No Shopping Popular, empresários trabalham com a margem de lucro no “osso” para não perderem clientes
Desde o ano passado, comerciantes que têm o estoque vinculado ao câmbio do dólar estão rebolando para atender os clientes e se manter no mercado. Basta ver as variações da moeda americana em função ao real para avaliar o tamanho do desafio, principalmente para os pequenos empresários.
Em janeiro do ano passado, a proporção era R$ 4,01 para US$ 1 e, agora, passou para R$ 5,20 para US$ 1, o que já representa uma melhora em relação ao histórico, que já esteve em várias ocasiões na casa de R$ 5,70.
Pedro Afonso Billerbeck Almeida trabalha há 3 anos com produtos importados e diz que, aos poucos, a situação está se harmonizando. Os produtos ainda estão muito longe do que o consumidor estava acostumado a pagar, mas, como tudo aumentou, inclusive a comida, eles estão mais compreensivos.
Em alguns casos, como o de vídeo games, o valor teve acréscimo de 60%, saindo de R$ 1,6 mil antes da pandemia para R$ 2,6 mil atualmente. E o avanço dos valores também se deu em proporções menores nos outros itens trabalhados por ele como telefones celulares, caixinhas de som e eletrônicos em geral.
Margem de lucro
O percentual de lucro está no “osso”, como diz o jargão. Pedro, que trabalha no Shopping Popular, em Cuiabá, explica que, quando o dólar começou a despontar, até tentou segurar o preço, mas logo isso tornou-se impossível a ponto de comprometer a sobrevivência do negócio.
Para os microempreendedores, não existe a possibilidade de se fazer um farto estoque. Ter uma grande quantidade de produto pode ser um risco, considerando que tecnologia é algo volátil.
As inovações do setor são constantes, o que exige uma reformulação do mix oferecido, bem como do negócio, na mesma velocidade.
“Quando não repassamos o valor, acabamos sem condições para comprar mais. Assim, temos que explicar para os clientes e muitos compreendem, porque o aumento também está no mercado, no combustível e em todas as outras coisas”, afirma.
E no Shopping Popular, muitos box trabalham com o mesmo tipo de material, ou seja, a concorrência próxima torna-se um controle natural dos preços.
Produtos com maior procura
Os celulares continuam sendo a vedete dos consumidores, mas o cenário faz com que as exigências sejam balanceadas entre as inovações e os bolsos.
Na banca, Pedro vende do iPhone atual, que pode custar até R$ 9 mil, a outras marcas similares, que prometem oferecer as mesmas funções ou, pelo menos, chegar perto.
Ele conta que os aparelhos médios, em tecnologia e valor, acabam sendo os mais escolhidos, apesar de muitas vezes o desejo do consumidor estar acima do poder de compra.
Outro ponto que é tido como diferencial são as formas de pagamento. As pessoas já chegam perguntando pelos parcelamentos e quanto maior o prazo, mais atrativo.
Fonte: O Livre