso, ou seus familiares. Além disso, ele está proibido de frequentar as dependências e órgãos da Prefeitura de Cuiabá.
Os demais envolvidos também devem manter-se afastados da Prefeitura e dos órgãos municipais, bem como não podem manter contato entre si ou com Emanuel Pinheiro. Além disso, estão impedidos de ocupar cargos públicos.
Afastado pela segunda vez
Em outubro de 2021,a Justiça determinou o afastamento de Emanuel Pinheiro após uma investigação constatar que ele estava envolvido em uma suposta organização criminosa, voltada para contratações irregulares de servidores temporários na Secretaria Municipal de Saúde (SES-MT).
Na época, as investigações indicaram que a maioria das contrações foram feitas para atender os interesses políticas do prefeito. Na época, o chefe de gabinete da prefeitura, Antônio Monreal Neto, teve a prisão temporária decretada.
Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), as medidas foram solicitadas de forma cautelar após investigações apontarem indícios de ilegalidades na Secretaria Municipal de Saúde. O MPE não especifica quais ilegalidades seriam essas, já que o processo corre em sigilo.
Fonte: G1 MT