*TÂNIA MARA RAUBER –
Comecei ter sintomas de resfriado. Mal estar, corpo pesado e febril, cansaço. Em poucos dias começou a tosse. Mesmo estando em isolamento, saindo somente para urgências, foi impossível não fazer a pergunta: Será que estou com o vírus?
Seguindo todas as recomendações, me isolei no apartamento. Contei com ajuda de um amigo para mercado e o disk entrega da farmácia. Família preocupada. Eu falando o tempo todo para mim mesma: Não estou com sintomas graves, está tudo bem. Só que a tosse e a fraqueza não amenizavam.
Com muita resistência, ouvindo os apelos da família e sugestões de amigos, fui ao médico. De imediato o médico que me atendeu pediu uma tomografia do pulmão e exames de sangue. Pedi se poderia ser Covid-19 e a resposta foi: Não podemos descartar, mas vamos avaliar o resultado desses exames.
Resultado: infecção respiratória em fase inicial.
Lógico que repito a pergunta se podia ser Covid-19 e o médico me diz que tudo indicava ser uma infecção bacteriana. Tomar antibiótico e observar.
Retorno para casa e, após tomar o antibiótico, passei mais mal ainda. Retornei ao hospital para tomar medicação. Mais uma vez escuto: Exame de Covid-19 somente para casos graves com falta de ar.
Continuei com o antibiótico, porém, o mal estar não passava. A tosse aumentou. Não queria preocupar a família, longe neste momento, mas meu medo também era grande.
Cinco dias depois, ouvindo sugestão de um amigo médico, retornei para outro hospital. Família e amigos todos me acompanhando por mensagens.
Lá já foi direcionada para consultório exclusivo para casos suspeitos. O médico pediu novos exames do pulmão e sangue. Eu pedi sobre exame de Covid e ele disse que o hospital fazia o teste rápido, mas o plano não cobria. Custava R$280. O exame pelo plano somente casos graves.
Para me tranquilizar e tranquilizar minha família, paguei o teste.
Nas espera, converso com uma pessoa que estava na mesma situação. O irmão dela testou positivo. Família toda apavorada. O medo do desconhecido, o total isolamento, a dor.
Depois de 2 horas de espera saiu o resultado. Meu teste deu negativo e a infecção estava controlada.
Nem posso falar sobre o alívio que senti. Apesar do exame não ser 100%, o controle da infecção reafirmava o diagnóstico e reduzia ainda mais as chances de ser o coronavírus.
Logo informei todos e o alívio foi geral.
O que quero com isso. Falar sobre o drama de tantas pessoas que não conseguem fazer o exame.
Falar sobre a dificuldade de adoecer e ter que se virar sozinho. Eu moro sozinha há alguns anos, mas sempre contei com apoio de amigos nestas situações. Desta vez, não podia receber ninguém.
Meu emocional foi muito abalado.
Isso foi semanas atrás e hoje estou bem e repensando sobre muitas coisas.
Quando leio o depoimento de quem está ou estava com a doença, me solidarizo e imagino o sofrimento. A dor da distância, da perda.
Deus nos proteja e conceda sabedoria aos que estão com o poder de tomar decisões! Já são mais de 29 mil mortes em todo nosso amado Brasil.
Gratidão imensa a minha família, em nove de Sinovia Rauber.
Em nome de Creuza Medeiros e Anderson Parlo agradeço aos amigos queridos. ❤️
*TÂNIA MARA RAUBER é jornalista profissional, assessora de imprensa e militante cultural em Cuiabá. Escreveu este artigo para tentar ajudar pessoas a fazerem o teste do novo coronavírus Covid-19.
CONTATO: www.facebook.com/taniamararauber