Em abril, a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) começa a sair do papel e, literalmente, entrará nos trilhos de bitola larga, em Mara Rosa (GO) rumo à cidade mato-grossense de Água Boa, distante 383 quilômetros.
Palavra do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, que também acredita no apito do trem no Vale do Araguaia, em Mato Grosso, para escoar a safra 2025/26.
Na semana passada, o ministro recebeu o prefeito eleito de Água Boa (730 km a Nordeste de Cuiabá), Mariano Kolankiewicz (MDB), em seu gabinete, para tratar desse assunto.
Ele revelou que a obra começará em Mara Rosa, onde há estrutura de galpões, materiais para a construção e mão de obra qualificada, por se tratar de uma cidade ao lado dos trilhos da Ferrovia Norte-Sul, com a qual a Fico se conectará.
Tarcísio Freitas destacou que não há nenhum impedimento para a obra. Segundo ele, não há barreira ambiental, o projeto básico foi elaborado em 2010 e o projeto executivo se encontra em fase adiantada, mas que a construção pode ser levada adiante enquanto o projeto executivo é formatado.
Além disso, o Tribunal de Contas da União deu o sinal verde para largada da Fico.
No percurso, serão construídas 18 pontes, sendo duas grandes: sobre o rio Araguaia e o rio das Mortes; três viadutos e recuos – onde uma composição aguarda a passagem de outra, em sentido contrário.
A obra é orçada em R$ 4 bilhões. A construção da Fico é resultado de uma costura administrativa do Governo com a mineradora Vale.
No acordo, a Vale ganhou a prorrogação, por 30 anos, de duas concessões ferroviárias suas, que terminariam em 2027: da Estrada de Ferro Vitória-Minas (de Itabira/MG ao porto no Espírito Santo) e da Estrada de Ferro de Carajás, no Pará e Maranhão, por onde se escoa minério de ferro de Carajás para o porto em São Luís, no Maranhão – ambas transportam passageiros.
A dilatação das duas concessões por 30 anos será paga com a obra da Fico entre Mara Rosa e Água.
Concluída a construção, o Governo dará o trecho em concessão com outorga ainda a ser definida.
Água Boa é importante polo agrícola e sua produção está em expansão.
Kolankiewicz acredita que, além dos grãos e plumas, haverá embarques de carnes, aves congeladas, farelo e óleo degomado de soja, que serão produzidos por indústrias interessadas em se instalarem em sua cidade e região.
Enquanto espera pelo trem, Água Boa escoa commodities agrícolas pela rodovia BR-158 até Barra do Garças, e de lá, pela BR-070, MT-130 e BR-163 ao terminal ferroviário da Rumo, distante 650 quilômetros, em Rondonópolis, e também para o porto de Itaqui, no Maranhão, mas com um trecho de 140 quilômetro sem pavimentação na BR-158, na Terra Indígena Marãiwatsédé, dos xavantes.
Fonte: Diário de Cuiabá