O deputado estadual bolsonarista Gilberto Cattani (PSL) apresentou um projeto de Lei na Assembleia Legislativa para permitir em Mato Grosso a prática da caça esportiva. A matéria foi lida na sessão do dia 4 de janeiro. Na justificativa, o parlamentar afirma que “proibir a caça em nada resolve os problemas ocasionados pela caça ilegal e ainda retira a possibilidade de se ter uma atividade rentável para o Estado”.
Entre os objetivos da caça esportiva, conforme o projeto, estão “o fomento do esporte e o aumento da interação do homem com a natureza”.
O segundo artigo ainda lista como benefício da lei a possibilidade de controle populacional de espécies consideradas ameaças ao meio ambiente, à agricultura ou à saúde pública.
Cattani argumenta também que os caçadores legalmente licenciados “serão ferramentas importantes no combate à caça ilegal e ao tráfico de animais silvestres”.
De acordo com o texto da matéria, caso o projeto seja aprovado e sancionado, a liberação da caça será permitida tanto em áreas privadas quanto públicas, desde que haja autorização para isso.
Ficam proibidas, pelo Projeto de Lei, a comercialização de qualquer produto oriundo da caça esportiva e a utilização de instrumentos e equipamentos “em desacordo com o regulamento”.
“Atualmente, apenas o javali tem a caça permitida no Brasil. Diversos países regulamentam a caça e colhem benefícios da atividade, tais como Estados Unidos, Austrália, Alemanha, França e Argentina. Cada um apresenta uma lista de requisitos para habilitação de um caçador, mas todos possuem o espírito da caça esportiva como fomentador da conservação das espécies”, diz trecho do projeto.
No Congresso Nacional, o também bolsonarista deputado federal Nelson Barbudo (PSL), da bancada mato-grossense, é relator de um projeto semelhante, de autoria de Nilson Stainsack (PP-SC).
Tragédia ambiental
Enquanto Cattani defende liberação da caça esportiva em Mato Grosso, o estado busca se recuperar das recentes tragédias ambientais que atingiram a fauna local. Em 2020, graças aos incêndios que devastaram 20% da área total do Pantanal, pelo menos 17 milhões de animais silvestres foram mortos, segundo um levantamento realizado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). De acordo com o artigo, o número estimado indica um um impacto imediato assustador do fogo nas comunidades de vertebrados, mas ainda não refletem o total da mortalidade.
Um estudo feito pelos Ministérios Públicos de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso estima que quase a maior parte dos 22 mil focos de queimadas detectados pelo Inpe no Pantanal em 2020 foram provocadas pela ação humana.
Já em 2021, a seca dificultou o processo de recuperação do bioma, que mesmo assim mostrou força com a renovação da flora, da qual dependem muitos dos animais da região.
Fonte: RD News