No município de Rio Branco (356 km de Cuiabá), o atual prefeito Antônio Xavier de Araújo, o Totonho (PSC), gravou supostamente pelo menos três áudios e disparou em grupos de aliados instigando a violência na campanha eleitoral contra adversários do candidato apoiado por ele. A orientação do gestor ao aliado é para ganhar a disputa de qualquer jeito porque, segundo ele, “não existe lei no Brasil”.
Orienta, inclusive, os aliados a soltar foguetes e dar uns tiros junto. Para o gestor, que encerra o mandato em 31 de dezembro, vale tudo para ganhar a eleição.
O Ministério Público Estadual (MPE) já tomou conhecimento do caso e iniciou um a investigação contra o prefeito, principalmente pela parte onde ele orienta os aliados a desrespeitarem a lei. Totonho apoia o candidato a prefeito Edson Justino dos Reis, o Edinho (PP) e direcionou os áudios para orientar o aliado e apoiadores a recorrer à violência e intimidação para ganhar a eleição.
Os outros dois candidatos na disputa são Luiz Carlos (PSDB) e Matheus Bandeira (Patriota). Do grupo de Luiz Carlos, dois integrantes de sua campanha gravaram um vídeo repudiando a postura do prefeito.
Na gravação, os irmãos Tarcio Almeida Carlos e Breno Almeida Carlos, que são filhos do candidato Luiz Calos, afirmam que o prefeito de Rio Branco é um irresponsável por incentivar a violência. Explicam que foram surpreendidos pelos áudios do prefeito que estão circulando em grupos de WhatsApp.
“No nosso vídeo a gente pede que as eleições sejam tranquilas e que nada aconteça com o Luiz Carlos, que é meu pai, e com o Matheus Bandeira que é um terceiro candidato a prefeito também . O Totonho fala: temos que ganhar de qualquer jeito, obviamente é contra o Luiz Carlos e contra o Matheus . Quem tem que ganhar de qualquer jeito, acima de lei, soltando foguete e dando tiro é o Edinho, é essa que seria a colocação deles”, relatou o advogado Breno Breno Almeida Carlos em entrevista ao FOLHAMAX.
O coordenador da campanha, Tarcio Almeida, lembrou na gravação outros episódios que terminaram em mortes e tentativas de homicídios durante campanhas no Brasil. “São declarações como essas, Totonho, que nós já tivemos um presidente esfaqueado, nós já tivemos morte em Lambari, agora teve a casa do prefeito alvejada por tiros é por uma fala dessas. Você, Totonho, é uma autoridade e tinha que ter responsabilidade. Rio Branco nunca passou por isso. Por que Rio Branco tem que passar por essas coisas agora, qual o motivo disso”? questionou Tarcio em tom de repúdio.
ÁUDIOS DO PREFEITO
Em um dos áudios o prefeito Totonho diz o seguinte: “Meirinha está certinha, tudo conversa fiada. Tem que ir pra cima, faz bandeirona, solta foguete, dá uns tiros pelo meio igual lá no Lambari. Arranca o 38 e pica bala. No Lambari o pau tá cantando. Para rapaz, tem que tirar o pé do chão”.
Num segundo áudio de 6 segundos, o prefeito repassa a seguinte orientação: “bota pra f…” e repete por 4 vezes a frase com a palavra de baixo calão no áudio.
A terceira gravação feita pelo prefeito Totonho e enviada para os aliados que continuam repassando o áudio em grupos de WhatsApp, ele orienta os organizadores da campanha do candidato apoiado por ele a ignorarem a lei. “Aumenta as bandeiras e parte pra cima, não se fala em lei. Existe uma lei: não perder, o resto é resto. Rapaz, o Milanezi ficou perdido, cassado, foi quase três anos pra arrancar ele, não existe nada. A posse, ganhou eleição, toma posse e depois com a Justiça a gente se resolve. Esquece de lei, pode soltar foguete, podem soltar carros nas ruas, vocês podem fazer o que quiser, esquece de lei, rapaz. Que lei? Se esse Brasil tem lei, vamo pra cima”.
O advogado Breno Almeida e demais demais organizadores da campanha de Luiz Carlos foram ao Ministério Público e pediram providências. “Quando chegamos lá fomos informados que o Ministério Público já tem instaurado um procedimento com relação ao fato de o prefeito ter dito que não existe lei. A gente apresentou esse novo áudio onde ele fala que tem que soltar foguete e no meio dar uns tiros de 38 igual no Lambari. E ele disse isso justamente na semana em que a casa de um candidato a prefeito do Lambari D’Oeste, que é o atual prefeito de Lambari, foi alvejada com 5 tiros”, explica o jurista.
Breno reforma que o prefeito fomentou mesmo a violência por mais que seja um tom de brincadeira ou não, ele é um líder político. “A gente não tem noção do que pode acarretar isso. Para ter uma ideia, o eleitorado dele ainda continua mandando áudio, nervoso, bravo às vezes comigo e com meu irmão e são pessoas que nos conhecem aqui desde pequeno”.
De acordo com Breno, a coordenação da campanha de Luiz Carlos analisa se suspende os trabalhos de arrastão para não expor o eleitorado abriga e riscos. “Até porque temos vídeos aqui de candidato a vereador dele entrando com o carro do arrastão nosso, querendo tumultuar. A campanha caminhou pra um lado que a gente não queria, a coordenação vai verificar isso se a gente continua as visitas em casa e suspende arrastão para evitar qualquer tipo de contratempo”, disse.
Fonte: Folhamax