Autorizar a licitação de uma ponte com 1.429 metros de extensão e que exige a realocação de um trecho de 60 quilômetros de rodovia não é um projeto qualquer. E foi exatamente isso o que fez o governador Mauro Mendes, na segunda-feira (6). Essa obra, prevista para ser concluída em três anos ao custo de R$ 280 milhões será o pulmão da grande rodovia Leste-Oeste que ligará Colniza ao Pará; mudará o perfil econômico das 12 cidades no percurso; e será o pontapé para a interligação de Rondônia e Amazonas com Mato Grosso por uma rota alternativa, mais curta e atraente, e que também será um corredor entre aqueles estados e a região paraense de Santarém, Itaituba e Novo Progresso.
Acompanhado por prefeitos de municípios no eixo de influência da Leste-Oeste e deputados estaduais e federais, Mauro Mendes deu o sinal verde para a construção da maior ponte de Mato Grosso, com 1.429 de extensão, sobre o rio Juruena, nos limites de Nova Bandeirantes e Cotriguaçu, o que aposentará a balsa que navega 3,8 quilômetros em cada sentido para assegurar a ligação da região Noroeste (Cotriguaçu) com o Nortão (Nova Bandeirantes) e vice-versa. Por falta de ponte as duas regiões permanecem de costas uma para a outra.
O anúncio da ponte sinaliza que paralelamente a ela o governo estadual também investirá na malha viária que a alimentará e que é formada pelas rodovias estaduais 170, 418, 208 e 419, e que será preciso pavimentar a BR-174 que também integra essa malha. A distância de Colniza à divisa com o Pará, na BR-163, em Guarantã do Norte, é de 575 quilômetros, com 250 pavimentados. No trajeto será preciso construir uma ponte sobre o rio Teles Pires no limite de Carlinda e Novo Mundo.
Mauro Mendes assina a ordem para construção de ponte no Juruena
O eixo de influência da Leste-Oeste é formado por 12 municípios que juntos somam 257 mil habitantes, com destaque para Alta Floresta, com 52.105; Colniza, 41.117; Guarantã do Norte, 36.439; Aripuanã, 23.067; Cotriguaçu, 20.717; Juruena, 16.811; e Nova Bandeirantes, 16.052. A região é a principal geradora de energia elétrica em Mato Grosso; a usina hidrelétrica Teles Pires, no rio do mesmo nome, em Paranaíta, com cinco turbinas, gera 1.820 MW, energia suficiente para a demanda residencial de cinco milhões de consumidores. Esse eixo tem grande rebanho bovino e as lavouras mecanizadas ocupam importantes áreas; nele há plantas frigorificas bovinas e laticínios; e são grandes as reservas minerais que incluem ouro, zinco, cobre e chumbo. Alta Floresta foi um dos polos brasileiros de extração de ouro pela atividade garimpeira. Com a exaustão do metal pelo garimpo e sua substituição pela mineração ocorreu êxodo populacional. Por isso, o prefeito Chico Gamba sabe o quanto é complicado administrar município atingido por tal mudança de matriz econômica. Com a Leste-Oeste Gamba acredita que Alta Floresta deverá reassumir a condição de cidade com explosão populacional, como aconteceu nos anos 1980, no auge do garimpo do ouro.
Com a Leste-Oeste os municípios em seu eixo ganham uma rota mais curta aos portos do Arco Norte em Miritituba, de Itaituba, e Santarém, ambos no Pará. A rodovia também facilitará o mercado inter-regional com Juína, Brasnorte, Nova Canaã do Norte e Colíder, todas em outras regiões. Até então, cidades iguais a Apiacás, Aripuanã, Colniza e Cotriguaçu enfrentam isolamento, sobretudo no período das chuvas na Amazônia Mato-grossense, de novembro a abril, em razão da precariedade das rodovias encascalhadas. A travessia do rio Juruena entre Nova Bandeirantes e Cotriguaçu não é feita em linha reta como normalmente acontece nos demais rios. A balsa que liga as duas margens navega por 3,8 quilômetros por falta de opção para atracar. O período gasto no percurso reduz o número de viagens diárias, e por segurança não há movimentação da embarcação no período noturno.
Num segundo momento, com a pavimentação da BR-174 e de outras rodovias federais em Rondônia e Amazonas, será possível interligar esses dois estados aos municípios do eixo da Leste-Oeste.
A distância de Colniza a Machadinho D’Oeste (RO) é de 405 quilômetros, e o trajeto de Machadinho a Ariquemes, à margem da BR-364, tem 150 quilômetros. A rodovia cruza o distrito de Guariba (de Colniza) e tem trânsito intenso, uma vez que a base populacional daquela cidade mato-grossense é formada por rondonienses. A plenitude da Leste-Oeste dependerá do avanço do asfalto até Ariquemes.
A ponte, como reconhece Mauro Mendes, tem custo financeiro elevado, mas seu alcance social é bem maior, porque a mesma se transformará em fator de desenvolvimento econômico regional criando perspectivas de surgimento de outras matrizes econômicas para Apiacás, Paranaíta, Nova Monte Verde, Carlinda, Novo Mundo e Nova Bandeirantes, que perderam impulso com o fim do garimpo de ouro que movimentou a economia daqueles municípios no ciclo do garimpo, do final dos anos 1970 a meados da década de 1990.
Fonte: Diário de Cuiabá