Professora aprovada em 1º lugar em concurso é desclassificada após diagnóstico de autismo: ‘me senti humilhada’ (vídeo)

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A professora Giulyane Santana, de 25 anos, aprovada em 1º lugar na categoria de Pessoas Com Deficiência (PCD) em um concurso da Prefeitura de Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá, não conseguiu assumir o cargo após ter sido considerada inapta pela banca avaliadora devido ao diagnóstico de autismo. A candidata está impedida de tomar posse no concurso, cuja convocação para o cargo foi publicada no Diário Oficial do município nos dias 26, 27 e 28 de janeiro.

Nessa quinta-feira (1°), a Defensoria Pública ingressou com uma ação contra o município, solicitando a imediata emissão de atestado de aptidão de sanidade e capacidade física da candidata.

g1 procurou a prefeitura de Rondonópolis para pedir um posicionamento sobre o caso, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve retorno.

Segundo o defensor público Valdenir Pereira, o resultado da avaliação da prefeitura foi baseado em um trecho do laudo médico encaminhado pela própria candidata, que dispõe que ela “evite lugares muitos cheios, se possível (em situações de interação social que não agreguem ou que não considerem prazerosas como festas cheias, bailes etc.)”.

“Não levou em consideração que esse mesmo atestado conclui que ela é plenamente capaz e apta para o exercício do magistério. Há mais de quatro ano ela atua na área, então essa conclusão da perícia é totalmente contrária às evidências”, ressaltou.

Após o resultado, a candidata ingressou com um recurso administrativo no dia 23 de janeiro, julgado improcedente no dia 26 do mesmo mês pelo município. No entanto, conforme a ação da Defensoria, o laudo emitido pela psiquiatra foi interpretado de forma errônea.

Em entrevista ao g1, Giulyane contou que quando passou pela perícia, o médico responsável disse que ela estava apta, no entanto, após sair da sala, a resposta mudou. Segundo ela, enquanto aguardava pelo documento de liberação, uma assistente social disse que ela não estava mais apta para o cargo.

A candidata ainda alega que, quando questionou se haveria alguma diferença caso ela tivesse se inscrito na categoria de ampla concorrência, uma das responsáveis no local teria dito para a jovem que não, pois ela tem ‘cara de autista’.

“Me senti humilhada. Na minha casa eu tenho muitas manias sim, mas na escola não. Na minha profissão eu entro lá como professora e não como uma menina que tem autismo, não interfere em nada no meu trabalho”, expressou.

Atuação como professora

Giulyane contou que se formou em licenciatura e em ciências da natureza pelo Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) e que atua na área há quatro anos em uma escola no município de Jaciara, a 140 km de Cuiabá.

Desde então, começou a trabalhar como auxiliar de desenvolvimento infantil (ADI) com deficientes auditivos, e como professora, por meio de contratos temporários. Ela afirma que já passou em outros concursos, como Polícia Militar (PM) e cargos técnicos, mas que tem o sonho de atuar na educação.

“Desde os meus 18 anos eu estudo para ser professora. Eu me apaixonei pela área da educação, eu vi que ali estava a chave para uma transformação do mundo. Tenho alunos autistas e eu não quero que eles passem por isso e nem se vejam como pessoas incapazes”, relatou.

Nas redes sociais, colegas de trabalhos e pais de alunos tem publicado vídeos se manifestado em favor de Giulyane. “Ela é uma excelente profissional, muito dedicada e que sempre procura inovar dentro da sala de aula”, disse uma das colegas de trabalho da professora. Fonte: G1 MT

Veja vídeo (G1):