O Brasil tem registrado aumento nas temperaturas em diversas regiões em função de uma onda de calor que atingiu o país e, nesta semana, se tornou um dos lugares mais quentes do planeta, conforme levantamento do Climate Reanalyzer, do Instituto de Mudanças Climáticas, da Universidade de Maine, nos Estados Unidos. Nessa segunda-feira (25), o município de São Romão, no Norte de Minas, registrou 43°C, a maior do território brasileiro. A previsão é de que nesta quarta (27), a situação continue.
O mapa mostra que cidades da região Centro-Oeste têm registrado temperaturas próximas dos 45°C, incanda por uma área branca. As cidades de Porto Murtinho (MS), e Cuiabá (MT), registraram 42.9°C e 42°C respectivamente, conforme informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
De acordo com o professor de Geografia, Lucas Oliver, o aumento das temperaturas está associada a fatores como a influência do El Niño, que provoca o aquecimento das águas do Oceano Pacífico. O fenômeno faz com que uma massa de ar quente chamada de Tropical Continental ganhe força e bloqueie as frentes frias que sobem para o interior do país.
Além disso, o país vive o ‘verão térmico’, época do ano em que época em que naturalmente são registradas as maiores temperaturas do ano. Segundo ele, já havia uma perspectiva de recorde de calor, mas está acontecendo uma anomalia térmica, quando os termômetros registram até 5°C acima da média.
O especialista afirma que a expectativa é de que nesta quarta (27) uma nova quebra de recorde absoluto de temperatura aconteça, inclusive em Belo Horizonte, a depender da quantidade de nuvens, que ajudam a aliviar a sensação de calor. Porém, no final da semana, a chegada das chuvas tende a reduzir as temperaturas.
“A partir da semana que vem as chuvas voltam em grande parte do Brasil e isso vai refrescar. O calor continua, mas sem ser extremo, que são temperaturas entre 5°C e 6°C acima da média”, completa.
Chuvas
Após a onda de calor que ainda atinge o Brasil, o instituto MetSul Meteorologia prevê chuva para o Centro-Oeste e o Sudeste nos últimos dias de setembro e nos primeiros de outubro.
“A chuva aumenta em grande parte do Brasil nos próximos dez dias à medida que gradualmente começa a transição para o final da estação seca que tem seu auge no inverno para o período mais chuvoso do ano no Centro do país entre o final da primavera e o começo do outono”, informou o instituto.
Conforme o MetSul, há indicativo de chuva no período em grande parte do território brasileiro e em muitas áreas do Centro-Oeste e do Sudeste que vinham sob tempo muito seco e calor extremo com máximas acima de 40º C.
Ondas de calor serão mais comuns?
Segundo o estudo feito pela World Weather Attribution (WWA), o calor registrado no hemisfério norte em junho e julho de 2023 só ocorreu por ações da humanidade. De acordo com o estudo, esse reflexo de clima seria “impossível” sem as ações humanas que induzem as mudanças climáticas.
Isso será uma tendência? De acordo com os pesquisadores ouvidos pela CNN, sim. Se o mundo não diminuir as ações que contribuem para o aquecimento global, mudanças como as ondas de calor serão mais intensas e mais duradouras.
“Esse ano particular agora não dá mais espaço para aquelas visões céticas do aquecimento global”, explica Ricardo de Camargo, professor de Meteorologia do IAG/USP. “É indubitável: todas as evidências estão aí saltando aos olhos de todos e não há negacionismo que sustente diante de tantas alterações”.