Fusão Petz-Cobasi debatida na Câmara a pedido de Gisela, leva CADE a realizar audiência para avaliar impactos no mercado

Fonte:

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica convocou uma audiência pública para debater a fusão entre as redes Petz e Cobasi, líderes do mercado de produtos para animais de estimação no Brasil. A audiência será realizada na sede do CADE, em Brasília, no dia 17 de outubro. A decisão veio depois da realização de audiência pública na Câmara Federal requerida pela deputada Gisela Simona(União), no dia 12 de agosto, de olho em ampliar a discussão sobre os impactos da fusão, que cria a maior companhia do setor de produtos e serviços para pets no Brasil.

A operação foi aprovada em junho, sem restrições, pela Superintendência-Geral do CADE, mas o caso foi reaberto pelo Conselho, sob a relatoria de José Levi Mello do Amaral Júnior, após a elaboração de estudo a respeito da estrutura do mercado pet físico e online. O objetivo foi entender melhor esta estrutura, ao igualmente realizar avaliação minuciosa sobre programas de fidelidade e sua influência nas compras, especialmente, em serviços como banho e tosa, que podem aumentar a concentração de clientes nas grandes redes.

O conselheiro recentemente se reuniu com a deputada federal mato-grossense para discutir as consequências desta junção. Sobretudo, como ela poderá gerar desequilíbrio concorrencial e afetar os consumidores, já que ambas têm forte presença física e digital.

A iniciativa no CADE de analisar, por meio de uma audiência, a fusão entre as redes Petz e Cobasi ocorre, historicamente, pela primeira vez. Assim, um posicionamento inédito, mesmo diante de casos complexos que já foram julgados anteriormente pelo órgão antitruste. A autarquia federal é vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, com a função de garantir a livre concorrência no mercado, atuando na análise de fusões e aquisições, investigando e punindo práticas anticompetitivas como cartéis e monopólios, e promovendo a cultura de concorrência no país.

Divulgação

A decisão de rever e debater a fusão entre as duas megaempresas, sob a relatoria do conselheiro José Levi Mello, em comum acordo com a deputada federal Gisela Simona, ganhou os principais veiculos de comunicação do país como a Folha de SP, Estadão, Valor Econômico, InfoMoney, O Globo, Poder360, Metrópoles e Veja.

Para a parlamentar – que faz parte da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados -, esta alta concentração de mercado pode reduzir a competitividade, aumentar preços, limitar escolhas, levar ao fechamento de pequenos estabelecimentos e padronizar serviços em detrimento da qualidade. Assim, a fusão pode ter impactos significativos para todos os brasileiros que têm um animalzinho de estimação em casa.

“A fusão entre as maiores empresas do setor é uma operação que vai trazer domínio de uma parcela significativa do mercado e isso levanta grandes preocupações sobre a livre concorrência e a liberdade de escolha dos consumidores. Assim, claro, a decisão do CADE de rediscutir esta união é motivo de muita comemoração, principalmente, sabendo que neste sábado, 4 de outubro, é o Dia Mundial dos Animais. Aliás, é sempre bom lembrar que o Código de Defesa do Consumidor impõem ao Estado e à sociedade o dever de assegurar práticas de mercado justas e transparentes”, ainda afirma a deputada Gisela Simona.

Sob este mesmo olhar, vários especialistas já teriam antecipado que a união da Petz e Cobasi poderia criar um cenário de alta concentração de mercado, assim, resultar na redução de opções para os consumidores dos produtos pets e, sobretudo, causar elevação nos preços para as empresas menores. Sem falar na possibilidade de redução da diversidade de produtos e serviços.

O encontro será presencial, com transmissão ao vivo pelo canal oficial do CADE no YouTube.

Entenda a fusão

A fusão foi anunciada em agosto de 2024, sendo implementada por meio da incorporação de ações, tornando a Petz subsidiária da Cobasi. O acordo foi aprovado sem restrições pela Superintendência-Geral no início de junho de 2025.

De acordo com as empresas, o objetivo é permitir a redução do preço ao consumidor, oferecer melhor atendimento e um portfólio mais completo de produtos e serviços, por meio da junção de lojas e e-commerce, aumentando pontos de venda e entregas. Os acionistas da Petz vão receber 52,6% das ações da nova empresa e os acionistas da Cobasi 47,4%, com previsão de faturamento de R$ 7 bilhões