Analista diz que “mundo se pautará por alimentos e MT sairá muito fortalecido”

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Apesar da gravidade da pandemia enfrentada por Mato Grosso e por todo o País em razão da Covid-19, o analista político Onofre Ribeiro vê um alento no cenário pós-coronavírus. Segundo ele, o Estado poderá sair fortalecido da crise.

“Nunca houve no mundo, em época nenhuma, um estoque de dinheiro ocioso tão grande como agora. Dinheiro é mercadoria, tem que girar em aplicações especulativas ou produtivas. O mundo vai se pautar por duas coisas: tecnologias e alimentos. Serão os dois valores essenciais no mundo”, observou.

“Mato Grosso é muito bom na área de produzir alimentos. Tem ambiente de mercado, tradição de comércio internacional e o empresário mato-grossense do agronegócio é moderno. Nessa ansiedade do mundo de buscar comida, aqui é um lugar muito forte pra isso. Penso que Mato Grosso vai sair extremamente fortalecido dessa crise”.

Em entrevista ao MidiaNews, Onofre Ribeiro também falou sobre as mudanças no comportamento social que devem ocorrer por conta da grave crise sanitária.

Para ele, a humanidade caminhava num sentido cada vez maior de individualismo e, a partir de agora, deve ir no sentido inverso.

“A crise veio, pegou todos nós e mostrou nossa fragilidade individual. Só temos força no conjunto. E essa perda da nossa segurança individual podendo rapidamente pegar vírus e morrer, a paranoia de tudo isso, faz com que voltemos a ter um olhar social mais coletivo”, disse.

Veja os principais trechos da entrevista:

MidiaNews- Como vê as consequências econômicas para o Brasil com a pandemia da Covid-19? Conseguiremos nos recuperar deste baque no curto prazo?

Onofre Ribeiro – Falando do Brasil, o governo brasileiro foi obrigado a jogar as contas no lixo. Toda aquela perseguição de equilíbrio fiscal jogou fora porque o mais importante é salvar os dedos e não os anéis. Os dedos são as pessoas e a economia. Então, o governo está tomando medidas nessa direção, contrariando todo o projeto de equilíbrio fiscal. Mas está fazendo o certo.

O ministro Paulo Guedes está dizendo que o governo vai injetar dinheiro na economia, por meio de créditos a empresas, ajudas sociais como essa bolsa de R$ 600, liberação de Fundo de Garantia, antecipação de pagamento de aposentadoria. E mais um ponto que ele está chamando de Programa Bem Brasil – que é o velho Plano Marshal, lançado depois da Segunda Guerra Mundial. O Governo vai jogar mais de R$ 1 trilhão na economia, em forma de crédito, ajuda social e programa de restauração de infraestrutura, que vai girar a economia depois da crise. Porque a economia vai sair da crise paralisada.

Agora, de onde vem dinheiro se o Estado vai terminar quebrado? O PIB ficará reduzido em 5%. É muito. Então, esse projeto do Governo e toda essa colocação de mais de R$ 1 trilhão vai fazer um giro muito grande na economia. Mas o Estado em si quebra.

A salvação do País vem de onde? Aí é que entra um lance muito interessante. No mundo inteiro, grandes países da Europa, no Japão, Estados Unidos, onde tem dinheiro sobrando, estão todos com juros negativos. Desta forma, o investidor não vai investir dinheiro lá. Se ele deposita R$ 1 milhão, na hora de retirar tira R$ 800 mil. A economia trabalha com a expectativa de chegar ao final de 2020 com os juros na casa de 2% a 2,5%. Isso torna o Brasil extremamente atrativo para esses investimentos internacionais. E aí teremos financiamento na economia, torna a economia a girar e esse dinheiro de fora compensa esse R$ 1,3 trilhão que vamos tirar do caixa.

