Por: Vicente Vuolo
O Instituto de Engenharia do Estado de Mato Grosso (IEMT) completou no último dia 2 de abril 60 anos de existência. É motivo de júbilo registrar a jornada gloriosa desta entidade, cujos engenheiros têm atuado de forma científica, tecnológica e administrativa em obras e serviços essenciais, tais como, pontes, estradas, aeroportos, ferrovias, sistemas de água e esgoto, transmissão de energia elétrica, barragens, edificações, visando à proteção ambiental, o bem-estar e o desenvolvimento harmônico da sociedade.
Dentre os notáveis inventores da construção que fizeram parte do IEMT, com relevantes serviços prestados a Mato Grosso, não há como deixar de mencionar os brilhantes engenheiros Cássio Veiga de Sá e Domingos Iglesias Valério, ambos “in memorian”.
Atendendo a convite do Governador e Interventor Federal Júlio Muller, na década de 1940, Cássio Veiga de Sá idealizou várias obras espetaculares sendo decisivo para a consolidação de Cuiabá como eterna capital do Estado. As obras de grande porte eram difíceis de realizar. Todo o material vinha de trem de São Paulo até Corumbá (MS) e seguia de barco até Cuiabá. O Grande Hotel, a Residência Oficial do Governador, o Cine Teatro, a abertura da Avenida Getúlio Vargas e a construção do imponente Colégio Liceu Cuiabano são algumas delas.
Naquela época, Cuiabá e Campo Grande estavam em constante conflito político, já que a cidade morena reivindicava a sede da capital do Estado de Mato Grosso. Cássio Veiga também foi Secretário de Viação e Obras Públicas do então prefeito Vicente Emílio Vuolo (período 1962-1966), responsável pelo início do processo de modernização de nossa capital. A abertura da Avenida da Prainha, a primeira avenida de duas pistas de Cuiabá, foi das mais desafiadoras obras, sendo que o prefeito Vuolo foi ameaçado até de morte porque iria derrubar duas mangueiras para fazer a pista dupla.
Outro grande membro do Instituto de Engenharia foi Domingos Iglesias Valério. O mineiro de Pitangui, que por muito tempo ocupou a Coordenação da Defesa Civil do Governo do Estado de Mato Grosso, logo se destacou entre os demais, pela forma elegante e profunda como abordava as grandes causas. Foi professor da UFMT e fundador da Cadeira de Hidráulica Geral em 1967. Além de autoridade em assuntos hídricos foi um ferroviário convicto. Segundo o ex-senador Vuolo, “Iglesias foi o inspirador técnico do projeto da ferrovia para Mato Grosso”.
No dia do velório do ex-senador, Iglesias fez o seguinte depoimento: “Vuolo honrou o título de representante do povo mato-grossense na Câmara Federal e Senado. Em 1975, entreguei a ele o memorial descritivo e a justificativa da ligação ferroviária São Paulo – Cuiabá com a seguinte dedicatória: Levante esta bandeira na Câmara Federal que seu nome ficará imortalizado na história política e econômica de Mato Grosso, como de fato ficou”.
Nos últimos anos, surgiram outros líderes ilustres da engenharia que continuam valorizando a entidade como uma das mais importantes do estado. É meritório destacar a figura do ilustre presidente do Instituto de Engenharia do Estado de Mato Grosso (IEMT), Jorge Rachid, sempre presente na luta dos principais projetos de desenvolvimento do estado. Assim foi durante a paralisação das obras da ferrovia para Mato Grosso, um amigo leal do ex-senador Vuolo em todos os momentos.
Rachid não foi diferente na luta pelo VLT Várzea Grande-Cuiabá. Aliás, foi o primeiro a dar apoio ao Movimento Pró-VLT. Ninguém mais que o IEMT sabe da importância da conclusão das obras de engenharia do VLT. Tanto é que em agosto de 2019, o IEMT organizou uma grande reunião na sede do Conselho Regional de Engenharia para mostrar à sociedade a viabilidade total desse empreendimento.
Lamentavelmente, existem engenheiros que não honram o código de conduta da entidade, como quem virou as costas para os seus próprios colegas engenheiros, que o receberam de braços abertos.
Com a presença do IEMT na luta pela conclusão dessa primeira etapa do VLT, temos a confiança de sua necessidade técnica e da alternativa moderna que esse modal traz a Mato Grosso. Confiança garantida por décadas de bons serviços prestados à sociedade e por conta da alta qualificação técnica de seus membros.
Não há sentido algum na paralisação da obra, o que, em si acarreta ônus para a sociedade e desperdiça o dinheiro nela alocado.
VICENTE VUOLO É ECONOMISTA, CIENTISTA POLÍTICO E COORDENADOR DO MOVIMENTO PRÓ VLT.