Setores importantes da sociedade civil são favoráveis ao retorno das aulas no sistema híbrido em Mato Grosso, durante reunião realizada na tarde dessa quinta-feira (20.05) na Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT). O evento teve a presença de representantes do Ministério Público do Estado, Assembleia Legislativa, Conselho Estadual de Educação, União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Fórum Estadual de Educação e Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso.
Conforme o plano de retomada das aulas na rede estadual de ensino na modalidade híbrida, do dia 31 de maio a 04 de junho será realizada a semana de acolhimento aos professores e alunos. A partir do dia 07 de junho, iniciam as aulas e o revezamento entre os estudantes.
Secretário de Estado de Educação, Alan Porto destacou problemas educacionais provocados por causa do tempo fora da sala de aula, como as dificuldades no aprendizado, e os impactos sociais. “O conhecimento é a chave para a gente sair dessa pandemia. E as crianças estão ficando dentro de casa e não estão tendo acesso a esse conhecimento. Existe uma inversão. Enquanto outros países estão priorizando a educação, o retorno a suas atividades, aqui no Brasil a gente vê isso ao contrário. Então isso é muito grave”.
O promotor de Justiça Miguel Slhessarenko disse que o Ministério Público tem acompanhado com bastante preocupação o desenvolvimento da educação desde o ano passado. Ele reconheceu que há grande impacto na aprendizagem dos alunos por causa do tempo de ensino remoto e que existem condições atualmente para a volta às aulas. “O Ministério Público apoiará o retorno e vai fiscalizar”.
Presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Wilson Santos disse que não vê mais nenhum obstáculo para que os estudantes possam voltar à escola, desde que respeitadas todas as medidas de biossegurança, e que os números de casos e mortes por Covid-19 têm diminuído no estado. “Estou convencido de que chegou a hora de voltar às aulas”, declarou.
Orientações
O presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE), Gelson Menegatti Filho, disse que a instituição criou no ano passado uma normativa sobre o funcionamento do ensino híbrido em Mato Grosso e que as escolas particulares prontamente se adaptaram.
“O maior prejuízo é o da educação pública. Não é fácil recuperar o que foi perdido. O ensino vem da convivência social na escola”, declarou. “A educação, especialmente a pública, pede socorro”.
Coronel André Avelino Figueiredo Neto, diretor de ensino da Polícia Militar, reforçou a preocupação com crianças e adolescentes que estão sem aulas durante a pandemia e que é importante pensar a sociedade e ter a coragem de enfrentar a situação. “Vamos encarar esse desafio, e estamos nos colocando à disposição para contribuir”, disse.
Eduardo Ferreira da Silva, presidente da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação), reconheceu a gravidade dos impactos da pandemia na educação de crianças e jovens.
“Estamos abrindo um fosso de conhecimento e social sem precedentes na história. E é nossa responsabilidade como gestores pensarmos em um meio de avançar. Não somos negacionistas de um risco evidente, mas também sabemos o que precisa ser feito para nos proteger”, declarou.
Programa ERA
Para esse retorno às aulas, a Seduc-MT fará o monitoramento das ações pedagógicas e de biossegurança nas escolas durante as atividades híbridas. Uma das ferramentas será uma plataforma de monitoramento, que será abastecida com informações dadas pelas escolas sobre a situação local.
Além disso, a Secretaria Adjunta de Gestão de Pessoas, por meio do Projeto ERA, vai dar suporte aos servidores da educação, com atendimento nas 15 Diretorias Regionais de Ensino (DRE) e suporte para as equipes das unidades escolares, orientação do uso correto de EPI (Equipamento de Proteção Individual) e suporte psicológico aos profissionais.
A Seduc-MT tem aproximadamente 31 mil servidores, dos quais 65% tem entre 30 e 49 anos. No total, 832 profissionais são do grupo de risco, com faixa etária média de 43 anos. A faixa etária atual de vacinação de pessoas com comorbidades em Mato Grosso está de 30 a 39 anos.
Desde o início da pandemia e até essa quinta-feira, eram 2.987 casos suspeitos de Covid-19 entre os servidores da Seduc-MT, outros 2.902 casos confirmados e 72 mortes.