Trans acusada de adotar gatos para matar rompe tornozeleira e vira alvo de novo pedido de prisão

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Acusada está em liberdade, sendo monitorada por tornozeleira eletrônica. Foto: Reprodução/RMT

A  Associação Tampatinhas Cuiabá pediu mais uma vez a prisão de Larissa Karolina Silva Moreira, acusada de adotar e matar gatos em Cuiabá. O motivo do pedido é a comunicação de um novo rompimento da tornozeleira eletrônica e a prática de atos de coação e intimidação contra testemunhas, jornalistas e protetores de animais que acompanham o caso.

De acordo com a petição apresentada à Justiça nessa segunda-feira (24), a Secretaria de Estado de Justiça (Sejus), por meio da Central de Monitoramento, informou sobre as notificações do rompimento da tornozeleira e sobre a tentativa infrutífera de contato com Larissa.

“Diante da violação mencionada, tentamos contato com o monitorado, para agendar uma inspeção no equipamento, contudo, sem êxito”, diz trecho do comunicado da Sejus.

Diante da notificação de rompimento, a Tampatinhas, que atua no processo como amicus curiae, ou seja, colaborando com a Justiça, alegou que as medidas cautelares diversas da prisão são “absolutamente ineficazes para garantir a ordem pública e a conveniência da instrução criminal”.

No pedido, a associação relembrou o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que no último sábado (22) violou a tornozeleira e acabou sendo preso preventivamente.

“Recentemente, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, perdeu o benefício da prisão domiciliar por, entre outros motivos, tentar romper seu monitoramento eletrônico com um equipamento de solda, o que torna recentíssima jurisprudência superior em relação da gravidade a mera tentativa de rompimento da tornozeleira eletrônica, quiçá seu rompimento, como noticiado nos autos”, destacou.

Não é a primeira vez que a Central de Monitoramento comunicou o rompimento da tornozeleira de Larissa. No dia 17 de setembro, ela violou o equipamento e alegou à Justiça que teve um “surto psicótico agudo”. A versão, no entanto, foi questionada pela Tampatinhas, que citou uma gravação de áudio em que a acusada confessa que retirou o aparelho, porém motivada pela necessidade de realizar um exame de ressonância magnética, e não por abalo psíquico.

Um prontuário médico anexado ao processo também revelou que ela não possui doenças psiquiátricas.

Na época, um vídeo que mostra Larissa dançando em uma festa também foi usado como prova de que ela não possui nenhum problema mental.

“Tal narrativa, entretanto, é desmentida pelas provas ora juntadas. O prontuário médico da Sra. Larissa não apresenta qualquer histórico de doença psiquiátrica que embase a tese de um surto, tornando a justificativa, no mínimo, duvidosa e com indícios de simulação”, afirmou a associação.

Em relação aos atos de coação e intimidação, a acusada chegou a ser alvo de denúncias na polícia. Boletins de ocorrência foram registrados e também anexados ao processo.

“Os fatos demonstram que a investigada não apenas descumpre as medidas que lhe foram impostas, mas também age ativamente para obstruir a instrução criminal e enganar o Poder Judiciário”, destacou a associação.

O pedido de prisão aguarda apreciação do Juízo do Núcleo de Justiça 4.0.

Relembre o caso

Larissa Karolina Silva Moreira foi presa no dia 13 de junho deste ano, junto do namorado, em investigação conduzida pela Delegacia de Meio Ambiente (Dema). O casal era acusado de adotar animais em situação de vulnerabilidade para submetê-los a maus-tratos que resultaram na morte deles.

Na ocasião, três gatos mortos foram encontrados em uma área de mata próxima à residência de Larissa. Laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) apontou “indícios compatíveis de maus-tratos” em um dos cadáveres, localizado em saco plástico. O documento descreve lesões extensas na cabeça do animal, ferimentos na região perianal com possível trauma e presença de material plástico amarrado no pescoço.

Imagens de câmera de segurança também registraram Larissa deixando sua casa com uma sacola que, segundo a investigação, continha um dos gatos mortos.

O namorado dela foi liberado no mesmo dia por falta de evidências. Larissa permaneceu presa até 25 de julho, quando a Justiça determinou a soltura mediante medidas cautelares alternativas, como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de deixar a cidade, comunicar qualquer mudança de endereço e informar suas atividades regularmente. (Repórter MT)