Deputado alerta que Poconé pode repetir ‘tragédia’ de Maceió

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O drama envolvendo os moradores de Maceió, no Alagoas, com a mina de sal-gema operada pela mineradora Braskem pode se repetir no município de Poconé, em Mato Grosso. O alerta foi feito pelo deputado estadual Wilson Santos (PSDB), em entrevista à rádio CBN Cuiabá na última semana.

Mais de 60 mil pessoas que moravam em Maceió foram obrigadas a deixar suas casas devido ao afundamento do solo, provocado pela mineração. Segundo Wilson, drama semelhante pode acontecer em Poconé, pois a cidade tem cavas garimpeiras que chegam a mais de 300 metros de profundidade dentro do perímetro urbano.

Wilson esteve em Poconé recentemente devido à seca que atinge o principal rio da cidade, o Bento gomes, e constatou no local a destruição deixada pelos garimpos.

“Estive no rio Bento Gomes, que abastece as 28 mil pessoas que moram em Poconé, e que há mais de 40 dias a prefeitura não retira mais água de lá porque o rio secou. A população está recebendo água de cava garimpeira, aqueles buracos de 100 a 300 metros de profundidade que estão dentro do perímetro urbano. O que ocorre em um bairro de Maceió, poderá se repetir com Poconé, porque existem cavas gigantescas e uma dessas está fornecendo água para a população após passar por tratamento”, explicou o parlamentar.

Wilson disse acreditar que a seca no Rio Bento Gomes está ligada ao garimpo. Por isso, ele determinou que uma equipe realize um estudo ambiental para descobrir os motivos que levaram à seca do rio.

“Eu tenho uma equipe que trata de meio ambiente e vamos pedir um levantamento de todo o rio Bento Gomes, para informar com precisão. Iremos saber se tem água sendo retirada para garimpos. Isso pode somar-se com as mudanças climáticas também […], mas as suspeitas são que os mineradores estejam extraindo água do rio. Mas, para não ser irresponsável e leviano, vamos fazer um levantamento”, avisou.

Wilson alerta que a situação de Poconé é grave e terá sérias consequências no futuro.

“O caso de Poconé é grave. Quando atuei na Comissão Parlamentar de Inquérito da Renúncia e Sonegação Fiscal da Assembleia Legislativa, foi mostrado que o setor da Mineração é o setor que menos paga impostos e que mais degrada o meio ambiente. E, naquela época, sobrevoei aquela região de Poconé, é surreal e inacreditável o que está ocorrendo”, disse.

O deputado ainda mandou recado para os empresários do ramo da mineração que usam mercúrio, afirmando que o uso do metal é um incentivo à criminalidade.

“O mercúrio é proibido no Brasil de ponta a ponta, não pode ser usado nem em garimpo legal. E quem compra está compactuando com o crime, porque é contrabando ou incentiva o contrabando”, criticou.

Fonte: Estadão de MT