A 11ª Vara Criminal de Cuiabá vai julgar o vereador e tenente-coronel da Polícia Militar, Marcos Paccola (Cidadania), no próximo dia 26 de abril. O membro da Câmara da Capital é réu por falsidade ideológica num dos processos derivados da operação “Coverage”, que apura a ação de policiais militares de Mato Grosso que teriam fraudado o registro de uma arma de fogo para “esconder seu rastro”, uma vez que ela seria utilizada em assassinatos cometidos por um PM. Essas informações são do site Folhamax.
Em sede de alegações finais, fase processual que antecede a sentença, o Ministério Público do Estado (MPMT) pede a condenação do vereador Marcos Paccola pelos crimes de falsidade ideológica e inserção de dados falsos em sistema de informação. As penas podem chegar a 17 anos de prisão.
Além do tenente coronel, o MPMT também pede a condenação do 2º tenente PM Cléber Souza Ferreira, também por falsidade ideológica e inserção falsa de dados, bem como do 3º sargento Berison Costa e Silva apenas por este último crime (a fraude nos dados).
“Verificou-se a necessidade de apagar todas as arestas do crime de falsidade ideológica, razão pela qual os acusados Ten Cel PM Marcos Eduardo Ticianel Paccola, 2º Ten PM Cléber de Souza Ferreira e 3º Sgt PM Berison Costa e Silva, agindo em co autoria delitiva, inseriram os dados falsos no sistema SIRGAF da PM/MT”, diz trecho das alegações finais, assinadas pelo promotor de justiça Paulo Henrique Amaral Motta.
O julgamento deve ser realizado pelo conselho de justiça da 11ª Vara Criminal de Cuiabá.
OPERAÇÃO COVERAGE
Um dos indícios de atuação dos quatro oficiais PMs que foram alvo da operação “Coverage” – dois tenentes-coronéis (Sadá Ribeiro Parreira e Marcos Eduardo Paccola), e dois tenentes da Corporação (Cleber de Souza Ferreira e Thiago Satiro Albino) -, é a mudança de registro de uma pistola 9mm, da marca Glock.
Um exame balístico, realizado pela Politec, constatou que a arma de fogo esta associada a pelo menos um crime de homicídio perpetrado pelo grupo de extermínio investigado na operação “Mercenários”. O tenente PM Cleber de Souza Ferreira possui o registro de autorização de carga pessoal da referida pistola Glock.
As investigações do Gaeco também apontam que um inquérito policial militar (IPM) foi instaurado para investigar o caso. O tenente PM Cleber de Souza Ferreira foi flagrado num áudio dizendo que se o IPM não tivesse ainda voltado ao Ministério Público do Estado, ele realizaria a “troca” do certificado de registro da pistola Glock – o que configura obstrução à Justiça.
Dos 4 mandados de prisão expedidos pelo Gaeco, apenas dois foram cumpridos. O tenente-coronel PM Marcos Eduardo Paccola foi beneficiado com um habeas corpus preventivo. Já o tenente PM Cleber de Souza Ferreira já se encontrava preso por suspeita de fazer parte de um esquema, que também contou com a ajuda de outros policiais, e que “facilitou” a entrada de um freezer com 86 aparelhos de telefone celular na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, em junho de 2019.
Todos já se encontram fora da prisão.
Fonte: Folhamax