A Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, discutiu, nesta segunda-feira (24), a queda na curva de contágio do novo coronavírus (Covid-19) no estado e os cenários que poderão surgir a partir disso. A análise que aponta a queda foi apresentada pelo deputado estadual e médico sanitarista, Lúdio Cabral (PT), e utilizou como base informações divulgadas oficialmente pelo governo do estado.
Segundo ele, nas três últimas semanas epidemiológicas houve uma redução de 15% no número de casos novos com base na média móvel de 7 dias, e de quase 10% na média móvel de 14 dias. O número de óbitos na média móvel de 7 dias caiu 22% no intervalo de duas semanas, já na média móvel de 14 dias a queda foi de 20,6%. Também foi registrada queda de 33% da taxa de contágio de 7 dias e de 23,7% na taxa de contágio de 14 dias, que se mantém abaixo de 1 há 4 dias.
“Esses indicadores demonstram com mais consistência que nós realmente já estamos na descida da curva epidêmica há 2 semanas. O indicador óbito foi o primeiro a sofrer alterações para baixo. A tendência de queda iniciou em 4 de agosto e vem de forma sustentada. Depois [foi registrada a queda] na média móvel de 7 dias e depois na média móvel de 14 dias”, explicou Lúdio Cabral.
Levando em consideração diversos estudos que apontam que o número real de casos é até 10 vezes superior ao número oficial, o parlamentar acredita que Mato Grosso alcançou um certo grau de imunidade comunitária, com cerca de 23% da população já tendo sido infectada.
Pico de novos casos e mortes já pode ter passado em MT, conforme gráfico
“A hipótese de queda da curva com imunidade de 20% a 25% da população que especialistas têm trabalhado é que essa imunidade é resultado da heterogeneidade da circulação da população, que produz bolhas. Mas essas bolhas podem estourar e o estouro delas pode causar o início da segunda onda”, alertou.
Lúdio disse que o estado deve alcançar o “vale” no mês de outubro e defendeu que somente após isso sejam retomadas as atividades escolares presenciais. “O retorno das atividades escolares é a agulha mais importante que estoura as bolhas”.
Também destacou a necessidade de reorganizar as escolas e espaços públicos. “Não só as atividades escolares, mas todas as atividades humanas vão ter que sofrer mudanças nos ambientes de trabalho e nas jornadas de trabalho de um modo geral. Enquanto não houver vacina, os ambientes de trabalho no serviço público são propícios à propagação do vírus. É impossível respeitar o distanciamento de dois metros, não há ambientes adequados e servidores públicos estão acostumados a trabalhar em condições muito precárias de higiene”.
O presidente da Comissão de Saúde, deputado estadual Dr. Eugênio (PSB), solicitou que as orientações feitas pela comissão sejam encaminhadas oficialmente às Secretarias Estaduais de Saúde e Educação e aos municípios mato-grossenses.
Projetos de lei – Foram aprovados pareceres favoráveis aos projetos de lei nº 445/2020, 537/2020, 589/2020, 597/2020, 602/2020, 616/2020, 627/2020, 630/2020 e 646/2020 e parecer contrário ao PL n° 542/2020. O PL 528/2020 foi apensado ao PL 459/2020.
Participaram da reunião os deputados Dr. Eugênio (PSB), Lúdio Cabral (PT) e Dr. Gimezes (PV).
Fonte: Página Única