Isso significa que vem muito dinheiro para comprar empresas pequenas e grandes, muito investimento e negócios novos. Então, o Brasil vai se tornar um grande atrativo no mundo, por conta dos juros. Nunca houve no mundo, em época nenhuma, um estoque de dinheiro ocioso tão grande como agora. Dinheiro é mercadoria, tem que girar em aplicações especulativas ou produtivas.

MidiaNews – E em relação a Mato Grosso?

Onofre Ribeiro – Aí vamos chegar a Mato Grosso. O resultado da crise ao final traz duas coisas interessantes. O mundo vai se pautar por duas coisas: tecnologias e alimentos. Serão os dois valores essenciais no mundo. Em tecnologia, nós de Mato Grosso, assim como o Brasil, somos frágeis. Não podemos esperar inovação de curto prazo. Mas somos muito bons na área de produzir alimentos. Tem ambiente de mercado, tradição de comércio internacional e o empresário mato-grossense do agronegócio é moderno. Nessa ansiedade do mundo de buscar comida, aqui é um lugar muito forte para isso.

MidiaNews – Então o senhor quer dizer que mesmo falando de uma pandemia, é possível dizer que haverá reflexos positivos a Mato Grosso no futuro?

Onofre Ribeiro – Penso que Mato Grosso vai sair extremamente fortalecido dessa crise. Assisti há alguns dias uma análise feita por vários ex-ministros da Agricultura, inclusive Blairo Maggi, e todos têm esse mesmo entendimento, de que o mundo vai se pautar por tecnologia e comida. Quem tiver comida tem poder estratégico. Ora, se isolarmos Mato Grosso dentro do Brasil, teremos poder demais. Rentabilidade, chegada de investimentos…

E uma cadeia produtiva não é isolada. Quando ela entra em ebulição, ela leva outra série de cadeias: comércio, serviços, indústria. Então, olho o cenário de Mato Grosso extremamente promissor. Mais promissor do País.

MidiaNews – Mas o governador Mauro Mendes, por exemplo, tem dado sucessivas declarações afirmando que haverá um impacto muito grande nas finanças do Estado em razão da pandemia. A queda na arrecadação já foi observada no mês de abril, por exemplo. O senhor quer dizer que, apesar do baque momentâneo, Mato Grosso poderá sair fortalecido mais à frente?

Onofre Ribeiro – Pode porque o agronegócio, que é o forte da economia, não depende em nada do Governo. Única dependência do Governo é por financiamento com o Banco do Brasil, que representa 40% do financiamento de safras. Os demais 60% vêm de capital próprio e de tradings e, eventualmente, de banco privado.

Então, o Governo de Mato Grosso não tem a menor influência na produção econômica do Estado, ao contrário. Ele é parasita. Então, a questão que o Mauro Mendes se refere é que o Governo do Estado terá muito problema, mas o Estado não. Porque a economia do Estado não depende do Governo.

MidiaNews – A característica de ser um Estado produtor irá beneficiar Mato Grosso, mesmo com essa crise na Saúde e que trará reflexos também na economia?

Onofre Ribeiro – Sem dúvida, porque o Governo não participa da formação da economia. Ao contrário, ele atrapalha através da Sema [Secretaria de Meio Ambiente], através da Sefaz [Fazenda], através da Sinfra [Infraestrutura]. Já que nenhuma dessas cumpre seu papel. O Governo do Estado atrapalha mais do que ajuda a formação da economia do Estado.

MidiaNews – Tratando de uma forma mais ampla, o senhor entende que haverá setores que estarão inviabilizados definitivamente passada essa crise?

Onofre Ribeiro – Setores especificamente não. Porque na medida que o agronegócio evoluir, ele leva o comércio, a indústria, o setor de serviços. Agora, a natureza dos serviços, do comércio e da indústria vai mudar que é uma loucura. Por exemplo: o varejo vai mudar muito. As empresas terão que se reinventar e, nessa reinvenção, muitas vão quebrar. Assim como no comércio e na indústria. E o governo só não quebra porque é parasita da sociedade.

