Vivenciar experiências como naturista em público é desafiador para o morador de Cuiabá Walleno Machado, 41 anos, já que entre as 141 cidades de Mato Grosso ainda não há um espaço oficial para ficar desnudo e curtir o modo de vida da comunidade que defende a prática da preservação do meio ambiente, o bem-estar e o nudismo.
Porém, essa dificuldade está perto de ser resolvida com a inauguração de um espaço em Chapada dos Guimarães (67 km de Cuiabá), onde será liberado circular nu e ainda curtir a beleza natural, que é uma das marcas registradas do município, conforme apurado com exclusividade pelo HNT.
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Walleno nasceu em Belém, no Pará, e escolheu a capital mato-grossense para fazer morada há 18 anos. Quando se mudou, era iniciante no universo do naturismo, cultura que começou a explorar, inicialmente apenas por meio de revistas, após completar 20 anos. Curioso, o belenense passou a pesquisar sobre o assunto e conheceu um grupo de pessoas adepto, no período em que residia em Porto Velho, Rondônia. Eles se tornaram amigos e proporcionaram a primeira experiência naturista na prática.
“Nós programamos um encontro e curtimos essa experiência. Sinto que aqui as pessoas são super fechadas com relação ao naturismo e a nudez, alimentando um certo receio por não conhecer de fato sobre o assunto”, fala Walleno.
Uma das barreiras que o novo espaço em Chapada terá de quebrar após sua inauguração será a resistência descrita pelo naturista de Cuiabá. A população local parece ser conservadora, impressão experimentada inclusive pela reportagem, que identificou diversos chapadenses adeptos do naturismo, porém, nenhum aceitou revelar a identidade.
CONSERVADORISMO DIFICULTA EXPOSIÇÃO
A presidente da Federação Brasileira de Naturismo (FBrN), Paula Duarte Silveira, conhece bem esse pudor de tornar público ser um naturista em Mato Grosso. A líder da comunidade conta que há 10 anos dialoga com um casal de Cuiabá para formar um grupo vinculado à federação, mas a discussão não avança.
Paula admitiu que veio ao Estado em 2023 para visitar Chapada dos Guimarães e conversar com o empresário interessado em se vincular à Federação de Naturismo para abrir o espaço. “Está em fase de finalização o processo e funcionará dentro dos parâmetros da FBrN, que tem um regulamento rigoroso para que as pessoas entendam que não é só ficar pelado, é um estilo de vida, e existem valores atrelados a essa cultura”, esclarece a presidente.
Essa dificuldade de se expor é sentida por todo o país. No Brasil, segundo Paula, existem 3 mil naturistas federados, mas ela acredita que o número de naturistas espalhados pelos estados seja bem maior, chegando a 300 mil pessoas simpatizantes não vinculadas à FBrN.
“Nós baseamos essa expectativa a partir dos eventos que a Federação realiza, que acabam atraindo muitos convidados que ainda não são registrados em nosso grupo. Além desses momentos oficiais, as pessoas acabam fazendo a prática do naturismo de forma individual, em praias ou em outros ambientes mais afastados”, diz Paula. (HNT)