O juiz Gabriel da Silveira Matos, da 2ª Vara Criminal de Várzea Grande, determinou a transferência de três dos quatro advogados que tentaram fugir do Centro de Ressocialização Ahmenon Lemos Dantas, na cidade, na área metropolitana de Cuiabá.
A decisão é de quarta-feira (5), e os três irão para a Penitenciária da Mata Grande, em Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá).
Serão transferidos Pauly Ramiro Ferrari Dorado, Paulo Renato Ribeiro, Nauder Júnior Alves Andrade. O advogado Fábio Monteiro permanece no presídio em Várzea Grande.
Na audiência de custódia, na quarta-feira, os quatro advogados falaram de episódios de agressões dentro da unidade prisional.
Eles cumpriam pena na sala de Estado-Maior, local destinado para prisão de advogados, juízes, promotores e membros das Forças Armadas.
Eles disseram que foram vítimas de tortura e maus-tratos por parte de agentes prisionais.
Pauly Ramiro alegou ter sido agredido pelo ex-diretor do presídio, Daniel Ribeiro Acosta.
Paulo Renato relatou ter recebido “chutes”; e Fábio Monteiro contou que foi atingido na perna e no braço.
Já Nauder Júnior alegou ter sido ferido na perna e o Ministério Público solicitou um exame complementar para apurar a lesão.
Na decisão, o juiz considerou que “a abordagem narrada pelos autuados […] em que teriam sido agredidos por agentes e colocados nus para revista, bem como o temor de novas agressões […] justifica a ação extraordinária de requisição de transferência dos presos”.
“[…] solicitar ao sistema prisional de Mato Grosso a imediata transferência de três dos custodiados, Pauly Ramiro Ferrari Dorado, Paulo Renato Ribeiro e Nauer Junior Alves Andrade, para Sala de Estado Maior da Penitenciária da Mata Grande em Rondonópolis”, decidiu.
A FUGA – Segundo a Secretaria de Estado de Justiça (Sejus), um policial que fazia a vigilância na torre ouviu barulhos suspeitos vindos da sala de Estado-Maior por volt de 1h de quarta.
A equipe de plantão foi acionada para verificar a movimentação e constatou que o ferrolho da grade do banho de sol havia sido danificado, indicando o início de uma tentativa de fuga.
Equipes de apoio da Polícia Penal e da Polícia Militar foram chamadas para reforçar a segurança.
No momento da revista, um dos detentos tentou avançar contra um policial, ameaçando as equipes que faziam a contenção.
Durante a inspeção, foram encontrados materiais ilícitos e evidências que comprovam a tentativa de fuga.
Os quatro presos foram encaminhados à Central de Flagrantes da Polícia Civil de Várzea Grande e autuados pelos crimes de associação criminosa e dano qualificado.
AS PRISÕES – Nauder Júnior foi condenado a 10 anos de prisão por tentativa de feminicídio contra sua então namorada, em 2023.
Após ela recusar relações sexuais, ele a espancou com uma barra de ferro e a agrediu por horas, sob efeito de cocaína. A vítima sobreviveu após pedir ajuda a vizinhos.
Fábio Monteiro cumpre pena de 22 anos de prisão pelo homicídio qualificado do investigador Anézio Dias da Silva, ocorrido em 2005, em São Paulo.
Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), ele deu apoio logístico ao crime e ajudou o grupo envolvido na execução.
Em setembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, negou o pedido de prisão domiciliar feito pela defesa.
Pauly Ramiro é investigado na Operação Patrono do Crime, que apura sua ligação com uma facção criminosa em Mato Grosso.
A investigação aponta que ele usava a profissão para repassar ordens entre membros do grupo, negociar armas e recuperar veículos roubados.
Já Paulo Renato Ribeiro está preso por injúria, calúnia e difamação.
Ele atuava como advogado autônomo e relatou na audiência que vive apenas de causas particulares. (Diário de Cuiabá)










