Os números de registros da Covid-19 apresentaram alta no mês de setembro, de acordo com a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde (SES), Alessandra Moraes. No mesmo mês, a nova variante da doença, a XFG, conhecida como variante da “rouquidão”, chegou ao Estado de Mato Grosso.
De acordo com o painel de monitoramento da doença em MT, 11.670 casos e 24 mortes já foram registrados neste ano.
Ao MidiaNews, a superintendente afirmou que a alta de casos se dá por conta da estação e das mudanças de temperatura.
“Nós estamos entendendo que isso tem se dado por conta de uma mudança de temperatura, de clima, mudança de estação, finalização do inverno, início da primavera. Há nesse momento um aumento de casos”, afirmou.
No entanto, os casos devem aumentar ainda mais no final do ano e início do próximo, por causa da grande aglomeração de pessoas em comemorações e férias escolares.
Acompanhamento
Por isso, a ocorrência de casos da XFG deve ser acompanhada, como afirmou a superintendente. A doença é como uma ramificação da variante Ômicron do vírus, e causa os mesmos sintomas clássicos gripais, mas com o adicional da rouquidão, que permanece na pessoa por vários dias.
A possibilidade de agravamento também é a mesma, conforme Alessandra, assim como o grupo vulnerável, idosos e crianças menores de um ano.
“A população precisa entender que a Covid não deixou de existir, ela continua acontecendo. É claro, nós saímos dos níveis de pandemia, mas a doença continua e em muitos casos ainda leva a óbito, principalmente populações vulneráveis como os idosos, que têm outras doenças de base, e as crianças menores de um ano”, disse.
A superintendente afirmou que esses dois grupos ainda são uma grande preocupação da SES em relação à Covid-19, independente da variação. Os dados da vacinação para as crianças são baixos.
Mato Grosso tem apenas pouco mais de 250 doses aplicadas em crianças menores de um ano de janeiro até o momento, o que é muito pouco no cenário de crianças que deveriam receber a dose de defesa da doença.
De acordo com dados do Registro Civil, de outubro do ano passado até março deste ano (o que corresponde a crianças de 6 a 11 meses de idade) nasceram 27.702 crianças, o que significa que menos de 1% (0,9%) delas foram vacinadas contra a Covid-19.
A cobertura ideal para a faixa etária é de 95%, conforme a Secretaria.
Além disso, na maioria dos casos a população acaba por tratar a Covid-19 como uma gripe comum e não busca uma unidade de saúde até que os sintomas piorem. Isso causa problemas tanto para a pessoa quanto para os demais que convivem com ela.
Alessandra afirma que os profissionais de saúde, em muitos casos, já pegam pacientes com casos graves, já que eles consideraram a doença como uma gripe comum.
Outro problema que isso causa é a subnotificação do vírus em Mato Grosso, porque as pessoas não buscam ajuda médica.
“É uma doença que precisa de um monitoramento contínuo. Nós estamos sempre com a atenção em alerta em relação a Covid, enfatizando a todo tempo para todas as Secretarias Municipais de Saúde a importância da vacinação. Ela é a melhor forma de prevenir a Covid-19”, afirmou.
Falta de procura de vacinas
A superintendente afirmou que houve uma baixa muito grande em relação à vacinação em todo o Brasil, e ainda mais em Mato Grosso.
Além disso, há a preocupação com os dados de vacinação infantil, que estão bastante reduzidos, mesmo com a obrigatoriedade da vacinação no público.
“Desde o início do ano é obrigatória a vacinação, faz parte do calendário vacinal da criança menor de um ano. E ainda assim nós temos pouca vacinação, pouca procura, muitos pais ou responsáveis não querem que seu filho seja vacinado. Isso tem sido uma dificuldade”, disse.
Alessandra afirmou que esse índice também é um reflexo da desinformação da população acerca da vacina contra o vírus.
“Infelizmente a gente enfrenta sobre essa vacina muitas fakes e isso colabora muito para que as pessoas não se vacinem. Então é importante que se você tem dúvida procure um profissional de saúde confiável que possa te esclarecer sobre a eficácia da vacina”, afirma.
“E, em caso de apresentar sintomas gripais, faça uso da máscara e busque uma unidade de saúde para receber um diagnóstico, tratamento correto em relação a doença”, disse.
No entanto, a superintendente esclareceu que apesar de a nova variante da rouquidão estar presente no estado, a Covid-19 não está fora do controle da saúde. “Apesar da descoberta dessa nova variante não há motivo para pânico porque a doença tem permanecido aí dentro dos patamares que a gente vem observando de anos anteriores”, finalizou. (Midianews)