A NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica do governo dos Estados Unidos, na sigla em inglês) confirmou que as condições para El Niño em 2023 estão dadas. Além do órgão, entidades como o Instituto Internacional de Pesquisa para Clima e Sociedade ratificam o diagnóstico. “Em 2023, El Niño muito provavelmente terá uma das ocorrências mais intensas dos últimos 70 anos”.
O que aconteceu?
Temperatura do Pacífico em maio foi a quarta maior desde 1973. Indicador é um dos usados para prever El Niño — embora possa falhar. Em 1997 e 2005, calor em maio se refletiu em ocorrência do fenômeno nos meses seguintes. Já em 1980, terceiro maio mais quente da série histórica não foi sucedido por El Niño.
Aumento das chuvas na Linha do Equador e redução na Indonésia também indicam que El Niño deve ocorrer. De acordo com o governo americano, há 84% de possibilidade da versão moderada do fenômeno, 56% para versão mais intensa, 12% para versão mais fraca e 7% de chances do El Niño não ocorrer em 2023.
Caso se confirme, El Niño deve durar, pelo menos, até o fim de 2023. Previsão é do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil. Em geral, fenômeno dura de nove a 12 meses — mas pode se estender por anos. O que é El Niño?
“O El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal e persistente da superfície do Oceano Pacífico na região da Linha do Equador, podendo se estender desde a costa da América do Sul até o meio do Pacífico Equatorial. Durante o fenômeno, que, normalmente, começa a se formar no segundo semestre do ano, as águas ficam, pelo menos, 0,5°C acima da média por um longo período de tempo de, no mínimo, seis meses. Vale lembrar que ele não tem um período de duração definido, podendo persistir até dois anos ou mais”Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
O que mais se sabe?
El Niño causa seca no norte e nordeste do Brasil e aumenta chuvas na região Sul. De acordo com Inmet, não há evidência científica de que a ocorrência do fenômeno tenha impactos no regime de chuvas das regiões Sudeste e Centro-Oeste. Mudanças climáticas não afetam ocorrência de El Niño, de acordo com cientistas da Organização Meteorológica Mundial.
Entretanto, especialistas afirmam que as transformações do clima agravam impactos do fenômeno, como calor intenso e chuvas mais abundantes. Se confirmada, ocorrência será a 11ª de El Niño desde 1983. Fenômeno foi verificado nos anos de 1983, 1987, 1988, 1992, 1995, 1998, 2003, 2007, 2010 e 2016.
Segundo cientistas, El Niño não tem regularidade para acontecer — mas se repete, pelo menos, uma vez a cada sete anos.
O que dizem os envolvidos?
As principais variáveis oceânicas e atmosféricas agora são consistentes com o desenvolvimento das condições do El Niño”Instituto Internacional de Pesquisa para Clima e Sociedade, em documento do último dia 8 Desde fevereiro, nas proximidades da costa oeste da América do Sul na região do Oceano Pacífico, houve aumento da temperatura da superfície do mar, o que sugere um início do desenvolvimento do fenômeno”. Caio Coelho, pesquisador do CPTEC/Inpe.
“O El Niño aquece as águas do Pacífico acima da média, o que altera a circulação de ventos e traz mais chuvas para o centro desse oceano e a costa da América Latina banhada por ele. Outro efeito do fenômeno é o enfraquecimento dos ventos, que esquenta ainda mais a superfície do oceano e reforça as mudanças já citadas. Quando o El Niño é mais intenso, seus efeitos e impactos se tornam mais fortes”. Emily Becker, cientista do NOAA. (Fonte: Uol)
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