De acordo com um levantamento da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESP), o número de homicídios aumentou quase 300% em Aripuanã, a 976 km de Cuiabá, após surgimento de garimpo ilegal na região. Ainda segundo a secretaria, de janeiro a agosto do ano passado foram registradas três mortes. No mesmo período deste ano, foram 11 assassinatos.
Segundo o delegado Henrique Espíndola, eles são os casos registrados oficialmente, pois existem muitas subnotificações. Ele afirmou ainda que há muitos registros de tráfico de drogas, porte e posse ilegal de arma de fogos, menores em casas de prostituição.
Alguns dos casos não chegam às autoridades, o que dificulta os cálculos e a dimensão exata dos índices de criminalidade na região.
Ainda de acordo com o delegado, a estrutura do garimpo propiciava muitos delitos. Além dos homicídios e do tráfico, a polícia investiga o comércio de produtos furtados, tentativas de homicídio e ameaças.
“A disputa pelas jazidas e pela sobreposição na extração pode ocasionar muitas brigas e, consequentemente, mortes”, destacou ele.
Mesmo com o encerramento da 2ª fase da Operação Trype, que possibilitou a desocupação do garimpo ilegal e a destruição dos maquinários e das cavas, os policiais vão permanecer na cidade por prazo indeterminado para garantir a ordem pública.
Os garimpeiros têm culpado a mineradora pela ação policial e chegaram a protestar em frente à sede da empresa, impedindo a saída dos funcionários. Eles também cortaram a energia do prédio.
Para conter os garimpeiros, foi necessária a atuação do delegado da Polícia Federal (PF), Carlos Henrique Dangelo, acompanhado por policiais federais, além de militares da Rotam e do Bope.
Polícia diz que homicídios aumentaram após surgimento de garimpo — Foto: Polícia Civil de Aripuanã(MT)
O garimpo
A estrutura montada em meio a floresta amazônica impressionou a polícia. Foram encontradas 25 retroescavadeiras, que eram usadas para escavar as encostas. Grandes geradores faziam a ventilação em crateras por onde garimpeiros desciam até 60 metros de profundidade para encontrar jazidas.
Imagens feitas do alto revelam o tamanho do estrago na região do garimpo. São quilômetros de mata devastada, onde, segundo a Polícia Federal, estavam vivendo cerca de 2 mil pessoas. Estradas foram abertas e casas construídas.
Cerca de 3 mil pessoas que viviam no local deixaram a área e máquinas foram queimadas — Foto: Secom – MT
Operação
Na segunda-feira (7), as Forças de Segurança deflagram a segunda fase da operação Trype. Desde então, 160 homens da Polícia Federal, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e de Forças de Segurança do estado estão no local.
Até o momento mais de 700 pessoas foram retiradas do garimpo. A maior parte foi levada para um parque de exposições da cidade. Equipamentos foram queimados e os buracos foram fechados com explosivos.
Só depois da desocupação total do garimpo é que os órgãos de controle ambiental vão poder entrar no local e avaliar o prejuízo causado ao meio ambiente.
Fonte: G1 MT