Série de mortes leva Polícia a suspeitar de grupos de extermínio

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A série de mortes violentas por execução nos últimos meses, está chamando a atenção da Polícia Civil da cidade de Cáceres (225 km a Oeste de Cuiabá). Há suspeitas e indícios da existência de um “Grupo de Extermínio” na região. Mais de 20 pessoas já foram executadas, desde o início deste ano, apenas na cidade de Cáceres.

Segundo dados Secretaria de Segurança Pública (Sesp), de janeiro a abril deste ano, 305 pessoas foram assassinadas, todas por execuções.

Os números são mais acentuados ainda, se forem contabilizadas as outras mortes de crimes contra a vida humana. Crimes não classificados como execução.

Não é oficial, mas entre crimes de execução e comuns, os números da violência dos crimes contra a vida de pessoas mortas a tiros, facadas, pauladas, pedradas, por asfixia e até por envenenamento já passam dos 650 casos, nos primeiros cinco meses e 22 dias deste mês de junho, em todo o Estado.

EM CÁCERES –  A região Oeste de Mato Grosso, segundo levantamentos do DIÁRIO, é mais atingida pela violência dos crimes contra a vida, que são os homicídios e latrocínios (roubos seguidos de mortes), incluídos no Mapa Geral da Violência (MGV).

Só a Cidade de Cáceres, segundo a reportagem apurou, está vivendo momentos dramáticos, em se tratando de assassinatos por execução.

São crimes cometidos em sequência, com poucos dias de intervalos, e com uma ação criminosa muito parecida, que leva os olhares da Polícia para uma suposta atuação de grupos de extermínio na região.

Uma fonte da Polícia revelou à reportagem que o sumiço da garota Nathaly Teotônio Mariano, de 14 anos, pode estar na conta dos grupos de extermínio.

Nathaly foi sequestrada no início de janeiro deste ano, no bairro Vista Alegre, em Cáceres.

O corpo da menina só foi localizado no dia 23 de março. Elka estava enterrada em uma cova rasa, no mesmo bairro. Nas investigações, a Polícia chegou a prender um homem de 30 anos.

Ele teria sido usado como “isca” para atrair a garota e levá-la até os matadores, que ainda não foram localizados.

Dois dias após sequestro de Nathaly, em 5 de janeiro, a Polícia registrou a execução de  Eduardo Henrique de Arruda, de 23 anos, assassinado com muitos tiros.

De lá para cá, a Polícia vem registrando uma série de crimes de homicídios triplamente qualificados, por execução.

Ou seja, sem um mínimo de chance de defesa para as vítimas, a maioria sequestradas.

O sargento aposentado da Polícia Militar Abel Cebalho também está na lista dos executados neste ano. Abel levou muitos tiros, no dia 2 de março.

Entre os crimes que chamaram a atenção da Polícia, está um no qual dois pistoleiros, em uma moto, mataram a tiros – mais de dez tiros – Janilson Ribeiro Peres, de 31 anos.

O crime aconteceu na Rua Valêncio, no bairro Jardim Imperial.  No bairro Cavalhada, também foi executado Renato Silva da Cruz, de 18 anos.

O jovem levou ao menos 12 tiros de pistola, a maioria na cabeça.

ATENTADO – Mais uma vez, dois homens em uma moto dispararam mais de 20 tiros de pistolas e atingiram sete pessoas, entre elas um bebê de colo.

Duas adolescentes também saíram feridas e, entre as sete vítimas, duas sofreram ferimentos graves.

O atentado a bala foi registrado em um domingo, 16 de janeiro.

As vítimas estavam em culto, em uma igreja evangélica, na Rua Opala, no bairro Cohab Velha, em Cáceres.

ÙLTIMOS CASOS – Nos últimos dois meses, a Polícia passou a registrar um número de mortes por execução, mais do que o dobro dos casos registrados no início do ano.

Fato que passou a chamar  atenção das Polícia Civil e Militar, principalmente pelo modus operandi dos pistoleiros, que deixavam quase que uma marca registrada em todos os casos.

GUERRA URBANA – Mas foi o último caso de execução sumária que mais levantou suspeita da existência de um grupo de extermínio, no fim da tarde de quarta-feira (21).

Dois pistoleiros anunciaram um suposto assalto, mas a intenção deles era uma execução sumária.

Foram mortos, com ao menos oito tiros de pistola cada um, os mecânicos Sandro Gonçalves Perine, de 34 anos, e Arison Rafael Ramos da Silva, de 22 anos.

O duplo homicídio aconteceu no bairro Cavalhada, região da cidade de Cáceres que mais vem registrando execuções, nos últimos tempos.

Os dois bandidos chegaram a uma oficina mecânica especializada em consertos de motos.

Anunciaram um assalto, mas não roubaram nada. Muito pelo contrário, foram para os fundos da empresa e começaram a atirar contra as duas vítimas.

Sandro e Arison levaram tiros na cabeça e morreram na hora.

Os dois pistoleiros saíram do local calmos, como se nada tivesse acontecido.

Acionada, a Polícia Militar realizou rondas, durante toda à noite de quarta-feira e madrugada de quinta-feira (23), mas, logo no começo, não conseguiu pistas dos dois pistoleiros.

AS PRISÕES – Seis pessoas – quatro homens adultos e dois adolescentes – foram presos pela Polícia Militar, acusados de matar os mecânicos Sandro e Erison, na noite de quinta-feira.

As investigações, ainda preliminares, apontam para os envolvimentos dos presos acusados em envolvimento com uma facção criminosa agindo como mandante das mortes.

A Polícia Civil fez a liberação dos corpos para o IML, e iniciou as investigações ainda no local do crime.

As metas são chegar até os pistoleiros e aos motivos da execução.

A reportagem do DIÁRIO conversou com uma fonte de Cáceres e levantou que a Polícia suspeita que as mortes de Sandro e Erison são semelhantes às outras seis execuções registradas nos últimos dias na cidade.

A mesma fonte disse que a Polícia já teria levantado a suspeita, durante as investigações, da existência de grupos de extermínio agindo em Cáceres, com ramificações em outras cidades da região Oeste do Estado.

Fonte: Diário de Cuiabá