A Prefeitura do Ipojuca anunciou, nesta segunda-feira (29/12), a adoção de medidas imediatas após o episódio de agressão envolvendo um casal de turistas de Mato Grosso na praia de Porto de Galinhas, no litoral de Pernambuco. Os comerciantes se reuniram e criaram um vídeo se defendendo. Veja abaixo.
Entre as medidas tomadas pela prefeitura está a suspensão, pelo prazo de uma semana, da barraca envolvida no incidente e a comunicação formal à barraca para o afastamento imediato e preventivo dos garçons e atendentes envolvidos até a conclusão das investigações.
O caso ocorreu no último fim de semana, quando um casal de turistas foi agredido após entrar em confusão com barraqueiros por causa do preço cobrado por aluguel de cadeiras na praia, e ganhou repercussão nacional assim que os relatos e vídeos foram divulgados nas redes sociais pelos próprios turistas.
Depois de tomar conhecimento do episódio, a administração municipal informou que passou a acompanhar o caso de forma “direta”, “reforçando ações de fiscalização e adotando providências administrativas para garantir a apuração dos fatos e a preservação da ordem pública”.
Em nota oficial, a prefeitura declarou que repudia qualquer forma de violência e reafirmou o compromisso com a segurança, o respeito aos visitantes e a defesa dos direitos do consumidor.
Outras medidas anunciadas são:
- Reforço das ações de fiscalização na orla, com ampliação do efetivo da Guarda Municipal e da Secretaria de Meio Ambiente atuando na área.
- Intensificação da fiscalização para coibir práticas irregulares, como venda casada e exigência de consumação mínima.
- Reforço das ações de fiscalização quanto ao cumprimento do Código de Defesa do Consumidor, inclusive sobre a ação de pessoas que atuam de forma irregular como “flanelinhas”.
Segundo a prefeitura, as ações fazem parte de um conjunto de medidas que vêm sendo adotadas pela gestão municipal para “fortalecer a segurança, a organização do comércio de praia e a boa experiência dos visitantes”.
“A Prefeitura do Ipojuca seguirá atuando de forma integrada com os órgãos de fiscalização e segurança para evitar novos episódios e garantir que Porto de Galinhas continue sendo um destino turístico pautado pelo respeito e pela hospitalidade”, diz a nota.
Agressão a turistas
Em pronunciamento sobre o ocorrido, o casal que sofreu as agressões fez duras críticas à administração da cidade, dizendo que em Porto de Galinhas “Turista é tratado como lixo”.
“Gente, é isso aí, ó. Olhem o ano que vem se isso aqui melhorou, porque se não melhorou, não venham, tá? Não venham. Agora, a população é maravilhosa, a cidade, as praias são lindas. Infelizmente, não existe administração, não existe cuidado, não existe vigilância. O turista que é tratado como um lixo”, disse Cleiton Zanatta.
Segundo o casal de Mato Grosso, eles haviam adquirido o aluguel de barracas e cadeiras para passar o dia na praia. Ao acertar as contas, Johnny e Cleiton foram atacados por comerciantes por questionarem o preço cobrado pelo aluguel dos utensílios praianos.
Ainda de acordo com o casal, o valor final ficou quase dobro do preço combinado inicialmente. Quando Johnny disse que pagaria apenas o valor firmado, o comerciante se desentendeu com os turistas e partiu para a violência, arremessando uma cadeira sobre eles, seguida de outras agressões de colegas de trabalho, que se juntaram para bater no casal. (O Documento)
Comerciantes se defendem e negam homofobia em agressão a casal de MT

O episódio, que ganhou repercussão nacional após a divulgação de vídeos gravados pelas próprias vítimas, nas quais apresentam suas versões dos fatos. Nas imagens, é possível ver que ambos aparecem machucados após o episódio violento. Entre os relatos, há a suspeita de que os turistas tenham sido agredidos por serem homossexuais, hipótese negada pelos comerciantes.
Em uma postagem feita por um influenciador local que atua como vendedor na praia de Porto de Galinhas, diversos barraqueiros se defenderam das acusações e apresentaram versões diferentes da situação inicialmente relatada pelo casal. Eles negaram qualquer tipo de preconceito em relação à orientação sexual das vítimas.
“A história sempre tem dois lados, então aqui gente vai apresentar o nosso. Primeiro eu queria deixar claro que não existe cunho algum sobre homofobia. Não foi um caso de homofobia. Os caras estão tentando atrelar isso aí na história e não foi isso”, declarou um dos comerciantes.
De forma conjunta e por etapas, os envolvidos tentaram explicar suas versões do ocorrido. Segundo eles, o casal estaria consumindo bebida alcoólica, teria sido informado previamente de que o valor dos serviços seria de R$ 80 e não R$ 50 e já teria criado uma situação de indisposição com outra família que estava no local.
Uma comerciante afirmou que Johnny e Cleiton já estavam acomodados quando outros clientes chegaram. De acordo com o relato, o casal teria se incomodado com a posição em que os novos turistas se sentaram, alegando que isso prejudicava a vista.
“Quando o cliente chegou, gente abordou o cliente, o cliente ia sentar na frente. Quando a gente colocou as cadeiras para o cliente sentar, simplesmente ele pulou da cadeira dele para a cadeira da frente e disse que ninguém ficaria na frente deles”, contou.
Outro comerciante contou que, ao levar o cardápio aos turistas mato-grossenses, teria sido agredido por um deles, que não concordava com os valores cobrados e alegava que o espaço era público.
“Ele me agrediu, deu um mata-leão em mim”, afirmou, após relatar que antes do golpe também teria sofrido um tapa.
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), publicou um pedido de desculpas aos dois turistas de Mato Grosso em suas redes sociais. A gestora informou ainda que 14 pessoas envolvidas na agressão já foram identificadas e serão indiciadas em inquérito policial. (Leiagora)
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