Consultoria propõe cronograma de 19 meses para concluir VLT de Cuiabá

Fonte: G1 MT

Iniciadas em 2012 e paradas desde o final de 2014, as obras de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na região metropolitana de Cuiabá podem ser concluídas – caso todos os esforços derem certo – em um prazo de 19 meses entre a assinatura da ordem de serviço para a retomada dos trabalhos e a fase de testes do novo sistema de metrô de superfície.

É o que sugere cronograma apresentado pela empresa de consultoria KPMG em relatório parcial de auditoria entregue à Justiça Federal em janeiro e divulgado na íntegra pela Secretaria estadual de Cidades (Secid) no último sábado (27). A empresa foi contratada mediante autorização judicial para avaliar a viabilidade de retomada do contrato de R$ 1,477 bilhão para as obras do VLT, atualmente suspensas devido a um processo em andamento na Justiça Federal envolvendo o estado e o consórcio de empreiteiras responsáveis pelas obras. Enquanto o contrato entre as partes segue judicializado, ainda não há data prevista para a retomada dos trabalhos.

Entretanto, considerando apenas o aspecto físico do empreendimento, o relatório da KPMG aponta que, caso o estado consiga solucionar junto ao Consórcio VLT as pendências referentes a desapropriações, é viável conduzir em 19 meses os trabalhos de engenharia, desde que executados paralelamente em todas as frentes de intervenção para a implantação do metrô de superfície.

19 meses
Após analisar os termos do contrato assinado pelo estado e o andamento das obras até o momento de sua paralisação, o relatório apontou que não procede a alegação do Consórcio VLT de que, caso retomadas, as obras de implantação demandariam mais 42 meses. Em 2015, o consórcio chegou a apresentar ao estado proposta de encerrar as obras do VLT em 2018.

“Concluímos como não procedente de mérito o cronograma apresentado de aproximadamente 3,5 anos”, aponta o relatório em uma de sua conclusões finais, para depois sugerir que “19 meses de obra apresentam maior aderência aos termos acordados no contrato RDC [Regime Diferenciado de Contratação, modalidade de licitação utilizada no caso], observando-se alto grau de paralelismo entre as atividades, conforme previsto na proposta original”.

Cronograma sugerido

A estratégia proposta pela KPMG consiste em realizar intervenções de engenharia simultaneamente em todas as três fases de implantação dos 22 quilômetros de trilhos e estações do metrô de superfície na Grande Cuiabá: a fase 1, entre o Centro de Controle e Operação (CCO), em Várzea Grande, e a região do Porto, em Cuiabá, trecho integrante da primeira linha; a fase 2, entre o Porto e a região do Centro Político Administrativo (CPA), também na primeira linha; e a fase 3, entre o Morro da Luz (centro de Cuiabá) e a região do Coxipó, passando pela Avenida Fernando Corrêa, parte integrante da segunda linha projetada do VLT.

Ao custo de mais de R$ 1,47 bilhão, VLT de Cuiabá não tem prazo definido para ser entregue e transtornos à população já provocaram ação contra o governador e as empresas responsáveis. (Foto: Edson Rodrigues / Secopa)Conforme cronograma sugerido, obras seriam realizadas paralelamente em todas as três fases de implantação dos 22 quilômetros de trilhos e estações na Grande Cuiabá. (Foto: Edson Rodrigues / Secopa)

Conforme a proposta, depois que a Justiça autorizasse a retomada do contrato com o Consórcio VLT, o primeiro mês serviria para os trâmites burocráticos de assinatura da ordem de serviço para a retomada da execução. Os próximos dois meses serviriam para dar início à elaboração dos projetos executivos, para a execução de desapropriações e para serviços prévios para a retomada das obras nas três frentes de trabalho.

Já a partir do quarto mês estariam em andamento serviços variados em todas as fases, como a construção de estações e terminais, realização de testes, melhoramento viário, implantação de via permanente e readequação da Ponte Júlio Müller (entre Cuiabá e Várzea Grande), entre outros. Na previsão da KPMG, todas as intervenções na fase 1 estariam concluídas no 16º mês, inclusive a realização de testes dos sistemas do VLT; nas outras fases, o último mês seria dedicado aos testes.

Retomada
Até o momento, o cronograma apresentado pela KPMG consiste apenas em uma sugestão ao governo do estado, segundo esclareceu a Secid.

Devido ao andamento do processo na Justiça Federal (no qual estado e consórcio têm se desentendido quanto a valores, prazos e outros itens contratuais), qualquer decisão por parte do estado a respeito das obras dependerá de uma manifestação da Justiça, a qual também levará em consideração o parecer final do relatório da KPMG a apontar se o sistema será ou não operacionalmente viável na região metropolitana de Cuiabá.

A reportagem tentou, mas sem sucesso, contato com o Consórcio VLT para comentar a proposta de cronograma de obras no relatório.

Além de propor o cronograma de execução física do VLT, o documento também já apontou divergência entre os valores necessários para concluir as obras e o exigido pelo consórciopara a retomada. Outro problema recentemente revelado envolvendo a obra seria o superdimensionamento do projeto: de acordo com o secretário do Gabinete de Assuntos Estratégicos do governo do estado, Gustavo Oliveira, oito vagões foram adquiridos desnecessariamente pelo estado no contrato com o consórcio.