Um homem de 54 anos foi preso na madrugada de terça-feira (21) acusado de agredir e tentar matar a filha de 15 e uma tia dela em Diamantino (a 202 quilômetros de Cuiabá). O suspeito, identificado pelas iniciais E.O.A.S, também é investigado por estupro de vulnerável cometido contra a menor.
De acordo com o boletim de ocorrência, a adolescente, que tem uma medida protetiva contra o pai, estava dormindo com a tia, com quem mora atualmente, e ambas foram surpreendidas durante a madrugada por um homem encapuzado. Mais tarde se saberia que o homem era seu pai.
O homem, segundo o documento, pulou a janela do quarto e, com uma ferramenta – do tipo pistola finca pino –, agrediu a menor com golpes na cabeça, naquilo que a princípio pareceu um assalto.
Durante a abordagem, com a arma apontada para a mulher e uma faca em direção a menor, o homem, segundo o B.O, obrigou a adolescente a amarrar a tia com fita adesiva.
No B.O. consta que o invasor ainda passou as mãos nos corpos das duas enquanto as ameaçava dizendo que iria matá-las. Elas foram violentamente agredidas.
Conforme o boletim de ocorrência, em determinado momento a menor reconheceu o homem como sendo seu pai. Já a tia conseguiu se desvencilhar das fitas que a prendiam e ambas começaram a lutar com o agressor.
Em determinado momento ele foi rendido e imobilizado pelas vítimas. Quando a Polícia Rodoviária Federal chegou no local, o agressor estava “deitado no chão, vigiado pelas vítimas e seus parentes”.
O agressor apresentava ferimentos no rosto e comportamento hostil, segundo os policiais. As duas mulheres, por sua vez, estavam bastante ensanguentadas.
A residência, à beira de uma rodovia em Diamantino, é conjugada a um restaurante de propriedade da família. No pátio do estabelecimento dormem muitos motoristas. Alguns deles viram o agressor acompanhado de uma mulher pouco antes da invasão. A mulher seria a mãe da menor, esposa do acusado.
Durante rondas pela região, a Polícia Civil localizou o pai e o encaminhou para a Delegacia. Ele foi autuado em flagrante pelos crimes de tentativa de homicídio e estupro, além do descumprimento de medida protetiva.
Início das tensões
Na medida protetiva, determinada pelo juiz Raul Lara Leite, da 1ª Vara Cível de Diamantino, consta que o crime de estupro pelo qual E.O.A.S é investigado foi denunciado após a menor ser agredida pelo pai no dia 15 de novembro.
Conforme a decisão judicial, assinada no dia 17 de novembro, a menor informou que o pai a agrediu por ciúmes de mensagens que ela recebeu no celular. O homem a teria agredido em frente de parentes, após ler as mensagens.
De acordo com familiares, que preferiram não se identificar, o homem agiu como um “namorado ciumento”. Os relatos apontam que a menor foi arrastada pelo restaurante e agredida dentro de um quarto, com socos e uma botina.
Ao ser atendida em uma unidade médica, a menor, segundo consta na medida protetiva, relatou que o pai pratica abusos sexuais – com penetração – desde janeiro deste ano, enquanto ela ainda tinha 14 anos.
Antes disso, desde seus 7 anos, o agressor teria iniciado outros tipos de abusos. Ele a teria aliciado passando as mãos em seus seios, dizendo: “Está crescendo hein filha e falava que era cuidado, [que] ninguém mais podia passar a mão na declarante a não ser ele (genitor), quando foi na idade de 14 anos seu genitor praticou ato sexual de penetração sem consentimento da mesma”, consta no documento.
A vítima contou que dormia sozinha em um quarto e seu pai entrava e praticava o crime. Ele ainda a ameaçava dizendo que, se ela contasse algo, ele a mataria e cometeria o suicídio.
Consta ainda que E.O.A.S tem em seu aparelho celular imagens dos dois nus “praticando ato sexual”. A mãe da adolescente, identificada pelas iniciais J.F.B.S, a teria abandonado após descobrir o crime, e ficado ao lado do marido, deixando a filha com parentes do acusado.
A menor alegou ainda que sua mãe a ameaçou de morte caso ela retornasse para Cuiabá, onde morava com a família. “Seu genitor irá te matar”, dizia, consta em trecho da medida protetiva.
O magistrado, ao analisar o testemunho, decidiu a favor da garota. “Verifico a necessidade de se aplicar medidas urgentes de caráter preventivo em favor da menor, a fim de inibir qualquer tipo de violência – física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, que por ventura venha a sofrer diante da plausibilidade do direito”, diz trecho do documento.
E.O.A.S foi expressamente proibido de se aproximar ou manter contato com a “suposta vítima, seus familiares e testemunhas, devendo manter se afastado por uma distância mínima de 300 (trezentos) metros”.
Em um boletim de ocorrência registrado no dia 16 de novembro, a mãe da menor, J.F.B.S, afirmou que, até aquele momento, não tinha ciência do crime.
Em outro depoimento, prestado na noite do dia 21 de dezembro, ela negou ter qualquer participação na agressão contra a filha e a tia da menor. Afirmou que recebeu uma ligação do marido, dizendo que ele iria para Diamantino e “faria justiça”.
J.F.B.S, segundo o documento, disse que ainda tentou dopar o marido para evitar que ele fosse até lá. Como não conseguiu, decidiu ir com ele.
Quando chegaram no local, E.O.A.S teria ido em direção às residências das vítimas. A mãe da menor alegou que ficou no carro e depois fugiu com medo do marido.
Após ser ouvida, a mãe. Já o acusado foi teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.
A Polícia Civil investiga o caso.
Fonte: Midianews