Nessa transformação que vem depois do vírus, as tecnologias trarão um mundo completamente novo. As pessoas vão voltar dessa crise com outra cabeça, querendo coisas novas. O Jornal El País trouxe recentemente uma matéria falando sobre esse mundo que virá depois. Não ficará pedra sobre pedra. Então, muitas empresas realmente sumirão, até algumas profissões.

As mudanças serão tão grandes que algumas empresas ficarão obsoletas. O futuro dos shoppings centers está comprometido, porque o comércio muda de cara. As pessoas vão sair da crise muito diferentes da forma que entraram.

MidiaNews –  Outra questão que temos observado neste momento é que muitos setores da sociedade estão minizando os riscos da Covid-19. O senhor atribuiu isso ao desconhecimento, vê algum tipo de ignorância por parte das pessoas?

Onofre Ribeiro – Vou entrar no campo filosófico. Sempre acreditei muito no inconsciente coletivo. Ele é uma energia que interliga as pessoas sem que elas precisem falar sobre determinado tema e de repente todos estão olhando na mesma direção.

Acredito que o inconsciente coletivo está formulando. Ele está colocando em dúvida neste momento a mídia. Ele não acredita piamente na mídia como acreditava antes. Então quanto mais a mídia fizer o terrorismo, mais o inconsciente diz: isso não é verdade, é menos do que isso, vou reagir contra.

Há um ano, na eleição do Bolsonaro, as pessoas reagiriam com indignação, indo às ruas. Agora não mais, reagem com certa consciência: “Não acredito nisso e vou fazer minha reação pessoal”. Então o inconsciente coletivo criou uma onda: “Não é desse tamanhho o problema”.

MidiaNews – E por que toda essa revolta por assim dizer se reflete mais especificamente em cima da mídia? Por que toda essa resistência?

Onofre Ribeiro – A mídia brasileira nunca esteve tão desacreditada como agora. Perdeu a credibilidade. E ela também terá que se reinventar. O inconsciente coletivo está reagindo contra a mídia, ou é mentira ou exagero.

Um exemplo que posso dar é com a eleição do Bolsonaro. As pessoas o elegeram esperando uma mudança ou, quando nada, que não se repetisse o período do PT. As pessoas de um modo geral se frustraram porque queriam que ele chegasse lá e consertasse o País no dia seguinte. Não é assim que funciona. Aí vieram os embates, os exageros dele e as pessoas estão com raiva. E, essas mesmas pessoas, veem a mídia tomando posição partidária, posição tendenciosa. Aí perderam a fé na grande mídia e, por consequência, atinge a todos nós.

MidiaNews – Em relação as medidas de abertura gradual das atividades que foram adotadas aqui no Estado, o senhor acredita que é uma decisão acertada, mesmo ainda não tendo atingido o pico da doença?

Onofre Ribeiro – Foi uma decisão acertada. É preciso sobreviver aqueles negócios que puderem. O Estado precisa arrecadar para poder se manter. Já aprendemos nessa quarentena que é preciso tomar os cuidados sanitários.

E nós não temos em Mato Grosso uma grande concentração de pessoas. A população de Cuiabá é de 600 mil habitantes, uma cidade muito espalhada. Temos um clima quente e seco. Manaus, por exemplo, que tem uma situação mais delicada, é clima úmido, uma outra realidade. Penso que abriu na hora certa.

MidiaNews – Aqui na Capital, por exemplo, tão logo anunciada a pandemia o prefeito Emanuel Pinheiro tomou algumas medidas classificadas como mais severas e agora está flexibilizando um pouco mais. O senhor concorda com o comportamento adotado por ele?                   

Onofre Ribeiro – Foi um comportamento adequado, ainda que no começo tenha havido certo exagero. Mas estávamos lidando com o desconhecido. Então, a tendência é radicalizar. Quando se vai ficando mais íntimo do desconhecido, descobre que é possível lidar com isso.

MidiaNews – E em relação ao comportamento do presidente Jair Bolsonaro, qual a avaliação?

