Centro de referência de AVC em Cuiabá aposta em tratamento rápido

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Inaugurado em agosto de 2019, o programa Rede SOS AVC em Cuiabá (MT) já se tornou uma referência nacional no tratamento e atendimento de pessoas vítimas de acidente vascular cerebral. De acordo com a coordenadora do programa, Andrea Bianchi Linhares, aproximadamente 1.100 pessoas já foram atendidas no centro.

A coordenadora do programa afirma que o sucesso se deve ao fato de a equipe ter se especializado principalmente no tratamento precoce do paciente, assim que os primeiros sintomas surgem.

Segundo ela, para uma pessoa com sinais ou sintomas de AVC, o tempo e a qualidade no diagnóstico são fundamentais para o estabelecimento do tratamento adequado. O prazo para a administração de trombolítico —medicamento que atua na dissolução de um trombo ou coágulo sanguíneo—, por exemplo, é de quatro horas e meia após o início dos sintomas.

“Por isso, ter os dados corretos é fundamental para a eficácia do atendimento. Precisamos saber sobre o déficit motor e a perda de fala do paciente. Precisamos de detalhes também sobre medicação e sua condição de saúde.”

O centro de referência atende as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), as Policlínicas e o Samu (Serviço Atendimento Móvel de Emergência) da capital do Mato Grosso.

Quando chega ao local, o paciente é hospitalizado e passa por tomografia para identificar se há algum tipo de sangramento. “Desde o início, nós temos no máximo sete horas para realizar a trombectomia mecânica eficaz do paciente”, afirma Linhares.

Trombectomia mecânica é a técnica usada para desobstruir vasos sanguíneos acometidos pelo AVC. O médico introduz um cateter, que vai até o ponto de oclusão responsável pelo acidente vascular cerebral. Em sua ponta há um stent, tubo capaz de aderir ao trombo e resgatá-lo, desobstruindo o vaso sanguíneo.

Em 2020, o programa fez 751 atendimentos — neste ano, já foram 351. A equipe é composta por 14 pessoas, entre médicos, enfermeiros e técnicos, além de quatro residentes. “No ano passado ficamos uma semana no centro de referência do Rio em um treinamento. Todo mundo que entra tem que passar por esse processo”, diz Linhares, sobre a capacitação dos profissionais.

A coordenadora afirma que a ideia de se fazer um centro de referência em AVC surgiu após ela perceber que na capital mato-grossense o foco da gestão eram apenas os problemas cardiológicos. “Antes, dava-se atenção à cardiologia, mas não ao acidente vascular cerebral. Então decidimos propor um projeto para nos especializarmos também em atendimento de AVC.”

De acordo com a especialista, a rede foi inspirada em um centro especializado de Joinville (SC). “Nós fomos conhecer como era feito o tratamento naquele município, que se tornou referência mundial na área. Eles se especializaram durante a década de 1990”, conta ela.

A Rede SOS AVC funcionava no Hospital Municipal São Benedito. Desde março deste ano, porém, o centro se mudou para o Hospital Municipal de Cuiabá, já que o antigo endereço passou a atender exclusivamente casos de Covid-19 durante a pandemia.

No primeiro ano do programa, em 2019, foram atendidas cerca de 140 pessoas, sendo que 125 foram salvas —destas, mais de 85 tiveram os riscos de sequelas permanentes diminuídos em 92%.

Maria Regina Nascimento, 62, acompanhou o tratamento de seu marido, Célio, 60, em julho deste ano. “Desde que chegamos de ambulância, uma equipe já iniciou o tratamento e outra veio conversar comigo, me tranquilizando e pedindo informações”, lembra ela.

“Eles o encaminharam para uma sala especializada para realizar os exames. Nós ficamos nove dias no hospital porque o médico nos disse que ele só sairia de lá depois que fossem descobertos os motivos do AVC”, afirma.

Para Maria Regina, o apoio emocional e a atenção com o que seu marido foi tratado foram fundamentais para recuperação dele. “Depois voltamos em agosto para uma consulta e temos outra marcada para dezembro. O tratamento que recebemos nos dá força para enfrentar esse tipo de situação”, diz.

Fonte: Diário de Cuiabá