Meteorologista faz alerta preocupante para MT: Menos chuvas e risco para o agro (vídeo)

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Foto: Araguaia Notícias
O atraso das chuvas e o prolongamento da estiagem têm se tornado cada vez mais evidentes em Mato Grosso, estado que lidera a produção agrícola no país. E o que antes parecia uma anomalia climática pontual, hoje já desponta como tendência: o período chuvoso está ficando mais curto, e as temperaturas, mais extremas. A previsão para os próximos anos é preocupante, tanto para a qualidade de vida da população quanto para a sustentabilidade do agronegócio.

Para falar sobre o assunto o Agora Pod entrevistou Douglas da Silva Lindemann, meteorologista, professor e pesquisador da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O especialista alertou que as mudanças climáticas já são uma realidade e devem intensificar os desafios climáticos enfrentados por estados como o Mato Grosso.

“A gente tende no futuro as chuvas começarem cada vez mais tarde e tende a terminar ou cessar antes do prazo. E se a pensar assim em Mato Grosso, que é um estado dependente, quase onde está exclusivamente o setor agropecuário,  isso é um grande problema”, alertou.

“O que se projeta para o futuro é que o período de chuvas, que hoje vai aproximadamente de outubro a março, comece a ficar mais curto. As chuvas tendem a chegar mais tarde e cessar mais cedo”, afirma.

Esse encurtamento da janela chuvosa pode ter impactos severos na dinâmica agrícola do estado, que depende da previsibilidade do clima para garantir duas safras por ano.

“Se o plantio da soja atrasa, a cultura seguinte, seja algodão ou milho, também é comprometida. Isso pressiona o calendário agrícola e pode afetar a produtividade”, explica o pesquisador, que também é mestre em meteorologia agrícola.

Calor recorde e chuvas concentradas

Em setembro, a famosa “chuva do caju” ainda caiu sobre Cuiabá e outras cidades do interior, mas o calor intenso, com temperaturas acima dos 40°C, e a baixa umidade do ar dominaram o cenário. Para Lindemann, isso já é reflexo do aquecimento global, que tende a acentuar eventos extremos.

“O clima sempre variou, é normal termos anos mais quentes e outros mais frios. Mas quando essa variação se torna progressiva, indicando um aumento constante nas temperaturas ao longo das décadas, entramos em um processo de mudança climática”, explica.

Além do encurtamento do período chuvoso, outro ponto crítico é a concentração das chuvas em menos meses e de forma mais intensa. Segundo Lindemann, isso representa um desafio tanto para o planejamento urbano quanto para o manejo agrícola, já que pode resultar em enxurradas, erosão do solo e menor infiltração da água, um cenário que impacta diretamente a segurança hídrica e o risco de incêndios em períodos mais secos.

Projeções para as próximas décadas

Se os padrões atuais de emissão de gases de efeito estufa e uso da terra se mantiverem, o pesquisador acredita que a tendência é de agravamento. “Estamos falando de mudanças que se projetam para as próximas décadas, 10, 20, 30 anos. O aumento da temperatura média e a alteração no regime de chuvas não são mais hipóteses futuras, mas sim processos em curso”, ressalta.

Confira a entrevista completa abaixo:

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