Onofre Ribeiro – São dois governos na crise. O Governo Bolsonaro, que o homem em si é aquilo que a gente conhece, fala bobagem, fala sem pensar, dá opinião sobre o que não conhece, enfim. Agora, existem o governo, os ministros, os ministérios. Esses se comportaram tecnicamente.

O que vi de falha foi no comportamento do ex-ministro Henrique Mandetta, vejo que ele politizou as ações no Ministério. Ele tem essa ligação próxima com o presidente da Câmara Rodrigo Maia e o governador Ronaldo Caiado, que são opositores do presidente. Aí foi politização. Então, apesar da condução de forma técnica, ele adotou comportamentos políticos. Partiram para uma construção – a partir do Ministério da Saúde – de uma candidatura à presidência da República para bater de frente com Bolsonaro daqui a dois anos. Aí, ciúme de homem é um trem difícil demais. Politizou e deu no que deu.

MidiaNews – Em meio a esse cenário de crise, o senhor acredita que haja espaço para cortar ou congelar salários de gestores e servidores para combater a pandemia?

Onofre Ribeiro – Tem espaço pra isso sim. Se o Governo não arrecada, como paga? Eu acho que seria uma medida a se adotar.

Por exemplo, o Governo prorrogou o pagamento de IPVA. Muita gente deixou de pagar, dinheiro que era esperado e que não está entrando neste momento. Também há impostos adiados.

O Governador está dizendo que teve um furo de 30% no caixa do Estado. São R$ 300 milhões. Se a despesa não diminui, o caixa vai se esgotar. Vai chegar um momento, seja daqui 30, 60, 90 dias – se não houver a retomada da economia – que vai atrasar salários. O Governo vai parar. Aí para carro da polícia, ficam talvez só hospitais funcionando. Então, acho que seria uma medida a se pensar sim.

MidiaNews – Voltando à estão das ações relativas à pandemia. Do lado do Governo, quem está mais à frente é o secretário de Saúde Gilberto Figueiredo. Do lado da Prefeitura, o prefeito Emanuel Pinheiro. O senhor antevê aí uma disputa entre os dois na eleição municipal? Ou não é possível fazer essa relação neste momento?

Onofre Ribeiro – Não vejo dessa forma. O Gilberto Figueiredo é muito atuante, pró-ativo, evidente que tem interesse político e pode haver interesse político do Governo. Mas vejo que o Governo está com dois interlocutores na crise: o Gilberto Figueiredo é a voz única na saúde. Para não ter vozes dissonantes, como foi o caso do presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Henrique Mandetta. Na parte econômica, quem fala é o governador Mauro Mendes. Então, na verdade, temos uma centralização de informações, que é o correto em tempos de crise.

Então, essa postura do Governo e do Município em centralizar os interlocutores é extremamente correta. O prefeito tem a visão global do Município dele e o Gilberto tem a visão da Saúde. Quando cabe, o governador tem falado. No mais, fica centrado entre o Gilberto e o prefeito.

MidiaNews – A propósito, acredita que vai haver eleição este ano?

Onofre Ribeiro – A realização ou não da eleição neste ano depende de como o País vai sair da crise. Pode ser que saia em frangalhos, sem ambiente social, político e econômico para realizar uma eleição. Ou pode ser que saia reestabelecido e faça a eleição.

Agora, uma coisa é nova em tudo isso. A cabeça do leitor não é mais a mesma. Os candidatos que estavam se preparando com aquele discurso tradicional, aquele comportamento tradicional, pode voltar pra casa, trancar a porta e esconder as chaves. O eleitor vai querer um discurso novo, uma leitura nova e cenários novos.

MidiaNews – Mas esse discurso novo passa pelo quê?

Onofre Ribeiro – Olha, na eleição passada as pessoas estavam indignadas. Aí fez uma frente anti-PT e votaram tudo no Bolsonaro “no escuro”, sem saber se era bom ou não. “Queremos mudar e vamos mudar na porrada”. Agora não é mais na porrada. As pessoas entenderam que a vida delas não será mais a mesma. Elas não sabem que vida será, as empresas não sabem que vida será e quem vai determinar a parte pública é a política. Então, a política vai ter que se reinventar.

