Testemunha diz que professor apalpava alunas do IFMT em aulas de educação física

Fonte:
Os casos de importunação ocorreram no campus Coronel Octayde Jorge da Silva, em Cuiabá

O professor de Educação Física do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), campus Cuiabá, afastado após denúncias de assédio sexual contra ao menos 24 alunas, já vinha sendo observado com atitudes consideradas “estranhas” com as meninas dentro da instituição.

Em entrevista ao Repórter MT, uma fonte, que preferiu não se identificar, disse que o docente aproveitava os treinos de vôlei para segurar as adolescentes de forma imprópria, chegando a apalpar algumas delas. Também mantinha as aulas em um espaço chamado “fornão”, onde, de acordo com a fonte, fazia questão de manter o portão sempre fechado, impedindo que pessoas de fora vissem o que ocorria.

A gente via ele pegando as meninas, posicionando e apertando a cintura delas. Não era orientação de professor, era diferente”, disse a testemunha.

Ele falava para posicionar as alunas para que ficasse melhor na atividade, mas apertava a cintura delas e manipulava as estudantes para ‘produzir melhor’. Toda vez que tinha aula, o portão estava fechado. Isso só acontecia nas aulas dele. Ele mantinha as aulas fechado no espaço, e a gente percebia as alunas incomodadas. Algumas tentavam se afastar, outras não, pela inocência ou pela vontade de fazer parte do time”, acrescentou.

Ainda conforme o relato, a situação teria se repetido nos últimos 12 meses. A fonte também relatou que o ambiente possuía câmeras antigas, com falhas de imagem e sem áudio, e em alguns pontos estratégicos não havia qualquer registro, o que tornava difícil observar ou registrar os atos. Ela também apontou que a conduta inadequada do professor se estendia há pelo menos 12 meses, mas colegas e a direção da instituição aparentemente faziam “vistas grossas” em relação às ações do educador.

O afastamento só ocorreu após o caso vir à tona na imprensa, diante de pressão de mães de alunas que denunciaram formalmente as atitudes do docente. Até o dia 30 de setembro, o professor teria sido visto dentro do campus acompanhado de seu advogado, tentando abordar estudantes que haviam feito as denúncias, numa ação considerada intimidadora por familiares das vítimas.

Flagrado filmando

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o mesmo professor aparentemente utilizando o celular para registrar adolescentes durante uma atividade na piscina. A gravação reforçou denúncias feitas por ao menos 24 estudantes contra o servidor por assédio sexual.

Nas imagens ele aparece sentado próximo à piscina, com o aparelho apontado em direção aos jovens (Veja vídeo abaixo) Segundo relatos registrados em boletim de ocorrência, o educador costumava fotografar as nádegas das estudantes sem consentimento, observar de maneira imprópria as alunas em momentos de troca de roupa e até sugerir que fossem às aulas com roupas curtas.

Outro lado

Procurado pela reportagem, o IFMT informou que o professor está suspenso de suas funções e não tem autorização para entrar no campus por 60 dias.

Na portaria de afastamento do professor, consta que ele não tem permissão de entrar no Campus nos próximos 60 dias. O professor já está ciente disso, e a equipe de segurança do Campus também foi informada sobre isso. Enquanto estiver em andamento a investigação do PAD, ele não tem acesso ao prédio e nem ao sistema eletrônico do IFMT”, diz o comunicado.

A Polícia Civil e a Polícia Federal investigam o caso após denúncias das mães. (Repórter MT)