Frio, calor e café geram vídeos que valorizam ‘cuiabanês’

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Piadista desde criança, José Antônio da Costa Bispo, 49, levou esse dom para a internet e faz a alegria de quem assiste seus vídeos. Com bom humor, o homem leva toda a família a participar das filmagens e carrega ainda mais no seu “cuiabanês”. Há seis anos foram criados os perfis Boia Cuiabano no facebook e instagram, que juntos reúnem mais de 30 mil seguidores.

Em entrevista ao GD, Boia, como é chamado e assim atende aos telefonemas, diz que a ideia surgiu a partir de vídeos que assistia na internet com personagens destacando a cultura cuiabana. Ele, que é nascido e criado na capital mato-grossense, decidiu fazer suas peças também.

boia cuiabano

 Tudo em torno da cultura cuiabana é assunto para publicação

Incentivado por amigos que admiravam o bom humor, ele fez a primeira filmagem “o ladrão de Cuiabá”. Na gravação, a vítima consegue identificar o criminoso pelo sotaque. “O ladrão fala deixa no tchão, no tchão. Era assim que sabia que era cuiabano. Mas teve gente que não gostou. Achou ruim de eu falar do cuiabano, mas eu sou cuiabano. Não tem nada demais”, relata o humorista.

De lá para cá, vários outros vídeos viralizaram nas redes. O mais visualizado teve mais de 3 milhões de acessos em 20 dias. A publicação satiriza o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e sua proposta para liberação de armas.

Todos os roteiros e histórias são frutos da criatividade do humorista. Com a fama, ele também passou a receber sugestões de conteúdo e atende a alguns pedidos.

Todos os vídeos são gravados pelo celular e não têm edição. Boia grava e regrava tudo até ficar do seu agrado. “Eu não sei mexer com isso. Minha filha ajuda às vezes, mas se errar eu começo de novo até dar certo”, conta.

Esse ano que Boia comprou um microfone de lapela para melhorar as gravações, que são feitas de forma amadora. Além da ajuda da filha na parte técnica, a família também interage nos vídeos. Em um dos mais recentes, a esposa aparece esfregando borra de café no rosto do humorista.

“Quando é para fazer malvadeza comigo ela topa, para bater na cara. Tem que ser de verdade para aparecer o barulho”, explica o homem às gargalhadas.

Boia conta que quando começou já estava consciente de que poderia haver os haters e as mensagens de ódio chegaram logo nos primeiros vídeos. Apesar de ficar chateado com os comentários negativos, a parte feliz dos comentários é muito maior.

“Tem gente que me manda mensagens falando que vê sempre meus vídeos, que eles alegram o dia, que estava em depressão e isso ajudou. Pra mim é muito gratificante e sigo fazendo os vídeos”, comemora.

Apesar da fama, o conteúdo ainda não gera renda para o produtor. Esporadicamente ele é convidado para parcerias publicitárias e faz de bom grado, não cobra pelo serviço.

“Se ganhasse um dinheiro era bom, mas se não ganha tá tudo bem também. O que importa é a alegria. Eu não sou artista e tem milhares de pessoas assistindo meus vídeos”, conta.

Além de criar conteúdo para a internet, José Antônio trabalha como porteiro, entregador em um restaurante e também em aplicativo de entregas de comida.

Preconceito
O humorista conta que o sotaque acentuado foi motivo de chacota quando era criança. Sofreu muita perseguição, mas nunca se importou. Mal sabia que o que era discriminado antes, hoje se tornaria seu hobby e levaria alegria a tantas pessoas.

“Em casa eu falo assim, minha esposa e minha filha também, mas elas não falam cuiabanês na rua. Não sei o que acontece. Tem gente que tem vergonha”, explica.

Sobre a inspiração para o personagem, Boia diz que não tem nada muito diferente. “Sou cuiabano e falo assim desde sempre”.

O conteúdo do humorista é publicado no Instagram Boia Cuiabano e página no Facebook com o mesmo nome.

Fonte: Gazeta Digital