Filme de MT vence o principal prêmio do cinema nacional

A tradicional festa de entrega dos troféus Kikitos, prêmio máximo do Festival de Cinema de Gramado, aconteceu na noite deste sábado (23), na charmosa cidade da Serra Gaúcha. A 53ª edição do evento chegou ao fim com a vitória de “Cinco tipos de medo”. O diretor, roteirista e montador cuiabano Bruno Bini comemorou os primeiros Kikitos conquistado por um filme de
Mato Grosso.

Além do prêmio principal de melhor filme, “Cinco tipos de medo” foi o longa com o maior número de Kikitos da noite ao lado de “Papagaios”, de Douglas Soares. As produções conquistaram quatro Kikitos cada. Já “Nó”, de Laís Melo, e “A natureza das coisas invisíveis”, de Rafaela Camelo, levaram cada um três estatuetas.

‘Cinco Tipos de Medo’ parte de um caso real ocorrido na periferia de Cuiabá, para levar as telonas uma história mistrura tensão, afeto e escolha morais. O filme marca a estreia da cuiabana Bella Campos – a Fátima de ‘Vale Tudo’ – e do rapper Xamã nos cinemas. O elenco principal traz também João Vitor Silva, Rui Ricardo Diaz e Bárbara Colen.

O festival chegou a sua noite de premiação sem um favorito absoluto na mostra competitiva principal de longas-metragens de ficção, muito diferente da edição do ano passado, que chegou ao final com favoritismo posteriormente confirmado de “Oeste outra vez”, de Erico Rassi. Os vencedores foram definidos por júri formado pelo ator Edson Celulari, a atriz Isabel Fillardis e os cineastas Sergio Rezende, Fernanda Lomba e Petrus Cariry.

A noite começou com o prêmio de melhor montagem conquistado por “Cinco tipos de medo”. Na sequência de prêmios técnicos tivemos estatuetas para “Papagaios” (melhor direção de arte e melhor desenho de som), “A natureza das coisas invisíveis” (melhor trilha sonora) e “Nó” (melhor fotografia).

Em um dos momentos mais emocionantes da noite, Aline Marta Maia subiu ao palco para receber o Kikito de melhor atriz coadjuvante por “A natureza das coisas invisíveis”. O ator e músico Xamã começou com tudo sua carreira cinematográfica. O compositor de hits com “Leão” e “Malvadão 3” foi o vencedor do Kikito de melhor ator coadjuvante pelo trabalho em “Cinco tipos de medo”, seu primeiro trabalho no cinema.

— Queria dedicar esse prêmio a minha mãe. Sempre tive o sonho de fazer cinema. Estou muito feliz — disse Xamã, que agradeceu ao diretor Bruno Bini por lhe abrir as portas no cinema.

Após o prêmio para o estreante, o veterano Gero Camilo subiu ao palco para receber o Kikito de melhor ator por “Papagaios”. Em um ano repleto de grandes atuações femininas, Malu Galli, por “Querido mundo, foi a vencedora na categoria de melhor atriz. Ela recebeu a mensagem diretamente do set de “Vale tudo”.

— Estou muito surpresa e feliz. É um filme muito especial. Agradeço muito o Miguel (Falabella) pela oportunidade — disse a tia Celina do folhetim da TV Globo em mensagem de vídeo, que não pôde comparecer à cerimônia por conta das gravações.

Laís Melo, por “Nó”, foi a vencedora do Kikito de melhor direção. O filme também levou o troféu do prêmio da crítica. Confirmando uma noite de divisão de prêmios, “Sonhar com leões” recebeu uma menção honrosa, enquanto que “A natureza das coisas invisíveis” levou o Kikito de Prêmio Especial do Júri.

Os premiados do Festival de Gramado começaram a ser anunciados na sexta-feira (22), quando foram entregues os Kikitos nas mostras de longas gaúchos e de curtas-metragens nacionais. “Quando a gente menina cresce”, de Neli Mombelli, sobre a passagem da infância para a adolescência de meninas de uma escola pública na periferia de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, foi o grande vencedor dentre os longas gaúchos. Além do prêmio de melhor filme, a produção venceu ainda o prêmio do júri popular e uma menção honrosa para seu jovem elenco feminino. Dirigido por Bárbara Paz, ““Rua do pescador n° 6”, documentário sobre as enchentes no RS no ano passado, deixou a premiação com dois troféus: melhor desenho de som e trilha musical.

A produção paulista “FrutaFizz”, de Kauan Okuma Bueno, levou para casa o Kikito de melhor curta-metragem. Já o curta carioca “Samba infinito”, de Leonardo Martinelli, vencedor nas categorias de júri popular, melhor montagem e melhor direção de arte, e o paraense “Boiuna”, de Adriana de Faria, premiado como melhor direção, melhor atriz e melhor fotografia, foram os recordistas em estatuetas na noite, com três Kikitos cada.