Em razão do congelamento de verbas do Ministério da Educação (MEC) decretado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) na semana passada, a Universidade Federal de Mato Grosso encontra-se sem dinheiro para o pagamento de serviços básicos como água, luz, limpeza e segurança. A informação foi confirmada pela reitoria da instituição nesta terça-feira (07.12) que também indicou que não há caixa para o pagamento de mais de 1.700 bolsas ofertadas a estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
O reitor Evandro Soares da Silva se reuniu na tarde de ontem com o reitorado da instituição e com representantes dos servidores docentes, técnicos-administrativos e dos estudantes da Universidade para esclarecimentos sobre a real situação quanto à retirada dos recursos financeiros ocorrida no último dia 1º, e que impactam diretamente no funcionamento da Instituição, incluindo contratos de trabalho e auxílios estudantis.
No encontro, o reitor e gestores da Universidade, fizeram breve retrospecto dos cortes sofridos pela UFMT durante este ano, que acarreta um déficit financeiro para pagamento das despesas liquidadas, a curto prazo, na ordem de R$ 5,2 milhões. Hoje a Universidade tem apenas cerca de dez mil reais em conta para o pagamento de despesas, incluindo as mais de 1.700 bolsas de estudantes em vulnerabilidade socioeconômica, o que soma um montante de mais de 564 mil reais.
Conforme o professor, também sobre as despesas de energia elétrica, água, limpeza, segurança e demais serviços básicos que ficam sem recursos para pagamento, destacando que este momento se trata especificamente da ausência do recurso financeiro para o pagamento das despesas já liquidadas. Soares reforçou que foram cumpridas todas as etapas legais quanto à execução orçamentária, mas que agora resta de fato o dinheiro para o pagamento dos compromissos já realizados pela UFMT.
Corte ameaça permanência de estudantes bolsistas na universidade
Atualmente, a UFMT, por meio da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PRAE), oferece a estudantes bolsas de assistência estudantil que têm o objetivo de favorecer o acesso e a permanência dos estudantes no ensino superior, de modo a contribuir com o desempenho acadêmico e o alcance do diploma universitário. As bolsas são destinadas a estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Como conta a estudante de Jornalismo, Vanessa Araújo, os auxílios são de grande importância para os universitários como ela, que dependem deles para o pagamento de despesas essenciais para a manutenção da formação acadêmica. “Como não sou daqui e não tenho família em Mato Grosso, preciso me manter com tudo e o aluguel é uma das partes mais importantes. Com os cortes, não sei como realizarei o pagamento dessa despesa, apesar de fazer estágio, o dinheiro não é o suficiente nesse sentido, uma vez que grande parte seria utilizada para o pagamento da moradia”.
A situação tem causado preocupação nos estudantes assistidos com bolsas como de auxílio permanência, auxílio moradia e auxílio alimentação. “Acredito que todos os meus colegas que recebem os auxílios estejam tão desesperados quanto eu, isso nos coloca em uma insegurança sem tamanho, imagina não ter um lugar para morar? Essa pode ser a situação de muitos. Enfim, quero acreditar que tudo vai se resolver, mas não deixa de ser desesperador”, afirma Vanessa.
Fonte: PNB