Música, poesia, testemunhos de vida e teses afirmativas, entre outros temas, marcaram o Sarau Cultura da Consciência Negra, realizado na noite deste sábado, no saguão do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep) – área central de Cuiabá. Embora o dia 20 de novembro seja na próxima semana, o evento serviu para marcar a resistência dos negros de Mato Grosso e do Brasil.
Coordenado pela professora e atriz Bia Corrêa (Rosean Glória), o promotor de eventos Vicente Monte e a psicóloga Jéssica Costa, o Sarau ficou marcado também como um desafio para a reflexão da qualidade de vida (ou falta dela) para “o povo negro” mato-grossense.
É essencial destacar que, proporcionalmente, Cuiabá é a terceira Capital do país com maior incidência de afrodescendentes – atrás apenas de Savlador (BA) e São Luís (MA). O índice é apontado pelo Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
O sucesso foi tanto que o presidente do Sintep, Henrique Lopes com a vice-presidência, Maria Celma Oliveira, decidiram no ato realizar o próprio Sarau Cultural dos profissionais da educação.
Foram declamadas poesias por Vera Capilé, Bia Corrêa, Danilo Zaniratto, Otília Maria Teófilo e testemunho do trabalho da psicóloga Jéssica Costa. Na cena musical, o comando ficou com Marcos Silveira, Glaucos Monteiro e Vicnete Monge, com participações de Maria Clara Bertúlio e Paulinho.
Além do tradicional protesto, o Dia da Consciência Negra também é uma data de celebração. É uma oportunidade para reconhecer e valorizar as contribuições de negros e negras à sociedade brasileira, desde os tempos da escravidão até o presente.
Embora o Brasil tenha abolido a escravidão em 1888, a população negra ainda carrega as cicatrizes dessa história de opressão, e a luta por igualdade segue sendo um desafio diário. Neste dia, celebramos as conquistas, as vitórias, mas também reconhecemos as injustiças que ainda persistem.
A poetisa Bia Corrêa emocionou o público ao declamar “Ponto histórico”, de autoria do poeta e escritor Ele Semog (Luiz Carlos Amaral Gomes).
PONTO DE VISTA
Não é que eu
Seja racista…
Mas existem certas
Coisas
Que só os NEGROS
Entendem.
Existe um tipo de amor
Que só os NEGROS
Possuem,
Existe uma marca no
Peito
Que só nos NEGROS
Se vê,
Existe um sol
Cansativo
Que só os NEGROS
Resistem.
Não é que eu
Seja racista…
Mas existe uma
História
Que só os NEGROS
Sabem contar
… Que poucos podem
Entender.
(Ponto histórico – ELE SEMOG)








