‘Fila do ossinho’ na porta de açougue na Capital gera polêmica até internacional

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A ‘fila do ossinho’ na porta de um açougue no bairro CPA II, em Cuiabá, colocou a cidade em evidência nacional e até internacional em 2021, como um dos assuntos mais repercutidos na mídia. O cenáro de centenas de pessoas na porta do estabelecimento à espera de doações de ossinho com resquícios de carne comoveu o Brasil e levantou vários questionamentos.

A entrega das doações acontece há mais de dez anos, mas só este ano se tornou pública, após alguns vídeos circularem nas redes socais, mostrando a fila quilométrica na porta do açougue à espera de ossinhos. O assunto foi notícia em todo o país e ganhou manchete em alguns telejornais, estampando capas de jornais internacionais.

A fila do ossinho foi destaque no Jornal Nacional, no Fantástico e no Jonal Hoje, programas da TV Globo, estampou a capa do jornal Espanhol EL PAÍS e vários site e jornais em todo o país.

Consequentemente, a fila do ossinho ganhou repercussão no meio político. O assunto chegou até ser citado pelo ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante uma entrevista à Rádio Capital FM (101,9). Na ocasião, Lula criticou severamente o governo do presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) em relação ao aumento do valor de vários produtos alimentícios e usou a fila do ossinho como exemplo.

“O Bolsonaro tem sido muito irresponsável. Ele é como o marido que não consegue cuidar da sua família e fica culpando o vizinho. Ele deveria entender pelo menos o aumento do preço, deveria entender que em Mato Grosso, estado que mais cria gado no Brasil, tem gente na fila do açougue pegando osso”, disse o ex-presidente.

FILA DO OSSINHO

A equipe do HNT conversou novamente com a empresária Samara Rodrigues e Oliveira, dona do açougue que distribui os ossinhos. Ela contou que a fila e as distribuições contiuam do mesmo jeito. E que a repercussão na mídia não mudou em nada sua rotina em relação às doações, pois o trabalho já vinha sendo feito há mais de dez anos, mas só agora a sociedade tomou conhecimento, quando viralizou na mídia devido ao volume de pessoas na fila, que aumentou durante a pandemia.

“Não mudou nada para mim, porque já faz mais dez anos que faço isso e, no meu ver, não mudou nada. Para a glória de Deus, foi só para sustentar mais nossa ação solidária e ver que as pessoas precisam e que a gente precisa olhar mais para o lado. Agora, tudo tem um lado bom e lado ruim, muitos pegaram a situação para atingir uns aos outros, como é no caso da política, a mídia. Já outro lado vieram outros e se comprometeram em ajudar as famílias e estão cumprindo a palavra até hoje, por exemplo o governo do Estado”, conta Samara.

Com a repercussão na mídia, várias empesas, políticos e pessoas anônimas procuraram a empresária para ajudar as famílias que buscam por doações na porta do estabelecimento. A primeira dama do Estado, Virginia Mendes, por meio da Secretária de Assistência Social e Cidadania (Setas), esteve na fila do ossinho doando cestas básicas e kits de higiene. Ela ainda se comprometeu a destinar todos mês 300 cestas para serem distribuídas às famílias.

Já o governador Mauro Mendes (DEM) lamentou a fila do ossinho ter tamanha proporção e as dificuldade de algumas famílias, por não terem o básico para alimentação. Ele afirmou que o governo nunca fez tanto pela assistência social de Mato Grosso como atualmente, cobrando atitudes do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), em relação à assistência àss famílias da fila do ossinho.

“Hoje, atendemos cerca de trezentas famílias, o número realmente aumentou durante a pandemia. Mas é um trabalho que a gente já fazia há mais de dez anos, essa repercussão toda que deu para nós não mudou nada, a gente continuou fazendo nosso trabalho de doações, a diferença é que agora a gente tem a colaboração de cestas básicas, que são doadas pela Setas, que foi um compromisso que a primeira-dama fez com a gente”, reforça a empresária.

Samara destaca que sempre fez as doações pelo bem ao próximo e que sempre procura olhar as pessoas com igualdade, compaixão e empatia.

“Hoje, atendemos no mínimo 300 pessoas e eu tenho certeza que se aparecerem 500, a gente também vai ter condições de atender. O que mudou nossa vida é só mais empatia pelas pessoas, sem demagogia, mas as pessoas precisam ter mais amor pelo próxmo, mais compaixão, não sabemos o dia de amanhã. Quem tem e pode ajudar, ajude, olhe para lado, se todo mundo tiver essa consciência, o mundo vai ser melhor”, finaliza Samara.

A açougue Atacadão da Carne faz a distribuição do ossinho duas vezes por semana, nas segunda e quintas-feiras. Cada pessoa leva quase 3 quilos de ossinhos para casa.

Fonte: Hipernotícias