A diretoria do Operário cedeu à pressão do grupo que não queria a contratação do goleiro Bruno, ex-Flamengo e que cumpre prisão em regime semi-aberto pelo assassinato da ex-namorada Eliza Samudio. No início da tarde desta quarta-feira (22), a direção do clube emitiu uma nota comunicando que o clube não vai trazer o jogador e que o caso está encerrado.
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Na manhã desta terça-feira (21), a direção das empresas Eletromóveis Martinelo e Banco Sicredi exigiram que o Operário retirasse as marcas de patrocinadores da camisa do time. O mesmo caminho estava para ser seguido por outros patrocinadores.
Na noite de ontem (21), um grupo de 40 pessoas encabeçado pelo Conselho dos Direitos da Mulher de Mato Grosso realizou um manifesto com faixas, cartazes e até trio elétrico nas imediações do estádio Dito Souza, no Cristo Rei, onde o Operário fez sua estreia no Campeonato Mato-grossense de 2020.
O manifesto foi amplamente divulgado na mídia e após analisar a repercussão negativa, a diretoria se reuniu e entendeu que o melhor caminho era não contratar o jogador.
Veja a nota publicada pelo Operário
“O Bruno viria para o Operário mesmo com a torcida dividida. Estava meio a meio na preferência dos torcedores. Porém, a metade que estava contra era grande. Perdemos alguns patrocinadores e estavam fazendo muita pressão nos diretores do clube. Ficou complicado. Então, optamos por desistir do negócio. Decidimos colocar a mão na consciência e atender os apelos”, argumentou o supervisor de futebol do Operário, André Xela.
O goleiro já havia sido liberado pela Justiça mineira e faltava apenas a autorização do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que ainda estava em tramitação.
Bruno e seu histórico com a Justiça
Bruno Fernandes foi preso em 2010 por participação no sequestro e assassinato de Eliza Samudio, modelo com quem se envolveu. Em 2013 foi condenado a 22 anos e três meses de prisão. Em fevereiro de 2017, após seis anos e sete meses preso, Bruno conseguiu habeas corpus por uma liminar deferida pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello. No entanto, em 25 de abril de 2017, o STF voltou a julgá-lo e por três votos a um, decidiu que Bruno deveria voltar à prisão. Em 18 de julho de 2019 conseguiu uma progressão de pena para o regime semiaberto através de uma decisão da justiça de Varginha. Deixou o presídio no dia seguinte.
Após a confirmação de sua contratação, as redes sociais do Boa Esporte foram massacradas por protestos de internautas. Mesmo recebendo estas críticas, o clube confirmou que o negócio está feito e que não cogita voltar atrás na decisão. Além disso, alguns dos patrocinadores do clube admitiram que deixariam o clube caso Bruno fosse mesmo contratado. Bruno foi contrato e diversos patrocinadores deixaram o clube.
Dois dias depois do anuncio da contratação do goleiro, o site do clube foi hackeado, em um protesto anônimo. No lugar da página oficial apareceram mensagens acusando o clube de “apoiar diretamente o feminicídio”. No mesmo dia, o clube divulgou uma nota oficial, assinada pelo presidente Rone Moraes da Costa, se defendendo das críticas. O comunicado diz que a oportunidade dada ao goleiro não representa “nenhum crime conforme a legislação brasileira e perante a lei de Deus”, e que o clube tenta “fazer justiça ajudando um ser humano”.
A apresentação oficial do Bruno no clube se deu no dia 14 de março de 2017. Ele vestiu a camisa com patrocinadores que já haviam deixado o clube e se negou a responder algumas perguntas em sua apresentação.
No dia 8 de abril de 2017, Bruno fez sua estreia pelo Boa Esporte contra o Uberaba. Seu time começou ganhando, mas no final da partida Bruno cometeu pênalti, que acabou cedendo o empate por 1×1. Mas a torcida do Boa gritou seu nome e o apoiou em determinados momentos da partida.No dia 25 de Abril de 2017 o STF revogou a sua soltura e Bruno teve que voltar para a prisão.
No dia 20 de Abril de 2017, o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a revogação da decisão que liberou o goleiro da prisão. Janot argumentou que o processo está demorando para ser analisado na segunda instância em razão de recursos apresentados pela própria defesa, que estariam postergando o julgamento.Por conta disso, no dia 25 de abril, após disputar 5 partidas pelo clube, Bruno voltou à prisão, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), pelo placar de 3 a 1. Na breve passagem de Bruno pelo clube, o Boa obteve duas vitórias e dois empates e sofreu uma derrota. Nestes cinco jogos, o goleiro, sofreu quatro gols com a camisa da equipe mineira.
Poços de Caldas
Em 13 de agosto de 2019, foi anunciado pelo presidente do Poços de Caldas, como um dos reforços da equipe para a disputa do Campeonato Mineiro de Futebol da terceira divisão em 2020. Acabou desistindo do negócio e o Operário de Várzea Grande iniciou as negociações.