Justiça suspende garimpo próximo ao Sararé e impõe multas de até R$ 80 mil

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A Justiça Federal em Cáceres determinou nessa sexta-feira (12), a suspensão imediata da autorização de um garimpo operado pela Cooperativa de Extração de Metais e Pedras Preciosas de Pontes e Lacerda (Cooperlima), concedida para uma área localizada a cerca de 130 metros da Terra Indígena (TI) Sararé. Além disso, foram fixadas multas que podem chegar a R$ 80 mil em caso de descumprimento da decisão.

Conforme o processo, a licença foi emitida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) de forma irregular. A determinação foi aplicada após a Defensoria Pública da União (DPU) entrar com a ação e ter manifestação favorável do Ministério Público Federal (MPF).

A DPU argumentou que a Sema-MT dispensou a exigência do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (Rima) ao permitir o funcionamento do garimpo. Também não houve consulta prévia ao povo indígena Katitãuhlu/Nambikwara, procedimento obrigatório previsto na Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Primeira Página procurou a Sema-MT pedindo um posicionamento, mas não teve retorno até a publicação.

Para a Defensoria Pública da União, o licenciamento simplificado desconsidera o cenário de conflito e emergência humanitária vivido no território indígena.

À reportagem também tenta contato com a Cooperlima.

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Desmatamento avanço com garimpos na região da Terra Indígena Sararé. – Foto: TVCA

Reincidência

A Cooperlima já havia sido autuada em agosto deste ano por exploração ilegal de garimpo dentro da TI Sararé. Na decisão, a Justiça ressalta que a cooperativa voltou a atuar na mesma região por meio de um licenciamento considerado frágil e sem o cumprimento das etapas legais exigidas para a atividade minerária.

Em caso de descumprimento da decisão, a Justiça Federal determinou que o Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais e Renováveis (Ibama) e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) apreendam máquinas e equipamentos usados no garimpo.

Rastro de destruição

O relatório Cartografias da Violência na Amazônia 2025 apontou que o avanço do garimpo ilegal é apontado como o principal fator por trás do desmatamento na TI Sararé.

Somente no último ano, a TI Sararé perdeu 28,65 km² de floresta, ficando no topo do ranking de áreas mais desmatados do país.

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Terra Indígena Sararé lidera ranking de desmatamento no Brasil. – Foto: Cartografias da Violência na Amazônia

Local de conflitos

Devido à presença de inúmero garimpos ilegais, a TI é marcada por diversos conflitos e operações policiais. No dia 12 de dezembro, a Polícia Federal, a Funai, a Força Nacional e a Secretaria Segurança Pública do Estado de Mato Grosso deflagraram a Operação Rondon – 7ª Fase para combater crimes de desmatamento ilegal, garimpo ilegal, comércio ilegal de ouro, organização criminosa e porte de arma de fogo na TI Sararé.

Com informações da Defensoria Pública da União. (Primeira Página)