Neste ano, entre o dia 1º e 27, Mato Grosso registrou 844.600 descargas elétricas atmosféricas. Isso representa 31.281 raios ao dia, ou 1.303 a cada 60 minutos, de acordo com dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), levantados a pedido do DIÁRIO.
Elat é um órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os índices também impressionam quando detalhados por divisão terrestre. Aqui, a média anual de raios é de 11,1 por quilômetro quadrado.
Ainda sobre números, agora de 2019, a estatística mostra que 5.083.432 de raios tocaram o solo mato-grossense.
Já 2020, segundo o Elat, chegou ao final com um aumento de quase 10%, totalizando 5.910.655 raios.
Novo São Joaquim (485 km a Nordeste de Cuiabá) é um dos dez municípios do Brasil com maior probabilidade de algupem morrer atingido por um raio – 30 por milhão de habitantes.
No Estado, entre os anos de 2000 e 2019, 126 pessoas morreram atingidas por descargas elétricas atmosféricas.
A maioria das mortes de pessoas atingidas por raio é causada por parada cardíaca e respiratória.
Grande parte dos sobreviventes sofre por um longo tempo de sérias seqüelas psicológicas e orgânicas.
A corrente do raio pode causar queimaduras e outros danos a diversas partes do corpo.
O Brasil é o país campeão em raios, com uma média de 77,8 milhões ao ano.
A explicação é geográfica: é o maior país da zona tropical do planeta, área central onde o clima é mais quente e mais favorável à formação de tempestades e de raios.
Os raios, além de gerar pânico, podem exercer grande fascínio, especialmente pelo mistério e beleza.
No caso do medo ou pânico, pode-se dizer que há razões de sobra.
Tem o risco de morte, lesões com seqüelas graves e, muitas vezes, destruição de béns imóveis, eletrodomésticos e outros.
Entre as orientações do Grupo de Eletricidade Atmosférica para se proteger das descargas dos raios, está retirar equipamentos eletrônicos das tomadas durante as tempestades com raios.
Entretanto, não haveria necessidade de cobrir os espelhos.
Fablício Rodrigues
Em 2020, entre o dia 1º e 27, Mato Grosso registrou 844.600 descargas elétricas atmosféricas
Não é o espelho o atrativo das descargas elétricas atmosféricas, mas as placas metálicas da moldura, um produto que não se usa mais para esse fim, conforme resposta do Elat sobre as lendas e mitos que cercam os raios.
“CAÇADORES DE TEMPESTADES” – Os mistérios e a beleza desse fenômeno da natureza criaram uma multidão de seguidores, os chamados “caçadores de tempestades”.
Em Cuiabá, o fotógrafo Fablício Rodrigues é um deles.
Ele tornou-se referência quando o assunto são as imagens de quedas de raios.
Fablício conta que tem muito medo, que é do tempo em que se cobria o espelho com lençóis ou cobertores quando o céu anunciava a aproximação de uma tempestade.
Masa, seu medo é menor que a curiosidade e o fascínio das imagens que captura com duas câmeras fotográficas.
Ele já perdeu as contas no número de registros, mas diz que passa dos 80 mil.
Fablício narra que esse hobby surgiu há 10 anos, como um desafio à própria capacidade de capturar raios.
Esse fenômeno que chama a atenção também pela velocidade.
Depois, diz, começou sentir prazer pela diversidade e beleza das imagens.
E, nessa primeira década como “caçador de tempestade,” descobriu, entre outras coisas, que o raio cai, sim, no mesmo lugar.
Na mesma região, sem desviar a posição da câmera, muitas vezes fotografou raios caindo com diferença de 40 segundos um do outro.
Fonte: Diário de Cuiabá