Cansaço, dores e manchas: entenda os sintomas e como se prevenir da varíola do macaco

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A varíola do macaco tem recebido atenção da comunidade médica e causado temor na população, já traumatizada pela Covid-19. A médica infectologista do Hospital Júlio Muller, Danyenne Assis, explica no entanto que a letalidade e a transmissão da nova doença são menores do que a provocada pelo coronavírus.

Porém há o risco da doença ganhar dimensão global, como vem ocorrendo com casos confirmados em grande parte da Europa e até mesmo nos países da América do Sul, como Brasil e Argentina.

O primeiro caso da varíola do macaco confirmado no Brasil ocorreu na última quarta-feira (8), em São Paulo. O infectado é um homem de 41 anos que viajou para a Espanha. Ele está em isolamento no Hospital Emílio Ribas.

Para a médica, uma lição da pandemia é o cuidado com a higiene e prevenção, o que pode colaborar para que o vírus não se dissemine tanto. “A prevenção é o maior cuidado para evitar o vírus”, diz entrevista ao MidiaNews.

Confira a entrevista na íntegra:

MidiaNews – O que é varíola do macaco e como ela se diferencia das outras varíolas?

Danyenne Assis – É uma doença de origem silvestre, em animais, mas a preocupação é que atualmente ela está se disseminando em humanos. Desde que foi descoberta em 1958, esse é o maior surto que a gente vive. Essa quantidade de casos que está havendo é o maior que já tivemos globalmente.

Em outras varíolas, a transmissão era apenas entre humanos. Só que a farmacologia é bem parecida, ambas são infecções virais. A varíola humana foi erradicada em 1980. Mas assim, clinicamente, é uma doença parecida, o mesmo reservatório.

MidiaNews – Como é a transmissão?

Danyenne Assis – A transmissão se dá por contato próximo, por gotículas de saliva, por contato com a lesão infectada. Tem sido reportada a transmissão sexual. E a preocupação também é para as gestantes, porque a doença pode ser transmitida para o feto e causar a varíola congênita.

MidiaNews – Qual o nível de gravidade? Pode levar à morte?

Danyenne Assis – No geral, é uma doença autolimitada. Os sintomas duram em média de duas a três semanas. Primeiro a pessoa pode sentir sintomas como cansaço, dor de cabeça, dor muscular, como se fosse uma gripe ou uma outra virose. Depois de alguns dias começam a surgir as lesões. Geralmente começa primeiro na face e pode terminar para o resto do corpo, inclusive na palma das mãos e na região genital. Boca e olhos também podem ser afetados.

A letalidade é bem baixa. Não tem como a gente afirmar precisamente, mas gira em torno de 1%. O valor é mais alto para crianças ou pessoas com alguma deficiência. Nesses casos a letalidade é maior.

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Varíola dos Macacos

Vírus já foi reportado confirmado ou suspeito em mais de 20 países

MidiaNews – Como é o tratamento?

Danyenne Assis –  Quando a pessoa contrai essa doença, o ideal é fazer o isolamento, geralmente 21 dias, que é o tempo das lesões cicatrizarem e a pessoa deixar de transmitir a doença.

Existe uma medicação aprovada para o tratamento da varíola dos macacos. O problema é que, como é uma doença recente, a disponibilidade dessa medicação não é global ainda. O primeiro caso detectado foi agora há cerca de um mês.

MidiaNews – Qual seria o risco de a varíola do macaco virar uma pandemia?

Danyenne Assis –  O risco de se tornar uma pandemia, uma coisa mais generalizada, como foi a Covid, é muito mais baixa porque a transmissibilidade da varíola é menor, precisa de um contato mais prolongado.

MidiaNews – Já existe casos de reinfecção?

Danyenne Assis – Isso a gente ainda não tem essa informação mesmo por conta de ser uma doença nova. Sabe-se que pessoas com mais de 40 e 50 anos já foram vacinadas da varíola na infância, então teoricamente essas pessoas teriam risco menor. Já quem tem menos de 40 já não estava mais no calendário, porque a doença tinha sido erradicada, então tem mais chances de pegar a doença.

MidiaNews – Como o nome diz, essa doença pode ser transmitida pelo macaco?

Danyenne Assis – Apesar do nome, ela não é dos macacos. Ela causa surto em primatas também, mas o reservatório é geralmente em roedores silvestres, ratazanas. A preocupação agora não é o ciclo zoonótico que envolve os animais. A preocupação agora é o ciclo humano, porque já se comprovou que existe a transmissão comunitária, que é de pessoa para pessoa.

Fonte: Midianews