O eleitor não quer mais tapinha nas costas, não quer promessas. O eleitor vai ficar negociando. E tudo ele vai querer saber o porquê. O eleitor vai especular ao limite. Ninguém quer votar no escuro. O político vai ser aquele que vai dar luz no escuro. E aí ele tem que ser muito preparado.

MidiaNews – Por conta também da pandemia, nós tivemos o adiamento da eleição suplementar ao Senado que ocorreria em abril. O senhor concorda com a possibilidade de se unificar as eleições de outubro, junto ao pleito de prefeitos e vereadores?

Onofre Ribeiro – Acredito que essa disputa estará atrelada à eleição municipal, haja o que houver com a disputa municipal, haverá a mesma coisa com o Senado.

MidiaNews – Uma situação que tem chamado a atenção em meio a esse cenário de crise são as ações de solidariedade. A filantropia poderá ganhar força no pós-pandemia ou isso é apenas momentâneo?

Onofre Júnior – Antes da crise nós tínhamos caminhado para um individualismo absurdo. A crise veio, pegou todos nós e mostrou nossa fragilidade individual. Só temos força no conjunto. Gosto muito da área espiritual. A gente percebe que o projeto era humanizar as pessoas no sentido de que o coletivo vale mais que o individual. E essa perda da nossa segurança individual podendo rapidamente pegar vírus e morrer, a paranóia de tudo isso, faz com que voltemos a ter um olhar social mais coletivo.

Essa é uma das mudanças que vai sair da crise. Os próprios políticos terão que aprender a lidar com o coletivo e não com o individual.

MidiaNews – Muitas pessoas têm uma visão de que por conta dessa crise o indivíduo tende a se isolar um pouco mais? O senhor então vê num sentido contrário, o coletivo passará a falar mais forte?

Onofre Júnior – Vejo que sim. Muita gente, por exemplo, passou a trabalhar de casa, está lidando mais tempo com filhos, com esposa, com o marido, eventualmente pai, mãe, sogro ou sogra. Muitos têm passado 24 horas ao lado uma das outras e têm que se reinventar. Do individual para o coletivo. O coletivo valerá mais que o individual. Do ponto de vista espiritual mais avançado, houve uma ruptura do comportamento para iniciar um novo momento civilizatório em que o coletivo precisa valer mais que o individualismo. Esse é o recado espiritual.

MidiaNews – Sendo uma pessoa na casa dos 70 anos, o que tem feito para se proteger do coronavirus? Ficou muito assustado? Mudou hábitos, como ficou a rotina do senhor?

Onofre Júnior – Estou com 76 anos. Tenho uma fazenda em Acorizal, acabei me mudando pra lá. Era algo que eu já queria há algum tempo. Como sou do grupo de risco, me afastei das minhas atividades pela manhã na Rádio Jovem Pan, na TV também. Então, coloquei internet na fazenda. Mando áudio pro rádio, um vídeo pra TV. Me confinei na fazenda. Vou a Cuiabá uma vez na semana, faço alguma compra, algo a resolver, saio de máscara e circulo pouco pra evitar risco. Até meus filhos me pressionam demais para tomar esses cuidados.

Eu e minha esposa, por exemplo, estamos 24 horas juntos. Estamos reaprendendo depois de maduros uma convivência permanente, descobrindo coisas que a gente vai perdendo com o tempo. Determinados gestos de carinho, determinados conhecimentos de gostos que um ou outro tem. Tem sido um aprendizado, uma reinvenção. Somos casados há 52 anos. Quando você fica o tempo todo junto começa a resgatar pequenas lembranças, pequenas detalhes, convivência afetiva que as vezes se perdem com a correria do dia-a-dia.

Então, penso que todos nós estamos tendo um resgaste afetivo de nós mesmos e da nossa família, especialmente de nós mesmos.

Fonte: Midianews