O presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, afirmou nesta terça-feira (2) que o clube prepara uma ampla reformulação para a temporada de 2026, com mudanças profundas no elenco e reforço ao processo de valorização das categorias de base. A medida, segundo ele, busca resgatar a identidade competitiva que marcou a ascensão do Dourado da 2ª divisão do Mato-grossense até a Série A do Campeonato Brasileiro. Para o cartola, jogadores perderam a motivação e a disposição em contratos longos, e alguns não esboçavam reações após as derrotas do time, que foi desanimando diante do desempenho irregular.
Dresch explicou que o planejamento inclui renovar cerca mais de 60% do elenco, movimento já iniciado após o fim da Série B deste ano. O dirigente afirmou que o time perdeu características que historicamente o tornaram difícil de ser batido e que eram perceptíveis até nas reações após derrotas. Para ele, a queda de desempenho e a acomodação de parte do grupo contribuíram para o distanciamento da identidade construída na última década.
“Era uma equipe que buscava o resultado até o último minuto, uma equipe difícil de ser batida, essa foi uma característica que a gente adquiriu na Série A, um respeito que a gente tem a nível nacional hoje, e a gente perdeu, eu falei também esses dias que teve alguns momentos dentro do vestiário que você entrava ali depois de uma derrota e não via uma reação, nada, um ânimo na cara dos atletas, então acho que, como eu falei agora há pouco também, são coisas que acontecem, é um processo natural do futebol que a gente tem que fazer o mais rápido possível esse resgate, a identidade do clube”, ressaltou.
Ao comparar temporadas anteriores com a de 2025, Dresch citou a perda da capacidade de decidir jogos nos minutos finais, marca registrada do time em campanhas recentes. “Quem acompanha o Cuiabá há muito tempo sabe que dificilmente a equipe perderia um jogo depois dos 45 minutos. O Cuiabá sempre foi uma equipe aguerrida, que buscava o resultado até o último minuto”, afirmou.
A permanência na Série B, selada com antecedência e acompanhada por uma das campanhas mais irregulares e frustrantes da história recente do clube, acelerou as decisões da diretoria. A equipe ficou a oito pontos do acesso, foi eliminada na primeira fase da Copa do Brasil, trocou de técnico três vezes e perdeu o título estadual para o Primavera, caçula da competição.
Jogadores de maior projeção que estavam emprestados — entre eles Bruno Alves, Mateusinho, Lucas Mineiro, Alejandro Martínez, Juan Christian e Alisson Safira — já não compõem mais o elenco. Nas últimas rodadas, já não foram relacionados. Perdas de impacto, já que o lateral-direito Mateusinho foi o melhor atleta na posição, e Safira, que foi o artilheiro do time nas poucas partidas que disputou.
Em novembro, Dresch havia adiantado que os jovens ganhariam mais espaço. O movimento se intensificou na despedida da competição, quando o Cuiabá venceu o Criciúma na despedida da temporada por 1 a 0, com um gol de David Miguel, de 18 anos, que acertou um chute de longa distância no ângulo. O meia-atacante, que subiu ao profissional neste ano, avaliou que a base tem condições de ajudar no retorno à elite. “Tem vários jogadores da base que estão fazendo um papel importante. O clube está dando oportunidade e sempre vai aparecer mais”, disse.
David e o lateral-esquerdo Marcelo, de 20 anos, renovaram contrato até dezembro de 2028, em acordo que reforça a aposta em atletas formados no clube. Para Dresch, a preparação dessa nova geração é um dos pontos positivos da temporada. “A gente conseguiu revelar vários jogadores, preparar uma base já para o ano que vem. O foco é o resultado, o acesso, mas também resgatar a identidade que levou o Cuiabá lá em cima”, afirmou.
Entre os jogadores mais experientes, o volante Denilson destacou o empenho dos jovens e avaliou que a equipe falhou em momentos decisivos, mas manteve a competitividade. “Pode esperar a mesma garra. Esses moleques que entraram, você viu a entrega deles. Acho que foi no detalhe mesmo”, disse. Ele discordou da ideia de que o time tenha perdido sua identidade, mas reconheceu que pontos foram desperdiçados ao longo da campanha.
Dresch reforçou que o objetivo de 2026 é claro: buscar o acesso e reconstruir as bases competitivas do clube. “A gente vai tentar resgatar a identidade do Cuiabá. Não é fácil fazer futebol, principalmente com menos recursos que concorrentes, mas vamos em busca disso e vamos conseguir”, afirmou. (Olhar Direto)
