Moradores de uma ocupação do bairro Altos Ubirajara, em Cuiabá, foram surpreendidos com uma ordem de despejo, na manhã desta quinta-feira (7). Esta é segunda vez que a ocupação recebe ordem de despejo só neste ano. Cerca de 159 famílias, são abrigadas na área de 9 hectares, em vários barracos de madeira.
O oficial de justiça José Wilson com o apoio da Polícia Militar esteve na ocupação nas primeiras horas da manhã para cumprir o mandado expedido pela 4ª Vara Cível de Cuiabá, após a decisão da juíza Vandymara Galvão Ramos Paiva Zanolo.
“Estou com o mandado de revigoramento, o que indica que não é a primeira vez que sai esse mandado. Já havia saído anteriormente e as famílias voltaram para área, por uma decisão que foi revogada e logo após foi desconsiderada. Esse mandado já esta comigo há um mês, essa ordem é para ser cumprida e qualquer reversão será feita judicialmente”, explicou.
Valderi Nunes, presidente da Associação dos moradores da Altos Ubirajara, relatou ao Gazeta Digital que ele foi surpreendido com a decisão, já que a ordem federal os acolhia até 31 de outubro.
“Estamos vendo aqui que a Justiça de Mato Grosso está passando por cima de uma ordem federal, o ministro Barroso determinou que ate 31 de outubro não era para haver nenhum tipo de reintegração de posse, então estamos sem entender”, pontuou.
A última vez que ocorreu o despejo os moradores foram alocados em um ginásio de esportes, no bairro lixeira, onde serão levados novamente pela assistência social. Sandra Oliveira da Conceição, 50 anos, que mora no local a cerca de 1 ano e 6 meses, alegou não querer voltar ao ginásio, pois considera um local desumano para ela e seus familiares e colegas.
“Da última vez fomos para a o ginásio lá da Lixeira, todo mundo ficou amontoado, homem com mulher e cachorro tudo misturado, não podia lavar roupa e nem fazer comida, eramos pressionados para sair de lá e agora temos que voltar”, questionou emocionada.
O deputado estadual Wilson Santos (PSDB) também esteve presente durante o processo de desocupação. Ele é contra a decisão e alegou estar no local para garantir que as famílias sejam retiradas de maneira civilizada.
“Eu não abro mãos, tenho 34 anos nesta luta com os sem-teto, não abro mão até o último dia da minha vida eu vou ter essa sensibilidade social com os pequenos, com os mais pobres. O meu lugar é aqui e aqui eu estou e vou permanecer, mesmo que haja despejo, minha presença física aqui é um apoio moral a todos eles”, afirmou.
Veja vídeo:
Durante a desapropriação estiveram presentes no local o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Corpo de Bombeiros e Policias militares da Força Tática, além de assistentes sociais.
Até o fechamento desta reportagem, ninguém havia saído do local e aguardavam um profissional da assistência social para acompanhar o processo.
Fonte: Gazeta Digital