Neste ano, quase 3 mil pessoas já denunciaram que foram vítimas do golpe do falso advogado, em Mato Grosso. Essa modalidade de crime, aplicada via rede social, ocupa o terceiro lugar no ranking de estelionatos, com 12% do total geral das ocorrências.
Aparece empatada com os golpes das falsas centrais de banco e de lojas.
Somente perde para os golpes de número de telefone e foto clonados usados para pedir Pix e compras via eletrônica em sites e envio de links falsos.
De acordo com dados do Observatório de Segurança Pública (OBS), órgão da Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT), 2.933 pessoas vítimas de falsos advogados formalizaram queixas, entre janeiro e agosto de 2025.
Em 2024, de dezembro a janeiro, quase 12 mil mato-grossenses sofreram prejuízo com esse crime.
Em Mato Grosso, os estelionatos por meios virtuais, popularizados com a denominação de golpe, cresceram 13%.
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Os golpistas utilizam as redes sociais para aplicar os golpes. OAB faz campanha, com apoio da Polícia Civil e outros órgãos, em Mato Grosso
Entre janeiro e agosto de 2024, a Polícia Civil recebeu 21.551 queixas de estelionato das mais diversas modalidades.
Esse número representa uma média de 2.690 ao mês. Ou, detalhando um pouco mais, 90 golpes ao dia.
Já neste ano, o número de vítimas saltou para 3.055 ao mês, o que significa 102 pessoas sendo enganadas, sofrendo prejuízo financeiro, a cada 24 horas.
No caso específico do falso advogado, a tática dos golpistas consiste em clonar ou criar perfil com foto e nome de um profissional verdadeiro.
Os golpistas indicam nome de advogado e escritório que coincidem com aqueles com os quais as vítimas realmente tinham relação contratual.
Na primeira mensagem, com texto bem amador, informam que a Justiça aceitou a petição e reconheceu os direitos pleiteados pelo cliente.
A partir daí, começa o “papo” sobre o dinheiro que deve ser adiantado, para que se possa dar prosseguimento à ação e assim obter o valor sentenciado.
A comerciária Ana Paula Pacheco de Jesus Oliveira, 45 anos, conta que a mãe, Ana Maria, de 70 anos, que havia ingressado com ação contra o INSS, sofreu um golpe de R$ 2 mil.
“Ela ficou tão envergonhada que não quer mais tocar no assunto”, conta.
“A mamãe diz que caiu no golpe porque usaram a foto e nome de um advogado que trabalhava no escritório do advogado dela”, explica a filha.
“Então, ela acreditou que era uma mensagem confiável e nem ligou no escritório de advocacia para confirmar”, lamenta a filha.
“Sabemos que esse dinheiro não será ressarcido. Não se sabe quem é o golpista, mas aprendemos a lição”, diz.
“Estamos relatando para que as pessoas fiquem mais atentas”, ensina ela.
AUDÁCIA E AGRESSIVIDADE – A forma como os golpistas se comunicam com suas vítimas em potencial indica audácia, agressividade e destemor.
A servidora pública L. A. S., 33 anos, bacharel em Direito, recebeu uma resposta, no mínimo, agressiva ao criticar os termos jurídicos do texto do golpista.
“Deveria estudar um pouco sobre Direito para se passar por advogado”, escreveu ela.
Em resposta, o criminoso respondeu: “Não quero ser advogado, sou bandido, sua vaca”.
Neste ano, em um evento em Manaus (AM), a presidente da Ordem dos Advogados em Mato Grosso (OAB-MT), Gisela Cardoso, cobrou medidas nacionais para coibir o avanço dessa modalidade de crime.
“O golpe do falso advogado é um problema que está atingindo toda a advocacia e a sociedade brasileira”, destaca Gisela.
Aqui, além de buscar apoio junto ao Ministério Público e Sesp, a OAB está somando esforços com a Polícia Civil para investigações e campanhas de conscientização da população.
A OAB-MT mantém campanha informativa permanente em seu site (www.oabmt.org.br), sob o título, a campanha “Golpe do falso advogado – saia do foco do golpista”.
Em uma cartilha eletrônica, o cidadão fica sabendo como os golpes são aplicados, como se prevenir, entre outras informações. (Diário de Cuiabá)