Imagens vazam e revelam rotina de tortura em presídio de MT; Veja

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Vídeos que circulam em redes sociais e grupos de mensagens revelam cenas de violência e maus‑tratos a detentos na Penitenciária Dr. Osvaldo Florentino Leite Ferreira, em Sinop (MT), reforçando as constatações de um relatório da Corregedoria‑Geral da Justiça que documentou um padrão de tortura institucionalizada na unidade prisional.

As imagens que vazaram mostram detentos sendo submetidos a agressões físicas e psicológicas, em um contexto que reforça as graves constatações do relatório da Corregedoria‑Geral da Justiça do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). A inspeção realizada nos dias 29 e 30 de outubro, após denúncias de internautas e familiares de presos, apontou práticas de tortura, incluindo uso indiscriminado de spray de pimenta e disparos de balas de borracha contra reeducandos, além de posturas degradantes impostas por agentes penitenciários.

Segundo o documento produzido pelos juízes responsáveis pela inspeção, os detentos apresentaram cicatrizes e lesões compatíveis com agressões físicas em datas distintas, indicando que as práticas violentas não eram isoladas. O relatório também descreve a existência de um “poder paralelo” dentro da Ferrugem, marcado por desprezo às decisões judiciais e intimidação de autoridades que participaram da fiscalização.

Os vídeos — alguns exibindo agressões mais explícitas — ganharam circulação ampla, alimentando a indignação pública e acelerando a resposta institucional. Autoridades e especialistas ouvidos pela imprensa ressaltam que, se confirmadas, as cenas podem configurar crimes graves cometidos por servidores públicos contra pessoas privadas de liberdade, além de violar direitos humanos garantidos constitucionalmente.

A repercussão das imagens e do relatório levou o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), a anunciar a instauração de uma sindicância para apurar os fatos e responsabilizar os envolvidos. Em entrevista, ele afirmou que “não tem compromisso com o erro” e que, caso agentes do Estado tenham agido ilegalmente, serão punidos conforme a lei.

Organizações de direitos humanos, familiares de detentos e advogados criminalistas criticaram a situação, destacando a necessidade de transparência nas investigações e de proteção às vítimas. Demandas por respostas rápidas também foram encaminhadas ao Ministério Público Estadual e ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que acompanha casos de violação de direitos no sistema prisional.

Até o momento, as autoridades ainda não divulgaram informações detalhadas sobre a identidade de todos os agentes que aparecem nos vídeos, nem se houve prisão ou medidas disciplinares imediatas relacionadas às cenas vazadas. As apurações continuam em curso, com foco tanto no conteúdo das imagens quanto na veracidade das agressões documentadas no relatório da Corregedoria.

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(Folha do Estado)