Por: Virginia Mendes
Difícil mensurar a dor que a família da advogada Cristiane Castrilon da Fonseca Tirloni, de 48 anos, está sentindo. Quanta revolta, quanta crueldade. É impossível imaginar a dor do irmão da vítima quando a encontrou. Essa moça, que tinha toda uma vida pela frente, foi vítima de um homem que ela conheceu no dia do crime. Estamos de luto por mais uma tragédia envolvendo mulheres.
Vamos refletir, por que mulheres à exemplo de Cristiane tiveram esse trágico fim?
Não temos certeza do que aconteceu, isso quem vai dizer é a investigação, mas nada e nem ninguém tem o direito de fazer tamanha crueldade, não existe justificativa. É preciso leis mais duras, precisamos de uma resposta do Congresso Nacional, precisamos urgente de uma reforma no código penal, mas além de tudo isso, é preciso estabelecer uma cultura de respeito perante as mulheres.
A violência doméstica é um problema universal que atinge pessoas em todas as classes sociais. Ao meu ver, o maior obstáculo que enfrentamos são as leis fragilizadas em nosso país, melhor dizendo ultrapassadas. Não é possível que a violência doméstica e o feminicídio sejam tratados com precedentes de crimes comuns.
O homem precisa aceitar que quando um relacionamento termina cada um deve seguir seu caminho, que quando uma mulher não quer contato e diz não, ela não quer e pronto, dentre tantas coisas. Infelizmente isso é histórico, a sociedade foi estabelecida de maneira machista, e não estou falando isso por um discurso feminista, longe de mim. É necessário e fundamental desnaturalizar essa herança que muitos homens carregam para construir uma cultura de respeito e dignidade.
Em casa precisamos conversar com nossos filhos, mostrar para eles que ser educado e gentil é parte do caráter. A nossa cultura com relação a aceitação das mulheres precisa mudar urgente, os homens precisam participar desse debate também, isso é assunto para eles. É necessário nos debruçar sobre as causas, sobre as raízes culturais da violência e resolver esse caos de uma vez por todas.
Conforme levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS), o percentual de mulheres agredidas por parceiros em algum momento de suas vidas variou entre 10% a 56%, e no Brasil, estima-se que cinco mulheres são agredidas a cada dois minutos. Os dados mostram que em 80% dos casos, o responsável é o marido, namorado ou ex-parceiro, no caso de Cristiane ela não conhecia o criminoso.
Alerto mais uma vez, somente a Lei nº 13.104 de 2015 que prevê o feminicídio como qualificadora do crime de homicídio incluindo como crime hediondo e a Lei Maria da Penha, não são suficientes para acabar com esse ciclo de violência, precisamos de algo mais eficaz, e o mais importante, é necessário acabar com a cultura do machismo em nossa sociedade.
Deixo aqui os meus sentimentos a todos que perderam mulheres de forma tão violenta e inaceitável. Meus sentimentos aos filhos e filhas órfãos, contem comigo, estou aqui para lutar por justiça junto com todos vocês e pela memória de todas as vítimas.
Virginia Mendes é economista e primeira-dama de MT