Primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho (DEM), criticou visita do ministro da Saúde Marcelo Queiroga, que esteve em Mato Grosso no final da semana passada, porém sem trazer nenhum recurso. Botelho cobrou verba federal para a construção de um novo pronto-socorro para Várzea Grande.
“Eu falei com ele: ‘ministro, para nós melhorarmos a Saúde precisamos de recurso. O senhor tem que trazer. Várzea Grande precisa de um novo Pronto-Socorro. Já que você diz que quer fazer de Mato Grosso uma das melhores saúdes do Brasil, comparada ao agronegócio, é hora do senhor botar a caneta, trazer dinheiro […] Porque se não anunciar recurso, só veio aqui para fazer ôba-ôba e comer peixe, que é muito bom”, cobrou o primeiro-secretário.
A declaração foi dada após Botelho participar de um almoço na Cidade Industrial, com o ministro e diversos políticos de Mato Grosso. Na ocasião Queiroga já havia visitado Rondonópolis e depois cumpriu agenda em Cuiabá. Durante a visita, o ministro não citou recursos novos, apenas a intenção de construir uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Várzea Grande. Ela levaria o nome do filho do senador Jayme Campos (DEM), Jayminho, que morreu em 2004.
“Conversei com o senador Jayme Campos sobre a possibilidade de construir uma UPA que é importante. O segredo é trabalharmos juntos contra nosso único inimigo que é o vírus”, disse o ministro.
Conforme noticiou O Bom da Notícia, o deputado Lúdio Cabral (PT), também criticou o ministro bolsonarista. “O ministro não tinha o que fazer aqui em Mato Grosso. Veio dar mal exemplo isso sim. Causou aglomeração em Rondonópolis e Cuiabá. Além disso, autoridades públicas, governador, prefeito, deputados estaduais e federais todos juntos, aglomerados com o ministro, só pra fazer festa. Absolutamente equivocada a presença do ministro só gastando dinheiro público”, pontuou Lúdio Cabral.
Mendes volta a afagar Bolsonaro
Preocupado com a eleição de 2022 e pensando na ‘resistência’ bolsonarista que existe em Mato Grosso, o governador Mauro Mendes (DEM) começou a se reaproximar, mesmo no pior momento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)nas pesquisas de intenção de votos. Mauro Mendes, que já criticou o presidente e seus assessores em mais de uma ocasião, fez questão de enfatizar que sempre se considerou alinhado ao Planalto.
No discurso, Mendes adotou um tom novo, que já há algum tempo não era adotado por ele ao comentar sobre o presidente.
“O senhor ministro Marcelo Queiroga assumiu uma situação bastante delicada, como tem sido a situação da pandemia em todo Brasil, e a gente vê muitas pessoas nesse país, uma parte da imprensa, que critica muito o presidente, que critica muito os governadores, que critica muito os prefeitos. E claro, que como todos, eu acredito muito nisso e vejo o esforço que o presidente faz […] O Estado abriu 600 leitos, é verdade, mas nós temos que dizer e reconhecer que uma parte desses leitos são financiados pelo presidente, pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. Então, eu observo aqui nas minhas palavras, agradecendo a sua presença ministro, o senhor é sempre bem-vindo aqui no estado do Mato Grosso, leve o nosso abraço ao presidente Jair Bolsonaro”, disse Mendes.
A nova postura do governador, que já há algum tempo vinha evitando criticar o presidente, agora é de nítido apoio e adesão ao projeto de Bolsonaro. Além das eleições, uma das razões disso é o fato de Mendes ter visto como Emanuel Pinheiro se aproveitou das farpas trocadas entre Emanuel e Bolsonaro para poder colar no governo federal.
Vale a pena relembrar
Mauro Mendes já foi refém de fake news espalhadas por grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que o colocaram em uma verdadeira saia justa. Em uma delas, o governo do Estado aparece como tendo sido beneficiado com R$ 15 bilhões em recursos do governo federal para combater a pandemia.
Ao rebater os boatos, Mendes também já criticou políticos bolsonaristas, aos quais ele chamou de ‘bestas do apocalipse’. Em uma dessas ocasiões, o governador se referiu diretamente ao deputado federal José Medeiros (Podemos), conhecido por ser homem de confiança do clã Bolsonaro.
Em carta publicada nas redes sociais, Mendes mostrou que o estado havia recebido, na verdade, R$ 5 bilhões em 2020 em recursos emergenciais. Em março deste ano, a situação se tornou ainda mais tensa e Mauro Mendes criticou a condução de Bolsonaro durante a pandemia. Na fala, o governador disse que o ‘modelo mental’ do presidente prejudicou o país.
“Nosso Estado tem sim um grande número de pessoas simpáticas à forma dele de atuar e às coisas que ele diz e, seguramente, isso influencia. A gente vê aí nas regiões do agronegócio as pessoas não querem ouvir falar sob hipótese alguma em distanciamento e paralisação. Isso é um direito que as pessoas têm, mas tem consequências, temos um grande número de mortes em função disso”, afirmou.
Bolsonaro também não poupou Mendes quando, incomodado com a cobrança sobre pavimentação de rodovias, decidiu retrucar.
“Tem um governador, de Mato Grosso, juntamente com alguns senadores, dando pancada em mim por causa de uma rodovia, acho que é a 282, que passa por dentro de uma reserva indígena e não está asfaltada, só que a justiça decidiu que não pode asfaltar a estrada” afirmou.
Fonte: O Bom da Notícia