O preço da gasolina em Colniza (a 1.065 km de Cuiabá), chegou a R$ 6,27 em praticamente todos os postos depois do sexto aumento consecutivo nos três primeiros meses do ano. O valor pago pelos consumidores da região é maior do que em Cuiabá, onde a média é R$ 5,67 na gasolina comum.
O preço médio praticado em Mato Grosso, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) é de R$ 5,18 e os empresários alegam que a alta se deve ao preço final pago às refinarias pelo produto.
Colniza tem apenas seis postos e um deles, o Posto Progresso, vende a gasolina a R$ 5,85, o etanol R$ 4,24 e o diesel R$ 5,22.
O funcionário do Posto Colniza, Eduardo Gabriel, conta que a variação no preço na cidade acontece desde janeiro deste ano. Segundo ele, o proprietário alega que as altas são por causa do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Fora isso, as empresas da região sentem no caixa o valor que é cobrado no transporte dos combustíveis até a bomba, já que chegar à cidade é bastante difícil.
“Com essa última alta registrada na terça-feira (9), já é a sexta em um ano. O consumidor final aqui tem sangrado para pagar pelo produto, sendo que nossa região ainda tem difícil acesso. Quando a carga consegue chegar aqui, já foram três ou quatro dias para percorrer um trecho de 300 km”, disse ao Hipernotícias.
Jeferson Gomes, que trabalha no administrativo do Posto Modelo, o maior da cidade e o que apresenta maior preço nas bombas (de R$ 6,27 na gasolina comum), ponderou que apesar do preço ser um dos mais elevados do Estado, a cidade ainda não tem repassado ao consumidor final todas as altas que os empresários têm enfrentado.
“Para você ter uma margem de lucro você precisa computar a despesa do posto pela quantidade de litro vendido. A cada 10 mil litros vendidos em Cuiabá, por exemplo, nós aqui vendemos mil litros, porque não temos um fluxo grande e nós precisamos manter a mesma estrutura de um posto com: funcionários que trabalham sobre escala, folgas, preço do frete. Não é simplesmente o quanto a gente compra e vende. Olhando pelas bombas da impressão de que o lucro é alto, mas a cada litro nosso vendido aqui o lucro final não passa de 0,42 centavos”, ressalta à reportagem.
Jeferson ainda explica que um posto que arrecada mensalmente cerca de R$ 1 milhão, geralmente vai lucro final de R$ 55 mil. “Não passa disso. Eu tenho 15 anos que moro em Colniza e eu nunca vi o Governo de Mato Grosso baixar a pauta do ICMS no petróleo e a gente precisa manter a mesma folha de gastos que os maiores postos do Brasil. Então chego a pensar que caso continue assim, muitos donos de postos vão falir”, desabafou.
Em um posto de Cuiabá, o preço do etanol está em R$ 4,17, da gasolina comum R$ 5,67, e o diesel R$ 4,39.
Danilo Aparecido, que trabalha como uber há quase dois anos e no momento de pandemia abraçou a oportunidade para ganhar dinheiro, reclamou que tem sofrido constantemente com o preço do combustível.
Além de dividir o que ganha com o aplicativo, ele também precisa agora tirar metade do valor das corridas para abastecer o carro.
Isso sem contar que medidas restritivas impostas pelos decretos municipais e estaduais, principalmente ao comércio, alterou o turno de trabalho dos motoristas de aplicativo. Os que trabalhavam à noite tiveram que trabalhar durante o dia, e isso, segundo Danilo, faz com o que número de corridas seja mais concorrido e ainda menor.
“Eu tirava R$ 300 por dia. Já cheguei de ter um salário de R$ 4.500. Hoje quase num consigo chegar a R$ 2 mil. Então quem depende de carro para alugar já não pode mais depender dessa renda para sobreviver”, pontuou.
O mesmo problema é citado por Alexandre Montes, que trabalha com frete em caminhão há 38 anos.
“Em um frete de R$ 4 mil metade vai para o combustível. Os 50% que sobram você precisa ainda dividir com pedágio, alimentação, mecânica, entre outras coisas. Então no final, o lucro praticamente sai 10%. Sem contar que a tabela de frete que existe é defasada, então em um ano que aumentou 40% do combustível subiu 10% do frete o que acaba zerando nossa renda”, reclama.
Dados da ANP
Na última pesquisa semanal da ANP, realizada entre 28 de fevereiro e 6 de março, Mato Grosso aparece no ranking de 11º entre as cidades mais caras do país. Ao todo foram pesquisados 86 postos com preço médio de R$ 5,18.
Já o Acre aparece em primeiro lugar com 5,83 de preço médio e Alagoas em segundo com 5,35.
Proposta Governo Federal
O presidente Jair Bolsonaro, sem partido, quer que uma proposta seja aprovada para redução do PIS/Cofins. O projeto está pronto, mas ainda precisa do aval do Ministério da Economia que, de acordo com Bolsonaro, “atrasou” sua análise. A proposta no caso reduziria o preço final do consumidor.
Já o secretário da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), Rogério Gallo, repulsa essa proposta e avalia que esse seria “um remédio errado para a doença”.
“O ICMS praticado é o mesmo há 10 anos. Não há que se falar em aumento de imposto, porque o imposto não aumentou. O que precisamos entender é que houve variação do dólar. Também não podemos esperar que a retirada do PIS-COFINS tenha qualquer impacto no preço das bombas porque no final o que será retirado não passa de 5%”, finalizou.
As informações são do Site Hiper Notícias