Pinheiro considera lockdown medida extrema no momento

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Juntas Cuiabá e Várzea Grande respondem por mais de 30% dos casos confirmados e 48% dos óbitos decorrentes de Covid-19, em Mato Grosso. Para tentar conter o avanço da doença, as prefeituras das duas cidades, separadas apenas pelo Rio Cuiabá, buscam a adoção de medidas sanitárias conjuntas. Tais ações foram discutidas, ontem (22), entre o prefeito da Capital, Emanuel Pinheiro, e a prefeitura de Várzea Grande, Lucimar Sacre de Campos, que participou por videoconferência.

No encontro, Pinheiro apresentou propostas como fechamento de bares e restaurantes mais cedo, ou seja, às 20 horas; funcionamento das 11 horas às 15h nos restaurantes que abrem para almoço; shopping centers abertos das 11h às 18 horas; rodízio de veículos e trabalho remoto para todos os servidores públicos municipais, estaduais e federais. “Neste caso, eu precisaria do apoio do governo do Estado, do governo federal e demais poderes e instituições”, frisou Pinheiro.

Outras propostas são a retomada da redução da frota de ônibus para 30%, ou seja, apenas para quem trabalha nos serviços essenciais e a ampliação do toque de recolher, que passaria a começar às 20h e indo até às 5 horas. “O lockdown para tudo. Não é pior? Então, se cada empresário ficaria responsável para levar (trazer) o seu trabalhador. Talvez essa seja a melhor medida. Mas, ainda vai ser discutido”, explicou Pinheiro minutos antes da reunião. “O contraponto a isso é o fechamento de tudo, o que é muito pior”, acrescentou.

Para ele, o lockdown que consiste no fechamento ou interrupção de todas as atividades consideradas não essenciais é medida extrema no momento. “O lockdown é quando não há nenhuma outra opção e se realmente a doença estiver totalmente fora de controle. É o que já disse, faço tudo por Cuiabá e se houve necessidade eu vou fazer, mas no momento, nós precisamos garantir o trabalho, o emprego mesmo que de forma reduzida, com horário reduzido e com todas as medidas de biossegurança, de distanciamento social, mas garantindo emprego para as pessoas terem renda para poderem comprar os produtos de higiene pessoal, para se alimentar e ter o mínimo de segurança de dignidade, inclusive, para enfrentar a pandemia no núcleo familiar”, afirmou.

Ao ser indagado sobre se a doença já não está fora de controle já que as unidades de terapia intensiva (UTIs) estão praticamente lotadas, Pinheiro citou a existência de algumas vagas em hospitais como o São Benedito e o antigo pronto-socorro e disse que a sobrecarga na rede hospitalar da capital se deve ao fato de 60% dos pacientes serem do interior e 40%, embora seja um sistema único (SUS). “Mas são sinais de preocupação e, por isso, estamos tomando medidas”, analisa.

Além disso, o entendimento é de que a população também precisa fazer a sua parte. “Agora, o que causa a rápida propagação do vírus e já detectamos isso são as horas de lazer em que você se descontrai, que se aproxima, toca e faz o contato e você tira a máscara. Esses momentos é que propiciam uma maior propagação do vírus”, afiançou.

A reunião e a apresentação de ações conjuntas ocorrem após o Ministério Público Estadual (MPE) ingressar com ação civil pública contra o Estado e as prefeituras das duas cidades requerendo a adoção das medidas necessárias de restrição de circulação de pessoas previstas no decreto estadual 522/2020. A medida busca garantir que a atuação do Estado tenha caráter impositivo e não meramente orientativo, caso ambos os municípios não o façam. As propostas seriam apresentadas ainda ontem ao Judiciário e devem começar entre hoje (23) ou amanhã (24).

Lucimar Campos participou da reunião por viodeoconferência uma vez que se encontra em quarentena por ter tido contato com uma pessoa que testou positivo para a doença. Até ontem pela manhã, Cuiabá registrava 2.601 casos confirmados de Covid-19 e 103 óbitos. Em Várzea Grande, eram 785 infectados e 76 vítimas fatais.

Em todo Estado, eram 9.776 casos confirmados e 370 mortes em decorrência do coronavírus no Estado. Além destas duas cidades, outros 18 municípios com maior número de casos estão Rondonópolis (826), Primavera do Leste (404), Sorriso (403), Tangará da Serra (358), Lucas do Rio Verde (286), Confresa (273), Nova Mutum (259), Sinop (255), Campo Verde (214), Pontes e Lacerda (162), Barra do Garças (149), Cáceres (139), Alta Floresta (118), Campo Novo do Parecis (115), Querência (99), Nossa Senhora do Livramento (96), Jaciara (90) e Sapezal (88).

Dos 9.776 casos, 5.681 estavam em isolamento domiciliar e 3.319 recuperados. Entre os confirmados, suspeitos e descartados para a Covid-19, 205 pacientes estavam internados em UTI e 183 em enfermaria. Isto é, a taxa de ocupação está em 81,3% para UTIs e em 22,4% para enfermarias. Considerando o número total de infectados, 49,7% dos diagnosticados são do sexo feminino e 50,3% masculino; além disso, 2.679 pacientes têm faixa-etária entre 31 a 40 anos.

Fonte: Diário de Cuiabá