Morte de líder do CV teria ‘aliviado’ famílias de residencial em Várzea Grande

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A morte de Bruno César Amorim Santos, de 38 anos, conhecido pelas alcunhas “Vasco” e “Véio”, e a prisão de outras pessoas trouxeram alívio – ao menos momentâneo – às famílias que moram na região do Residencial Isabel Campos, em Várzea Grande, afirmam os delegados Caio Albuquerque e Nilson Farias, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá.

Conforme os delegados, Vasco era o líder do Comando Vermelho na região, que atuava como uma espécie de estado paralelo e controlava os moradores pelo medo. “Eles não estavam sujeitos às regras da nossa legislação penal. São regras próprias, regras sanguinárias, onde as pessoas não têm direito de se expressar”, destacam.

Vasco foi morto na manhã dessa sexta-feira (05) pela Polícia Civil. Os agentes foram até a casa onde ele morava para cumprir um mandado de prisão temporária, mas o suspeito reagiu. Ele é apontado como o mandante da morte do alagoano José Walleffe dos Santos Lins, de 28 anos, ocorrida em agosto deste ano. Na ocasião, a vítima, a esposa, Ariane da Silva Cerqueira, de 27 anos, e o filho do casal, de apenas 1 ano, foram rendidos e sequestrados por membros do Comando Vermelho.

Segundo Nilson Farias, o sequestro de José e da esposa demonstram como funcionava o controle da facção criminosa na região. No dia, o grupo realizava um “salve” no meio da rua. A prática é utilizada pela facção para impor medo aos moradores. José saiu de casa apenas para “assistir” e acabou chamando atenção dos criminosos. “Ninguém sabia quem ele era até então. Essa curiosidade dele levou as pessoas a perceberem a tatuagem. Ele tinha bastante tatuagem”, conta.

“Quando começam a perguntar sobre as tatuagens, ele tenta correr, e é aí que a situação escala”, acrescenta. Uma das tatuagens era do “Tio Patinhas”. No mundo do crime, a tatuagem pode ser associada a ladrões de bancos, geralmente do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Intervenção do Estado

O delegado salienta, no entanto, que a morte de Vasco não “resolve” o problema da região e que a população local precisa, principalmente agora com o golpe sofrido pela facção, de apoio do Estado para que outro líder da organização criminosa não assuma o comando da área.

“Mesmo tendo essa operação, ainda vai precisar de muita intervenção do Estado para que aquelas pessoas possam viver de forma democrática, possam fazer suas denúncias. Porque, infelizmente, se uma pessoa mora naquela localidade e faz qualquer denúncia, está sendo sentenciada à pena de morte”, diz Nilson Farias. (RD News)