O ex-policial Ronnie Lessa, que cumpre pena na penitenciária federal de segurança máxima de Campo Grande, volta a ser apontado como o assassino da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes, em 2018. Dessa vez, a confirmação veio Élcio de Queiroz, também preso pelo crime.
O também ex-policial militar confessou o crime depois de firmar acordo de delação premiada com a Polícia Federal e com o Ministério Público do Rio de Janeiro.
Segundo informações do Globo News, a confissão de Élcio de Queiroz foi revelada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, durante coletiva à imprensa na manhã desta segunda-feira (24). No depoimento, já homologado pela Justiça, Élcio teria dito que dirigiu o Cobalt prata usado no ataque enquanto Ronnie Lessa fazia os disparos com uma submetralhadora contra Marielle e Anderson.
Élcio disse ainda que o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido Suel, fez campanas para vigiar a vereadora. Ele participaria da emboscada, mas quem assumiu seu lugar foi o próprio Élcio. Pelo crime, os dois devem passar por júri popular, mas a data para isso ainda não foi marcada.
O delator
O ex-bombeiro acabou preso pela segundo nesta segunda-feira (24) nas ações da Operação Élpis, criada para investigar os homicídios de março de 2018, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves.
Na federal em Campo Grande
Ronnie está em Campo Grande desde dezembro de 2020, em uma cela padrão, individual, de aproximadamente 7 metros quadrados, com cama, banco, escrivaninha, prateleiras, vaso, pia e chuveiro, que fica a ala de presos protegidos pela justiça, pois foi policial. Desde então, já foi alvo de três operações policiais.
A primeira em março do ano passado, foi por envolvimento com o tráfico internacional de armas. Segundo a polícia, a quadrilha que ele integrava era especializada no envio de armas e acessórios dos Estados Unidos da América para o Brasil.
Em maio de 2022 o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Rio de Janeiro veio a Mato Grosso do Sul para prender Lessa por participar de um grupo criminoso responsável por comandar o jogo do bicho em diversos estados. O esquema revelado na Operação Calígula era parecido com o descoberto aqui pela força-tarefa da Operação Omertà.
Já em julho do ano passado, há pouco mais de um ano, Lessa voltou a ser alvo de operação contra o tráfico internacional de arma. Na última ação, ele foi acusado de enviar pelo menos dez remessas de peças de armas da Flórida, nos Estado Unidos da América, para o Rio de Janeiro.
Inicio das investigações
Ronnie está preso desde 12 de março de 2019. Mesmo antes do depoimento de Élcio, polícia já acreditava que o ex-policial estava no banco de trás do Cobalt que perseguiu o carro da vereadora e que teria feito os 13 disparos que mataram Marielle e Anderson.
Ao longo da investigação, as equipes descobriram buscas feitas pelo acusado na internet sobre uma submetralhadora HK MP5, a mesma usada na execução.
Depois da sua prisão, parentes teriam ainda se “livrado” das armas que Ronnie guardava em casa, entre elas a submetralhadora do crime. A suspeita é que tenham jogado os armamentos no mar da Barra da Tijuca. Várias buscas foram realizadas, mas nada foi recuperado. (Primeira Página)