A Polícia Federal cumpre na manhã desta sexta (20) mandados de busca e apreensão em endereços do presidente da Aprosoja, Antonio Galvan, do cantor Sérgio Reis e do deputado Otoni de Paula (PSC-RJ).
As medidas foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e solicitadas pela Procuradoria-geral da República.
Segundo a PF, o objetivo das medidas é apurar o “eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes”.
Ao todo são cumpridos mandados de busca e apreensão em 29 endereços, em seis estados: Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Ceará e Paraná. Em Mato Grosso, o mandato foi cumprido na casa do presidente da Aprosoja, Antônio Galvan, em Sinop (500 quilômetros de Cuiabá). Galvan não estava em casa.
À reportagen, Galvan confirmou que os policiais foram até sua casa e não encontraram nada. O presidente da Aprosoja considerou a ação como uma “intimidação” contra o movimento do dia 7 de setembro. “Estou no grupo dos líderes do Movimento Brasil Verde Amarelo. Intimidação pura. Agora que o movimento vai pegar fogo. Vai ser ainda maior”, disse.
Galvan entrou na mira da Polícia Federal depois que o cantor Sérgio Reis afirmou que os produtores de soja estavam financiando os atos a favor de Jair Bolsonaro e contra o Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 7 de setembro.
Sérgio Reis almoçou com Bolsonaro e com o presidente da Aprosoja, Antonio Galvan, na semana em que convocou o movimento do 7 de setembro em Brasília.
Depois do encontro, ele enviou um áudio para um amigo, “Marcelão”, em que detalhava o apoio. Reis disse que se reuniu com 40 plantadores de soja, “os grandes do Brasil”, e que eles tinham bancado “a ida de 400 índios para Brasília e eu, bancaram tudo e eu apresentei 400 índios para o Bolsonaro”.
Os mesmos produtores pagariam os custos da manifestação de 7 de setembro. Segundo Reis, caminhoneiros parariam estradas. E foi além: os manifestantes invadiriam e “quebrariam” o STF caso o Senado não afastasse os magistrados da Corte em 30 dias.
A revelação de Reis rachou os produtores de soja. O ex-senador Blairo Maggi, um dos maiores produtores de soja do mundo, afirmou que Galvan não poderia usar a entidade para apoiar o ato. Disse que uma paralisação de caminhoneiros seria “uma tragédia” e colocaria o Brasil “de joelhos”.
A Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja), que até então não tinha se manifestado, agora nega que esteja financiando o protesto.
Em nota, a Aprosoja afirma que “sempre defendeu de forma peremptória o Estado Democrático de Direito e o equilíbrio entre os Poderes da República e continuará a ter a mesma postura republicana”.
Diz ainda que “não financia e tampouco incentiva a invasão do Supremo Tribunal Federal ou quaisquer atos de violência contra autoridades, pessoas, órgãos públicos ou privados em qualquer cidade do país”.
SÉRGIO REIS – Sergio Reis entrou na mira do STF após defender em um áudio gravado o afastamento dos ministros da corte pelo Senado Federal. No áudio, uma conversa com um amigo que veio a público no fim de semana, Reis disse que “se em 30 dias não tirarem os caras nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra. Pronto. É assim que vai ser. E a coisa tá séria”.
Reis também falou de uma reunião que teve com o próprio presidente Jair Bolsonaro e com militares “do Exército, da Marinha e da Aeronáutica”, em que informou o que faria.
“Se em 30 dias não tirarem os caras nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra. Pronto. É assim que vai ser. E a coisa tá séria”, afirmou o cantor.
Fonte: Diário de Cuiabá